24 de março de 2016
Cientistas sugerem que atividade vulcânica possa ter deslocado o eixo de rotação da Lua |
Houve um tempo em que a face da Lua vista da Terra era um pouco diferente.
É que a Lua costumava girar em um eixo de rotação com um grau de inclinação diferente do atual, segundo novo estudo publicado na revista científica Nature.
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A mudança não se deu da noite para o dia, mas de forma gradual durante bilhões de anos.
Pesquisadores analisaram dados coletados pela sonda Lunar Prospector da Nasa (agência espacial americana), lançada no final dos anos 1990, e detectaram duas regiões ricas em hidrogênio perto dos polos da Lua, o que provavelmente indica a presença de água congelada.
Placas nos polos
As placas de gelo estão em polos opostos, e traçam uma linha entre ambas que passa pelo centro da Lua - o que os cientistas acreditam que fosse seu eixo de rotação.
Essa linha imaginária descreve uma oscilação gradual de seis graus em relação ao eixo atual.
Uma possível explicação para o fenômeno seria uma anormalidade térmica causada por atividade vulcânica na região chamada Procellarum.
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Essa área concentra a maioria das manchas escuras da Lua que são visíveis desde a Terra.
Vulcões e atividade geológica associada a essas estruturas a converteram em uma região mais quente e leve do que o resto da Lua.
Em preto e na inscrição em inglês, os atuais polos sul e norte da Lua; em branco, os polos ancestrais, em regiões opostas e com indicação de presença de água congelada |
Um dos autores do estudo, Matt Siegler, do Instituto de Ciência Planetária de Tucson, nos EUA, diz acreditar que a queda de densidade tenha produzido trepidação suficiente para explicar a existência dos dois antigos polos magnéticos.
"A região de Procellarum era mais ativa geologicamente na história lunar primitiva, o que implica que esse deslocamento polar começou há bilhões de anos atrás", afirma.
Mistério
Siegler e equipe descobriram depósitos de hidrogênio nesses polos ancestrais por meio do espectrômetro de nêutrons da sonda lunar: medindo os nêutrons refletidos desde a superfície lunar por raios cósmicos que atingem o satélite natural da Terra.
Esses depósitos são sinal da presença de água congelada, que pode - e existe - em crateras da região de sombra permanente no polo sul da Lua.
Mas ainda não se sabe por que esses depósitos se mantiveram nessas regiões, que se afastaram dos polos e passaram à região iluminada da Lua.
Os pesquisadores sugerem que eles podem ter sido soterrados por impactos de asteroides, mas a teoria demanda mais estudos para ser comprovada.
Pesquisas anteriores já sugeriram que a Lula pode ter se inclinado muito mais, até 35 graus.
Cientistas apontam que um "objetivo chave" nessa área de estudos será "reconciliar teorias sobre as mudanças na orientação da Lua e determinar quais alterações em sua densidade causaram o desvio".
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