Telebrás prevê que o 1º satélite geoestacionário do Brasil deve entrar em órbita entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017
BRASÍLIA - o programa de lançamento do primeiro satélite geoestacionário nacional pode decolar ainda este ano, mesmo com a alta do dólar elevando o custo do projeto para R$ 2,3 bilhões. A montagem do satélite já foi concluída na França e o governo inaugurou o primeiro centro de controle do equipamento em Brasília. A previsão é de que o satélite entre em órbita entre dezembro deste ano e fevereiro de 2017.
A primeira grande antena que servirá para controlar a posição do satélite em sua órbita geoestacionária, a 36 mil quilômetros de altura, já está instalada em uma área da Marinha localizada no Lago Sul, região residencial de Brasília. É nesse centro de controle que cerca de 140 pessoas se revezarão em turnos de 24 horas por dia, todos os dias da semana, para operarem o equipamento no espaço.
“Os operadores já foram treinados na França e o centro de controle já está com toda a estrutura crítica montada, como sistemas redundantes de energia, para haver confiabilidade em toda a operação. O investimento feito no centro de controle servirá para outros satélites que viermos a lançar no futuro. Há espaço para expandir a operação no local”, destaca o presidente da Telebrás, Jorge Bittar.
Além do centro de controle de Brasília, haverá uma segunda estação de backup com a mesma configuração no Rio de Janeiro, que poderá assumir o controle total do satélite se necessário. O projeto conta ainda com cinco estações de acesso (gateways), duas delas nos centros de controle e as demais em Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Campo Grande (MT).
“Essas estações poderão distribuir a comunicação com o satélite a qualquer região do País, compensando eventuais ocorrências climáticas que possam limitar a potência do sinal em determinadas áreas”, diz o gerente de satélite da Telebrás, Sebastião do Nascimento Neto.
Com capacidade de transmissão de 54 gigabits por segundo simultâneos, o satélite da Telebrás é o primeiro com capacidade de alcance de todo o território nacional, sem qualquer zona de “sombra”. O equipamento fará transmissões na banda Ka, voltada para a oferta de serviços de telecomunicações, como banda larga, mas também vai operar na banda X, utilizada para transmissões militares criptografadas.
Para levar o projeto adiante, a Telebrás se juntou à Embraer em uma joint venture chamada Visiona Tecnologia Espacial, que contratou a francesa Thales Alenia Space para a construção do artefato. Os dois módulos do equipamento que, somados, pesam 5,8 toneladas, já foram conectados na Europa e agora passarão por testes de vibração, variação térmica e qualidade do sinal até a metade deste ano.
“O contrato prevê a transferência de tecnologia. Neste primeiro satélite, apenas um painel de suporte das baterias foi fabricado no País, mas a nossa intenção em conjunto com a Agência Espacial Brasileira é fomentar a cadeia de componentes nacionais. O próximo satélite já será montado no Brasil com mais peças brasileiras”, avalia Bittar.
Apesar do custo do projeto ter chegado a R$ 2,3 bilhões com a alta do dólar, a Telebrás calcula que gastaria hoje apenas a metade desse valor para lançar um novo equipamento de porte semelhante. “Apenas o satélite em si custou US$ 350 milhões. Mas, como já temos o centro do controle e toda a infraestrutura necessária, um segundo equipamento hoje custaria cerca de R$ 1,150 bilhão”, argumenta Bittar, que estima um novo lançamento para 2020.
Contratos. Segundo o executivo, a Telebrás já negocia contratos para uso da capacidade do satélite. Pequenos provedores de internet de regiões onde não há fibras ópticas são o principal grupo de clientes, mas o equipamento também levará banda larga a escolas rurais e centros de saúdes. “Também já fomos procurados por Caixa, Banco do Brasil, Dataprev, Serpro e os Correios. O satélite poderá ainda ser usado pela agricultura de precisão, para o controle de fronteiras, para gerenciamento ambiental e até mesmo para o ecoturismo”, completa.
Após os testes que vão até meados deste ano ainda na França, o satélite embarcará em um navio e cruzará o Oceano Atlântico até a Guiana Francesa, onde a também francesa Arianespace o colocará em órbita.
A janela de lançamento vai de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017. “Queremos lançar já no primeiro dia, para começarmos logo a fornecer os serviços, mas isso depende das condições meteorológicas. Mas o cronograma está rigorosamente em dia”, afirma Bittar.
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