15 de junho de 2016
Direito de resposta ao Sr. César Celeste Ghizoni e comentários do autor do artigo
O blog SindCT Espacial divulgou no dia 6 de junho artigo do diretor de Comunicação e Cultura do SindCT, Gino Genaro, intitulado "Candidato à direção do Inpe é contemplado em edital de subvenção do próprio instituto". No desenvolvimento de seu argumento, o autor citou nominalmente, como exemplo, o fato de um dos prováveis nomes escolhidos para a lista tríplice de "diretoráveis" do Inpe, Sr. César Celeste Ghizoni, ter sido contemplado com uma verba de subvenção por meio de edital lançado pela Fapesp/Finep, em projeto onde o próprio Inpe atuará na fiscalização e acompanhamento técnico das atividades desenvolvidas. No dia 8 de junho o blog recebeu uma carta do Sr. Ghizoni solicitando que sua resposta fosse publicada em contraponto ao artigo mencionado, o que fazemos a seguir.
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Direito de resposta
Este SindCT Espacial publicou no dia 6/6, artigo assinado pelo Sr. Gino Genaro, com o título “Candidato à direção do Inpe é contemplado em edital de subvenção do próprio instituto”, em que sou citado.
Com o objetivo de condenar o processo sucessório na direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que segundo o articulista, trata-se de "jogo de cartas marcadas" para favorecer interesses pessoais em detrimento dos interesses públicos.
Não vou entrar no mérito desta afirmação nem tampouco fazer ilações sobre as motivações que o levaram a fazer tais afirmações, pois não o conheço, não sei o que pensa, nem ao menos imagino quem ele gostaria que fosse o escolhido para dirigir o INPE.
Preocupa-me, isto sim, que meu nome tenha sido incluído na matéria por motivos de suspeição sobre o processo sucessório.
Segundo o escriba,
“Esta interferência no processo sucessório do Inpe para favorecer interesses privados veio à tona de maneira mais explícita esta semana, quando a Fapesp divulgou o resultado da "chamada de propostas de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias e produtos para aplicações espaciais". Dentre as empresas e empresários contemplados com subvenções no edital encontra-se o Sr. César Celeste Ghizoni, representante da empresa Equatorial Sistemas S.A., e um dos nomes escolhidos pelo Comitê de Busca para compor a lista tríplice de "diretoráveis" encaminhada ao ministro do MCTIC. Aliás, nos bastidores, comenta-se que Ghizoni teria sido indicado como o primeiro nome da lista”.
Muito me honra a informação de bastidores que norteou o referido senhor, mas estes mesmos bastidores não me segredaram segredo algum. Assim sendo, ainda aguardo, com expectativa de um ex-servidor do INPE, a nomeação daquele que vai dirigir nos próximos quatro anos esta instituição que admiro, servi por tantos anos e da qual tenho orgulho em dizer, também ajudei a engrandecê-la.
Porém, o motivo que me leva solicitar aos editores desta publicação uma resposta, é o esclarecimento de uma afirmação, a meu ver, equivocada.
1) Em 14 de dezembro de 2015, quando ainda nem imaginava em concorrer à direção do INPE, a FAPESP lançou um edital em parceria com a FINEP e INPE. O prazo limite para apresentar das propostas fixado em 4 de abril de 2016.
2) Em 25 de maio a FAPESP publicou uma relação das propostas habilitadas, não significando que foram selecionadas.
3) Observe-se que a FAPESP financia o projeto de um Pesquisador e não a empresa. Ou seja, quem submeteu proposta a FAPESP foi Cesar Ghizoni, pesquisador, não o empresário e muito menos o representante da Equatorial Sistemas S.A.
Se o articulista se desse ao trabalho de ler um pouco mais sobre o assunto em tela, notaria que não foi concedida subvenção alguma até o momento, haja vista que a relação publicada refere-se às propostas habilitadas. E o financiamento do projeto, caso ocorra, é para o Pesquisador responsável e não para a empresa. É bastante óbvio para mim que em caso de nomeação para cargo público haveria a necessidade inconteste de desincompatibilização e o Pesquisador não poderia assinar o contrato com a FAPESP.
