Apollo 11, via AEB
17 de maio de 2016
Um novo estudo feito pela Agência Espacial Europeia revelou que o campo magnético da Terra está mudando mais rápido do que se pensava e que a proteção magnética sobre a América do Sul se deslocou e enfraqueceu ainda mais.
O estudo foi feito a partir de dados coletados pela constelação de satélites SWARM, CHAMP e ORSTED e mostrou que a variação do campo geomagnético não é uniforme em todo o planeta.
De acordo com os resultados, nas latitudes mais altas da América do Norte foi observado um enfraquecimento de 3.5%, enquanto em partes da Ásia os dados mostraram um fortalecimento de cerca de 2% na intensidade magnética.
Na América do Sul e mais especificamente sobre o Brasil, os pesquisadores notaram um enfraquecimento de quase 3% desde 1999 em algumas localidades. Além disso, os dados mostram um deslocamento em sentido oeste da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) que age mais fortemente sobre o Brasil.
Dínamo enfraquecido
Os motivos do enfraquecimento do campo magnético ainda estão sendo estudados e pode estar ligado à diminuição da atividade atômica no núcleo da Terra, onde o decaimento radioativo é o responsável pelas altas temperaturas ali encontradas. Essa fornalha abastece os movimentos de convecção no interior do fluido, que geram o efeito dínamo e consequentemente o campo magnético.
Deslocamento dos Polos
O movimento dos polos magnético em relação aos polos geográficos é provavelmente o motivo do deslocamento da AMAS no sentido oeste. Sabe-se que os polos magnéticos se movem a razão de 40 km ao ano e já estiveram invertidos em diversas épocas do passado como mostram os estudos feitos em rochas antigas.
Esse movimento não é abrupto e pode levar em média 300 mil anos para ser completado. Estima-se que a última inversão ocorreu há 780 mil anos.
Anomalia Magnética do Atlântico Sul
A anomalia ocorre devido a uma espécie de depressão ou achatamento nas linhas no campo magnético da Terra centralizadas quase sobre o Centro-Oeste brasileiro e tem como causa o desalinhamento entre o centro do campo magnético e o centro geográfico do planeta, deslocados entre si por cerca de 460 km no sentido sul-norte.
A AMAS foi descoberta em 1958 e sofre alterações ao longo do tempo, principalmente devido ao deslocamento dos polos magnéticos aliada ao enfraquecimento do campo de modo global, que já perdeu 10% de sua intensidade de o século 19.
Vale notar que a AMAS já esteve sobre a África e de acordo com o estudo, continua a se deslocar em sentido oeste.
Por ser uma zona magneticamente mais fraca (uma anomalia), as partículas carregadas provenientes do cinturão de Van Allen se aproximam mais da alta atmosfera, fazendo com que os níveis de radiação cósmica em grandes altitudes sejam mais altos nesta área.
Embora os efeitos na superfície sejam praticamente desprezíveis, a AMAS afeta fortemente satélites e outras espaçonaves que orbitam algumas centenas de quilômetros de altitude.
Satélites que cruzam periodicamente a AMAS ficam expostos durante vários minutos a fortes doses de radiações e necessitam de proteção especial. A Estação Espacial Internacional, por exemplo, é dotada de um escudo especialmente desenvolvido para bloquear as radiações.
Gráfico mostra as áreas onde o campo magnético teve aumento de intensidade (vermelho) e as regiões onde se observou enfraquecimento (azul). A Anomalia do Atlântico Sul, acima do Brasil, é uma das áreas onde o campo magnético mais sofreu enfraquecimento.
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