Agência CT&I
18 de novembro de 2016
Especialistas apoiam mais pesquisa, recursos humanos e tecnologias para o setor - Foto: Roque de Sá/Agência Senado |
Com a chegada das chuvas o noticiário brasileiro começa a voltar suas atenções para as previsões do tempo. Isso porque no verão aumentam os índices de desastres naturais provocados por inundações e deslizamentos de terra. Pesquisa, recursos humanos e tecnologia são fundamentais para uma previsão do tempo mais precisa e confiável no Brasil.
O pesquisador Haroldo Fraga Velho, do Laboratório Associado de Computação e Matemática, defendeu o modelo global de previsão do tempo como o “principal motor da pesquisa no Brasil”, tendo à frente o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Em audiência pública, nesta quarta-feira (16), no Senado federal, ele destacou que é preciso mais investimentos para tornar os estudos brasileiros mais competitivos.
"Há uma série de centros que fazem previsão global, mas para o Brasil essa é uma responsabilidade do CPTEC. Para a gente tornar essa previsão competitiva é preciso aumentar a resolução do modelo. Eu tenho que fazer muito mais cálculo no mesmo tempo. Qual é o segredo? Comprar uma máquina mais potente”, recomendou.
Para o professor Pedro Leite da Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil está “perdendo terreno” em relação a capacidade de previsão do tempo no cenário internacional. Ele destaca que computadores de alto desempenho e o consórcio de vários países fazem da Europa o melhor centro de previsão do mundo.
“Para estar na ponta não se trata apenas de investir em computador. É preciso ter também uma articulação muito maior entre o setor operacional e o setor de pesquisa. Ou seja, os recursos humanos. Aí entra a articulação com o setor acadêmico. E tem que ter atualização mais frequente”, disse o especialista.
Veja a Audiência na íntegra:
Veja a Audiência na íntegra:
A parte operacional do sistema de meteorologia brasileiro envolve vários ministérios e órgãos do governo como o da Agricultura, Marinha, Aeronáutica, a Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros. Antônio Divino Moura, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), explica que a melhoria da previsão do tempo está ligada a vários fatores, como investigações da comunidade científica, desenvolvimento e manutenção de sensores e tecnologia espacial.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo, tem cerca de 500 estações que coletam dados a cada hora, transmitidos por satélites. Além do monitoramento diário e da previsão regional, a previsão climática sazonal também é importante. “Estamos agora preocupados em saber se, de janeiro até maio, o norte do Nordeste vai continuar como nos últimos cinco anos, com uma seca tremenda, faltando água para beber”, alertou Moura.
Os esforços estão sendo conduzidos com a Defesa Civil e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Tudo depende de computadores de última geração para rodar modelos atualizados de previsão do tempo. “De 2016 a 2019 nós queremos ser uma referência nos trópicos em pesquisa, produtos, modelagem do sistema e evoluir mais na questão da previsão de eventos extremos, a previsão do tempo atual, a qualidade do ar e a circulação costeira”, afirmou o pesquisador do Inpe.
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