Adicionalmente, minha intenção quando candidatei-me ao cargo do diretor do INPE foi no sentido de prestar um serviço à instituição na qual comecei minha carreira em 1970. Tive a felicidade de trabalhar no INPE na sua fase mais pujante quando tudo começou, era o protagonista do espaço no Brasil, na América do Sul e tinha papel relevante em nível mundial. Hoje ao assistir a decadência contínua por mais que 28 anos rumo à obsolescência tecnológica, vejo com pesar que nossa instituição passou a ser um coadjuvante, mero usuário da tecnologia espacial. Como cidadão e membro do setor aeroespacial, sinto-me na obrigação de tentar reverter esta situação para resgatar a capacidade do INPE de contribuir para a sociedade. A modéstia não me impede de afirmar que sinto-me à vontade para afirmar que tenho a experiência e o conhecimento necessários para tal.
Minha vida honrada e reta obriga-me a solicitar esta reparação, pois do contrário eu estaria admitindo ter agido de maneira leviana e condenável.
Atenciosamente,
César Celeste Ghizoni
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A pedido do Sr. Ghizoni, o blog publica também, a seguir, o comentário do autor do artigo, Sr. Gino Genaro, ao direito de resposta encaminhado.
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Prezado Sr. Ghizoni,
Recebi sua carta (acima), contestando artigo que publiquei no blog SindCT Espacial. Sobre ela, gostaria de comentar alguns pontos.
1) Além de autor e único responsável pelo artigo em referência, sou o diretor do sindicato responsável pela área de Comunicação e, portanto, pelo blog que publicou meu artigo. Por isso recebi sua mensagem abaixo e por isso eu mesmo estou respondendo à sua mensagem.
2) Conforme você próprio cita no início de sua mensagem, o eixo central do meu artigo preocupou-se prioritariamente em fazer críticas à forma como se deu o processo de formação da lista tríplice no Inpe, por entender que interesses privados (não seus, mas do presidente do Comitê de Busca) nortearam os trabalhos daquele colegiado. Os motivos passam certamente pelo relacionamento estreito do Sr. Raupp com as empresas que servem ao Programa Espacial Brasileiro, ao fato dele ser o presidente de um Parque Tecnológico que "incuba" também empresas que atendem ao setor, pela atuação explícita dele na implantação de várias OSs (Organizações Sociais) no âmbito do MCTI desde a época em que foi ministro, etc.
3) Portanto, posso ter me expressado mal se deixei entender que o Sr. é quem teria agido de forma errada ao longo deste processo. Pelo contrário, o Sr. fez o correto: pleiteou legitimamente uma subvenção econômica atendendo a uma chamada pública de oportunidade e se candidatou à direção do Inpe também respondendo a um edital público. Apenas quis ressaltar no artigo que a escolha de seu nome para compor a lista tríplice mostra, ao meu ver, uma clara preferência do Comitê --que todos sabemos, foi não apenas presidido, mas hegemonizado por Raupp-- por alguém da área privada (sim, porque depois de deixar de ser servidor, o Sr. atuou, e ainda atua, por muitos anos na área privada). Este foi o único objetivo que tive ao mencionar seu nome no artigo.
4) Quanto ao seu questionamento de que o blog errou ao não ouvi-lo antes que o texto fosse publicado, permita-me discordar por uma simples razão: esta não foi uma matéria jornalística produzida pela equipe de redação do blog, caso em que seria necessário tê-lo ouvido, antes que fosse publicado qualquer coisa a seu respeito. Este foi um artigo de opinião, que reflete única e exclusivamente a posição do autor.
Por fim, registro meu pedido de desculpas se o ofendi. Como procurei explicar, minha intenção com o artigo foi exclusivamente a de criticar o processo de sucessão levado a cabo no Inpe, por considerá-lo não transparente, não isento e nada representativo dos anseios da comunidade inpeana, que sequer pôde indicar um representante para compor o Comitê de Busca, como ocorreu nos processos sucessórios anteriores.
At.te,
Gino Genaro
Secretário de Comunicação e Cultura do SindCT
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