MCTIC
5 de outubro de 2016
Localizado nas montanhas do Chile, Telescópio Soar tem a melhor imagem entre os equipamentos da mesma categoria. Crédito: LNA |
Alunos do ensino fundamental e médio devem indicar um objeto astronômico para ser observado e fotografado pelo Telescópio Soar, no Chile. Concurso estimula o estudo da astronomia e desperta o interesse dos jovens pela ciência.
Estudantes do ensino fundamental e médio de todo o país têm até 15 de outubro para se inscrever no Concurso de Astronomia promovido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC). Para participar, o estudante deve indicar um objeto astronômico para ser observado e fotografado pelo Telescópio Soar, localizado nas montanhas do Chile. As escolas dos estudantes vencedores receberão a visita de um pesquisador do LNA, que irá proferir uma palestra sobre o laboratório, o Soar e o objeto astronômico escolhido.
No ano passado, a estudante Giovanna Ramon Neto, de 14 anos, conquistou o primeiro lugar na categoria ensino fundamental ao lado do colega Breno Casemiro. Alunos da Escola Municipal Sargento Everton Vendramel de Castro Chagas, localizada no município de Taubaté (SP), eles indicaram uma galáxia identificada pelo astrônomo americano Halton Arp. Como prêmio, conheceram as instalações do LNA em Itajubá, Minas Gerais, e o Observatório Pico dos Dias. Em 2015, foram recebidas propostas de 262 escolas do ensino fundamental. No total, 547 inscrições foram feitas no ano passado.
"Ter tido a chance de visitar a sede do LNA e o Observatório Pico dos Dias foi uma experiência memorável, além do que, é realmente incrível saber que um telescópio como o Soar dedicou uma pequena parte de seu concorrido tempo para se dedicar a uma proposta feita por nós. Eu só posso agradecer a toda a equipe que promove esse concurso e oferece essa magnifica oportunidade para os jovens brasileiros. Foi uma experiência incrível, surpreendente ganhar, e o concurso nos permite adquirir novos conhecimentos", revela a estudante que pretende se tornar astrônoma.
"Eu pretendo seguir carreira em física, com pós-graduação em astronomia, e quem sabe, ter a oportunidade de, um dia, trabalhar pesquisando e estudando esse magnífico, imenso e mágico universo que nos rodeia. A ciência nos permite ultrapassar fronteiras, ela nos dá a chance de conhecermos a nós mesmos e o meio em que vivemos, nos mostra o quanto somos insignificantes e grandiosos ao mesmo tempo. E pensar que o que conhecemos não compõe nem uma fração de tudo o que realmente existe, mas a ciência nos oferece a oportunidade de querer desvendar todo esse saber oculto, e é isso o que a torna esplendorosa", acrescenta.
Com o apoio do professor de geografia Felipe Machado dos Santos, os dois alunos encontraram o atlas de galáxias peculiares e garimparam, entre mais de trezentos objetos, um que pudesse compor o projeto. O escolhido foi a "Galáxia Arp 22".
"A elaboração de nossa proposta para o concurso foi um trabalho que se desenvolveu ao longo de dois meses. Um trabalho muito difícil, diga-se de passagem, pois a escolha do objeto astronômico envolveu um intenso trabalho de ‘garimpagem cósmica'", explica Santos.
Segundo ele, era preciso encontrar um objeto que tivesse apelo visual, mas que também oferecesse o ensejo para um bom texto. "Foi através deste esforço que tomamos conhecimento de um catálogo de galáxias muito interessante: o Atlas de Galáxias Peculiares, produzido pelo já falecido astrônomo americano Halton Arp. Tal catálogo passou a ser nossa fonte de possibilidades, pois além de apresentar galáxias de formas belas e incomuns e oferecer relevância científica, poderia proporcionar a chance de homenagear o trabalho do cientista".
Para o professor, iniciativas como o Concurso de Astronomia para Estudantes do LNA são de grande relevância para a divulgação e o ensino de ciências nas escolas brasileiras. "Com certeza é um concurso científico que deve ter sua divulgação ampliada para que mais e mais alunos e professores se sintam encorajados em participar. Em nossa experiência adquirida na participação do concurso, e nos desdobramentos que todo o trabalho teve, ficou nítido o impacto para a formação de nossos dois alunos. Mais confiantes e autodidatas, Breno e Giovana são alunos que apresentam destacado desempenho escolar e que inspiram outros colegas pelo exemplo. Tanto é assim que neste ano provavelmente teremos duas duplas participando do concurso do LNA", conta Santos.
No dia 29 de setembro, como parte do prêmio, a Escola Municipal Sargento Everton Vendramel de Castro Chagas, recebeu a visita do astrônomo do LNA, Maximiliano Faúndez Abans, que entregou a imagem da galáxia Arp 22 produzida pelo Telescópio Soar aos alunos Giovanna e Breno.
Telescópio Soar
O Soar (Southern Astrophysical Research Telescope, em inglês) tem abertura de 4,2 metros e foi projetado para produzir imagens de qualidade melhor que as de qualquer outro observatório do mundo em sua categoria. Situado em Cerro Pachón, uma montanha dos Andes Chilenos com altitude de 2.700 metros acima do nível do mar, o equipamento foi financiado por um consórcio entre o Brasil (representado pelo MCTIC), o Observatório Nacional de Astronomia Óptica (NOAO, na sigla em inglês), a Universidade da Carolina do Norte (UNC, na sigla em inglês) e a Universidade Estadual de Michigan (MSU, na sigla em inglês).
O Brasil é o parceiro majoritário, com direito a 31% do tempo de observação. O LNA é o escritório brasileiro do Soar, sendo responsável pelo gerenciamento do acesso dos astrônomos nacionais ao equipamento e pelas operações científicas do tempo brasileiro.
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