quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Ordem do dia em comemoração ao aniversário do IAE

IAE
17 de outubro de 2016

Queridos amigos do IAE, 
Muitas pessoas me cobram: "Faz mais matérias sobre os lançadores, sobre o IAE...". Bem, tenho realizado muitas matérias sobre o Programa Espacial Brasileiro. No entanto, meu foco tem sido mais as ações do INPE e da AEB. Isto porque estou aguardando o Brig Otero, diretor do IAE, nos dar uma entrevista e autorizar o pessoal a fazê-lo também. Já enviei vários e-mails, mas até agora nem um "oi". E olha que a Agência Espacial Brasileira é um órgão civil. Imagina só se não fosse...

No Aniversário do IAE, nós do SindCT parabenizamos toda a força de trabalho!

Shirley Marciano

Brig. Otero, diretor do IAE

Aniversários são datas para a reflexão quanto ao que passou e ao que desejamos para o futuro. É o ano novo particular de cada um. Tempo de pensar em mudar, em melhorar no que for possível. E também de ficar alegre por tudo o que se alcançou e superou.

A reflexão do passado nos remete, inicialmente, a 1954, ano da criação do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento – IPD, segundo instituto deste campus, incumbido de realizar pesquisa e desenvolvimento em aeronáutica, eletrônica, materiais, sistemas e equipamentos especiais para aviação. Quinze anos após sua criação, em 1969, efetivou-se a transferência da tecnologia adquirida pelo Instituto em projeto de aviões para a indústria nacional, a cessão de toda a sua equipe técnica e administrativa, assim como do acervo da Divisão de Aeronaves, permitindo que a nova empresa assumisse sua posição de organização produtiva e centro de consolidação no desenvolvimento da indústria aeronáutica nacional.

Na área espacial, também na década de 1960, o Instituto iniciava as atividades que abrangiam desde o desenvolvimento de foguetes até a pesquisa e o desenvolvimento de material bélico, assim como de lançamento de foguetes de sondagem, juntamente com a indústria nacional. O lançamento do SONDA I, em 1967, inaugurou a caminhada espacial brasileira. Novamente, quinze anos após sua criação, também em 1969, pessoal e instalações do Departamento de Assuntos Especiais do Instituto foram cedidos para a ativação do Instituto de Atividades Espaciais – IAE.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, em plena crise do petróleo que se instalava no país, o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento enfrentou e superou o desafio de desenvolver testar e qualificar o motor automotivo a álcool, solução brasileira alternativa ao combustível fóssil, que viria alguns anos mais tarde, ser reconhecido como o combustível ecologicamente correto.

Neste mesmo período, o Instituto de Atividades Espaciais desenvolveu e lançou, em parceria com os centros de lançamento do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial – DCTA, 314 foguetes da família SONDA, o que permitiu ao Instituto e às empresas parceiras, desenvolver as tecnologias necessárias, porém não suficientes, para dar início ao projeto de um Veículo Lançador de Satélites nacional.

Também neste período, com o objetivo de reduzir a dependência nacional do armamento aéreo importado, o Instituto iniciou os projetos de nacionalização das bombas de fins gerais e o desenvolvimento de um míssil ar-ar nacional.

Doze anos após a ativação do Instituto de Atividades Espaciais, em 1981, a Divisão de Estudos Avançados, após grande avanço em desenvolvimento tecnológico e em ciência pura e aplicada, ganhava novas instalações e estava em condições mínimas de operar como Instituto, desligando-se da estrutura do IAE e transferindo-se para as instalações do atual Instituto de Estudos Avançados - IEAv.

Em 1991, a fusão do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento e do Instituto de Atividades Espaciais, criou o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço – IAE, com a missão de realizar pesquisa e desenvolvimento no campo aeroespacial e de defesa.

Ao longo das décadas de 1990 e 2000, o IAE continuou sua trajetória de pesquisa e desenvolvimento e fortaleceu as parcerias com Instituições de Ciência e Tecnologia – ICT do Brasil e do exterior.

Neste período trabalhou intensamente na elaboração de diversos Requisitos Técnicos, Industriais e Logísticos para as contratações da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate – COPAC. Assim foi com o projeto AL-X, com o projeto F-5M, com o projeto A-1M, com o programa FX-1 e tantos outros programas e projetos de interesse da Força Aérea. Prestou serviços técnicos especializados em seus 103 laboratórios nas áreas de aeronáutica, espaço e defesa, assim como para a investigação de acidentes aeronáuticos.

Na área de acesso ao espaço, o Instituto desenvolveu uma nova família de foguetes suborbitais, conseguindo, em 2009, a certificação de tipo do VSB-30, veículo atualmente produzido pelas indústrias aeroespaciais brasileiras e integrado pelo IAE, e que conta com vinte e dois lançamentos do Brasil e do exterior. Ainda durante este período o IAE despendeu extraordinário esforço para colocar na plataforma de lançamento do Centro de Lançamento de Alcântara três protótipos do VLS-1, nos anos de 97 – Operação Brasil, 99 – Operação Almenara e 2003 – Operação São Luiz.

Na área de defesa o Instituto desenvolveu, testou e certificou, sempre em parceria com o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial – IFI, diversos armamentos nacionais e transferiu para a indústria nacional toda a tecnologia desses sistemas de defesa. Participou de diversos programas de integração de armamentos em aeronaves, permitindo que os armamentos produzidos no Brasil pudessem ser empregados de forma segura e eficaz pela aviação da Força Aérea Brasileira.

