INPE
28 de julho de 2016
Boia meteorológica do MCTIC, na Baía de Guanabara,para o monitoramento do tempo durante os Jogos 2016.
Crédito: Divulgação
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Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, do Rio de Janeiro, terão o apoio de previsões e serviços meteorológicos do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Mais de 20 modalidades esportivas dependem das condições de tempo para serem realizadas ou mesmo para se definir estratégias de competição, afirma o meteorologista do INPE Sergio Henrique Ferreira, responsável pelos desenvolvimentos e atividades do CPTEC para os Jogos.
"Alguns eventos esportivos poderão ser suspensos e reprogramados de acordo com as previsões", afirma Ferreira, assinalando a responsabilidade de fornecer previsões precisas neste grande evento internacional. Os serviços meteorológicos serão fundamentais também para garantir a segurança das instalações, dos atletas e do público.
Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos serão o maior evento na história do país, em termos de logística, envolvendo grande complexidade e que gerou diferentes demandas de serviços de previsão e monitoramento do tempo. "Graças ao esforço de cooperação entre nove instituições federais, estaduais e municipais, foi possível atender às necessidades e exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI)", destaca o meteorologista do CPTEC/INPE.
Há cerca de um ano esses centros vêm realizando um trabalho conjunto, com a APO (Autoridade Pública Olímpica), a fim de coordenar os esforços para atender os Jogos como um todo. Na distribuição de tarefas, o CPTEC ficou responsável pelas previsões numéricas de ondas, marés e correntes (disponíveis em http://esportes.cptec.inpe.br/sailing/en), enquanto o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) irá fornecer as previsões numéricas da atmosfera, além de coordenar e concentrar as informações das nove instituições a serem enviadas sistematicamente à plataforma de informações do COI.
Mais de 30 funcionários do CPTEC/INPE, das mais diversas áreas, incluindo meteorologistas, oceanógrafos, pesquisadores, técnicos, e especialistas em computação estão envolvidos nos preparativos e nas atividades operacionais de monitoramento e previsão de tempo durante os Jogos. "Na realidade, todo o CPTEC/INPE estará envolvido e ficará de prontidão nos próximos dois meses durante a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos", enfatiza Ferreira.
Meteorologistas do CPTEC/INPE, CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), INMET e INEA (Instituto Estadual Ambiental) foram destacados para atuar diretamente no apoio à realização dos Jogos. Dois deles, do CPTEC/INPE, estão desde o último dia 21 no Main Operational Center (Centro Principal de Operações), no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
No próximo dia 3, dois dias antes dos Jogos iniciarem, outros quatro meteorologistas, um do CPTEC/INPE, um do CEMADEN e dois do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) fornecerão briefings diários sobre o tempo no escritório da Marina da Glória, para apoio às provas de regata de vela.
Outros meteorologistas, do INMET e INEA, darão apoio à realização das provas de canoagem e remo na Lagoa Rodrigo de Freitas. Os meteorologistas fornecerão diariamente previsões nos períodos da manhã e da noite para o Comitê Olímpico e para os atletas.
Previsões Para a Vela
Na Marina da Glória, o foco principal serão as previsões de vento, de ondas, marés e correntes geradas pelo INPE para oito pontos de regatas de Vela dentro e fora da Baía da Guanabara. Ferreira destaca o grande esforço realizado pelo CPTEC para gerar, rapidamente, em menos de um ano, um sistema de monitoramento e de previsão para dar suporte e atender o Comitê Olímpico Internacional e os atletas velejadores.
Segundo o pesquisador do CPTEC/INPE, um dos principais desafios foi o desenvolvimento da simulação da dinâmica das correntes e ondas da Baía de Guanabara e do regime de ventos locais, que leva em conta o relevo acidentado e montanhoso da região. "A topografia ao redor da Baía canaliza os ventos e gera condições muito específicas de brisa. Compreender esta dinâmica e incorporá-la aos modelos é fundamental ao refinamento das previsões, em especial o momento exato da mudança da direção dos ventos, foco dos interesses dos velejadores", afirma.
As previsões serão geradas pelo modelo de ondas SWAN e, para correntes marítimas, pelo modelo ROMS, com resoluções espaciais variáveis, que chegam a até 100 metros. Para as previsões de tempo, serão utilizados os modelos atmosféricos COSMO, rodado pelo INMET, WRF (Weather Research and Forecasting Model), rodado pelo CPTEC/INPE, e o ETA, do próprio CPTEC/INPE, com resolução de 1 quilômetro.
Dados meteorológicos também serão utilizados para validar resultados de algumas provas, como de atletismo, que registram as condições atmosféricas durante a competição, explica Ferreira. O monitoramento da concentração de poluentes será feito pelo INEA e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), com dados coletados por suas redes de estações. Para complementar este serviço, foi solicitado recentemente ao CPTEC o serviço de previsão e monitoramento da qualidade do ar do modelo CAT-BRAMS, com resolução de 1 quilômetro. Devido ao curto prazo para implementá-lo, o modelo estará disponível somente no início das Olimpíadas.
Legado Meteorológico
Os desenvolvimentos na área de modelagem realizados pelo CPTEC/INPE deverão ser incorporados aos modelos regionais de previsão do tempo ETA e BRAMS, que cobrem a América do Sul. Segundo Sérgio Ferreira, os modelos utilizados nos Jogos, de alta resolução espacial, poderão ser reaproveitados para dar suporte a atividades portuárias da Baía de Guanabara e da aviação civil. Poderão ainda ser adaptados a outras regiões portuárias do país.
Outra área que se beneficiou com os desenvolvimentos para as Olimpíadas e Paraolimpíadas foi a de assimilação de dados em modelos numéricos de alta resolução. Foram feitos grandes esforços de assimilação de dados de radares meteorológicos e de dados de perfiladores de vento para "abastecer" modelos de previsão de alta resolução.
Ferreira explica que a assimilação de dados é uma das principais etapas do processo de geração da previsão numérica do tempo. O modelo de assimilação de dados gera as condições iniciais do tempo (análise), necessárias para iniciar o processamento do modelo da previsão de tempo. "Este trabalho deverá resultar em avanços consideráveis à área de previsão de tempo de curto prazo (nowcasting)", destaca Ferreira.
Além destes resultados pontuais, o esforço conjunto das instituições deverá propiciar novas cooperações, acrescenta o meteorologista. Além do INPE (CPTEC) e do INMET, participaram da construção e operação do sistema meteorológico dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, as seguintes instituições: o Instituto Estadual de Ambiente (INEA), Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), Departamento de Controle de Espaço Aéreo da Força Aérea Brasileira (DECEA), Sistema de Monitoramento da Cosa Brasileira (SIMCosta), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), Sistema Alerta Rio/Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio) e Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN).
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