Agência CT&I
9 de novembro de 2016
O contingenciamento de verbas para pesquisa e inovação põe em risco a competitividade do Brasil em curto e médio prazo. A avaliação é de dirigentes de universidades públicas, que participaram de audiência pública nesta terça-feira (8) na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal.
Para 2017, a previsão é de contingenciamento de 55% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A arrecadação deverá chegar a R$ 5,2 bilhões, mas R$ 2,9 bilhões não deverão ser efetivamente gastos.
Chama-se de contingenciamento a suspensão, pelo Poder Executivo, da execução de certas despesas orçamentárias. A programação desses gastos pode ser retardada, por prazo indeterminada, ou mesmo definitivamente descartada, sob a alegação de insuficiência de receitas.
A CCT avalia a efetividade da aplicação dos recursos do FNDCT e do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). Segundo os dirigentes das universidades, esses repasses são essenciais para a manutenção das universidades e dos programas de pós-graduação.
“Os recursos desses fundos foram drasticamente reduzidos a partir de 2013 e isso precisa ser revertido”, afirmou Rui Vicente Oppermann, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele teme que o setor científico e tecnológico enfrente dificuldades ainda maiores com a aprovação da proposta de emenda à Constituição que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos (PEC 55/2016). A PEC restringe o aumento das despesas federais à variação da inflação do ano anterior. “Gostaria que considerassem educação, ciência, tecnologia e inovação como exceções na PEC, pois são investimentos. A gente não ganha reduzindo investimentos.”
Os debatedores afirmaram que em vez de sinalizar cortes na área de ciência, pesquisa e inovação, o governo deveria apostar suas fichas em políticas que estimulem a aproximação das empresas com as universidades. Na opinião deles, essa conjunção de esforços entre setor produtivo e academia ajudaria na retomada do crescimento.
“Há necessidade de um projeto Brasil para a ciência e tecnologia, para a criação de ambiente de inovação e para a redução do custo Brasil na criação e transformação de conhecimento em riqueza”, apontou José Eduardo Krieger, pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).
Diminuir a burocracia para o depósito de patentes e facilitar a compra de insumos para pesquisa foram outras das reivindicações apresentadas pelos gestores universitários. “País sem pesquisa, ciência e tecnologia é um país sem futuro”, concluiu Antônio Fernando de Souza Queiroz, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
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