Outros quinze anos se passaram após a fusão do IPD e do IAE, e em 2006, foi a vez da Divisão de Ensaios em Voo se emancipar. Pessoal, instalações e acervo da Divisão foram transferidos para o Grupo Especial de Ensaios em Voo, atual Instituto de Ensaios em Voo – IPEV.

Os desafios do século XXI, especialmente os da década de 2010, são agora de nossa responsabilidade. Mantendo o foco na missão de ampliar o conhecimento e desenvolver soluções científico-tecnológicas para fortalecer o Poder Aeroespacial Brasileiro, apoiado nas crenças e atitudes que personificam o IAE, representadas pelos nossos valores institucionais, continuamos a realizar Pesquisa e Desenvolvimento, a buscar a Inovação, a realizar Operações e a prestar Serviços Tecnológicos em sistemas aeronáuticos, espaciais e de defesa.

As parcerias com instituições de ensino e órgãos de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento permitem ao Instituto manter um Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq, que conta com a participação de 40 alunos de graduação em média, por ano. Este Programa prepara os alunos para a pesquisa científica e aprofunda seus conhecimentos na área de atuação de pesquisa do IAE.

O Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais, parceria entre o IAE, o IEAv e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, aprovado nos níveis de mestrado e doutorado em 2011 pela CAPES, prepara profissionais no mais alto nível de pós-formação para atuar nas áreas de interesse do Programa Espacial Brasileiro nas Instituições de Ciência e Tecnologia e nas empresas do setor aeroespacial.

A parceria com os Institutos de Ciência e Tecnologia do Exército e da Marinha, e com empresas nacionais, permitiu ao Instituto desenvolver o sistema de navegação, controle e guiamento para veículo aéreo não tripulado, tecnologia atualmente presente em produtos da indústria nacional, garantindo ao Brasil o domínio do voo autônomo.

A parceria com o IPEV e o IFI permite ao IAE manter a capacidade de desenvolver, testar e integrar sistemas de defesa às aeronaves da FAB e garantir que os pilotos operem sistemas de defesa seguros e eficazes.

A parceria com o ITA, IEAv e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, e com empresas nacionais, permitiu ao Instituto desenvolver o SISNAV, sistema de navegação para emprego espacial com tecnologia totalmente nacional.

As parcerias com Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento Internacionais permitem ao Instituto e a empresas nacionais o acesso ao processo produtivo inovador de tubos motores bobinados para os propulsores a propelente sólido do VLM-1, ao desenvolvimento do sistema de propulsão espacial a propelente líquido de 75 KN de empuxo, e participar do desenvolvimento do míssil de 5ª geração – A-Darter.

O projeto do Veículo Lançador de Microssatélites – VLM-1, desenvolvido em parceria com o Centro Espacial Alemão – DLR, prioridade do Programa Espacial Brasileiro, desperta interesse em outros possíveis parceiros internacionais, o que mostra que estamos desenvolvendo um veículo para atender ao mercado crescente de micro e minissatélites, e que não podemos perder a janela de oportunidade ora aberta. Na divisão de trabalho estabelecida para o projeto, o subsistema propulsivo, responsabilidade do IAE, está em vias finais de contratação da industrialização e produção de toda a série até a qualificação em voo do VLM-1, um total de oito propulsores, na indústria nacional.

E o futuro? Ao olhar nossa trajetória, reverenciamos todos os militares e servidores que souberam enfrentar e superar aqueles desafios e nos desafiamos. Nos desafiamos a enfrentar e superar os desafios do nosso tempo. Constatar que aqueles que nos antecederam, e nos, que estamos aqui há dez, vinte, trinta, quarenta anos, e que colaboramos para o fortalecimento da Força Aérea Brasileira, do Programa Espacial Brasileiro e do País, sempre atuando em parcerias estratégicas no Brasil e no exterior, nos tolhe o direito de questionar a trajetória de sucesso do sonho do Mal Casemiro Montenegro Filho. Mesmo sob severas restrições de toda ordem que acompanha as Instituições de Ciência e Tecnologia no Brasil, entregamos e entregaremos para a sociedade, profissionais especializados e pós-graduados nos setores aeroespacial e de defesa, transferimos e continuaremos a transferir para a indústria, a tecnologia que esta puder absorver, desenvolvemos e desenvolveremos projetos de interesse do Comando da Aeronáutica, do Programa Espacial Brasileiro e do Brasil.

Precisamos nos convencer que não acertaremos de primeira. Especificamos, projetamos, prototipizamos, ensaiamos, qualificamos e certificamos, juntamente com os demais Institutos deste Departamento, de outros órgãos do Comando da Aeronáutica, do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações e empresas nacionais, sistemas aeronáuticos, espaciais e de defesa, sempre de interesse do Comando da Aeronáutica, da Agência Espacial Brasileira e do Brasil.

Este é um caminho onde desenvolvemos, testamos, erramos, documentamos, corrigimos, testamos novamente, cometemos novos erros, continuamos a documentar, testamos mais uma, e quando estivermos quase desistindo devemos lembrar que somos eternos errantes. Estamos em constante crescimento. Só não cresceremos se tivermos o pensamento pequeno de achar que o amadurecimento é uma questão de tempo e virá junto com o passar dos anos. Como dito por Jackson Brown Jr, daqui a vinte anos estaremos mais arrependido pelas coisas que não fizemos do que pelas que fizemos. Então soltemos nossas amarras. Afastemo-nos do porto seguro. Agarremos o vento em nossas velas. Sonhemos. Exploremos. Descubramos e Inovemos.

Parabéns a todos os integrantes do IAE de ontem, de hoje e de sempre. Parabéns pelos sessenta e dois anos de desafios, sacrifícios e conquistas. Para sempre Aeronáutica, Espaço, Defesa, Brasil!

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