O Globo
Paula Ferreira
16 de junho - 18h37
Divulgação |
RIO — "O governo tem plena convicção que o MCTIC (Ministério da Ciência Tecnologia Inovação e Comunicações) veio para ficar e existe total sinergia entre as ações das comunicações e da ciência". A argumentação foi feita pelo ministro Gilberto Kassab, nesta quinta-feira, após uma reunião com pesquisadores na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio, e contrariou as expectativas dos cientistas, que lutam contra a fusão das pastas. Na ocasião, Kassab foi questionado sobre a escassez e possível congelamento de recursos e afirmou que pretende lutar para alcançar 2% do PIB para investimentos na área.
— Vou trabalhar para que os recursos cheguem a 2% do PIB. O descontingenciamento da Ciência e Tecnologia foi o mais significativo. Estamos nos mobilizando para recuperar o projeto orçamentário — disse Kassab.
Apesar de tentar transmitir otimismo à comunidade científica, o ministro foi amplamente questionado sobre como irá melhorar a situação da área se o governo pretende aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que contingencia o gasto público por 20 anos. Kassab afirmou que tentará trazer a Ciência e Tecnologia para o centro das prioridades.
— Ao longo dos últimos anos a Ciência teve redução de sua prioridade. Em um momento em que a economia vai mal todos perdem, mas quem mais perdeu foi a ciência — disse, alegando está disposto a reverter o quadro.
Para o presidente da ABC, Luiz Davidovich, a situação é grave e manter uma postura de contingenciamento pode conduzir o Brasil para um cenário de difícil recuperação:
— Se o orçamento não for recuperado em prazo curto vamos ter uma situação que terá repercussão internacional. No momento em que institutos de pesquisa do Brasil conhecidos internacionalmente começarem a fechar as portas isso vai ganhar manchetes internacionais. Assim como já ganhou manchetes essa fusão de ministérios.
No encontro, o ministro também foi questionado sobre uma possível ajuda federal às universidades estaduais, que sofrem com a crise do Governo do Rio. Kassab não sinalizou o repasse de nenhum tipo de recurso, disse apenas que caso a verba venha será destinada para o estado como um todo e não apenas para as universidades.
— A questão do Rio que preocupa a nós brasileiros é uma questão de governo. O governo como um todo está analisando, porque isso não implica apenas uma preocupação com as universidades, mas com a Saúde, a Educação, a infraestrutura, o salário dos demais funcionários— comentou.
Ruy Garcia Marques, reitor da Uerj compareceu ao encontro e disse que chegou a conversar em particular com o ministro sobre o caos instalado na instituição, que vive sua pior crise na história. De acordo com ele, no entanto, a resposta de Kassab foi a mesma:
— Cheguei a conversar com o ministro antes e ele acabou tocando novamente no assunto. Quualquer ajuda que seja dada ao estado não é específica da Ciência e Tecnologia, mas vindo uma ajuda geral para o estado certamente afetará positivamente nossas universidades que estão passando por necessidade.
O reitor disse ainda que não há perspectiva de retorno das atividadaes na Uerj, mesmo que a greve dos três segmentos (professores, funcionários e alunos) termine.
— Não adianta a greve acabar e a universidade não ter condições de retomar suas atividades. É sabido que para o custeio da universidade não houve repasse ainda nesse ano de 2016, o único repasse foi em relação à folha salarial e a bolsas, no que se refere ao hospital Pedro Ernesto foi repassado algum tipo de recurso — explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva sua mensagem.