Terra
Carsten Heinisch
7 de janeiro de 2017
De cabo Canaveral, na Flórida, partia em 7 de janeiro de 1968 a sonda espacial não tripulada Surveyor 7. Três dias depois, ela pousava na Lua, na borda norte da cratera Tycho. Ao fim dos anos 50, a Guerra Fria ampliou-se para o espaço sideral. O bem-sucedido lançamento do satélite Sputnik pelos soviéticos, vistos até então como atrasados no domínio de tecnologia, significou um duro golpe para o orgulho norte-americano. Novo abalo aconteceu quando os rivais enviaram os primeiros homens ao espaço. Somente um ano depois, os EUA conseguiram entrar de fato na corrida espacial.
O choque de ter sido passado para trás duas vezes pelos comunistas da União Soviética levou o presidente John Kennedy a anunciar, em 1961, uma meta ambiciosa: ainda antes da década de 1970, os EUA iriam enviar homens à Lua e trazê-los de volta em segurança.
Esse projeto monumental, que atingiu o ápice com o programa Apollo de voos lunares tripulados, foi desenvolvido cuidadosamente. Em Houston, no Texas, instalou-se o gigantesco centro da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), onde os voos espaciais eram planejados, observados e avaliados. Em Cabo Canaveral, no litoral leste da Flórida, construiu-se a base de lançamentos dos veículos espaciais. Em Huntsville, no Alabama, Wernher von Braun comandava o desenvolvimento dos foguetes para os voos tripulados.
Sondas não tripuladas
Papel importante cumpriu também o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, embora seu trabalho não costume ser tão lembrado. Ali foram concebidas, construídas e controladas as sondas lunares não tripuladas. Elas deviam verificar primeiro se a superfície lunar era de fato adequada a missões tripuladas.
As primeiras imagens da Lua foram transmitidas pelas sondas Ranger. Elas ainda não eram capazes de circundá-la, e se destruíam ao chocarem-se contra o solo do satélite natural da Terra. As sondas começavam a fotografar a cerca de 2 mil quilômetros de altura. Até a colisão, eram capazes de enviar 5 mil fotos para a base de Pasadena.
Ao mesmo tempo, a base californiana desenvolveu um novo tipo de sonda, que deveria alunissar suavemente. Batizadas "Surveyor", após o pouso elas deveriam enviar imagens das redondezas, analisar quimicamente o solo local e investigar suas propriedades mecânicas.
Missões
As sondas possuíam 3,7 metros de altura e 4 metros de diâmetro. O peso chegava a um tonelada na decolagem, sendo 75% de combustível a ser utilizado nos jatos de frenagem. Pela primeira vez, experimentava-se em sondas um radar de medição de altitude, para controle da manobra de pouso. O dispositivo foi aprovado e as espaçonaves do programa Apollo ganharam similares.
A primeira das sete sondas Surveyor decolou de Cabo Canaveral no fim de maio de 1966, num foguete Atlas, e pousou como previsto na Lua. Duas sondas (2 e 4) destruíram-se durante o voo. A sétima foi enviada a 7 de janeiro de 1968. No total, elas transmitiram 80 mil imagens para a Terra.
Tanto os dados sobre estrutura da superfície como a aparência da paisagem lunar, dos diversos pontos onde as sondas pousaram, causaram boa impressão. A análise concluiu que a Lua era adequada para pouso tripulado.
Atrás, pela última vez
A série Surveyor pode ser considerada bem-sucedida, passo decisivo para o homem pisar na Lua. No entanto, ao lançar a primeira sonda, os americanos estavam de novo atrás dos soviéticos. Poucas semanas antes do lançamento da Surveyor 1, os concorrentes haviam pousado a sonda Luna no satélite natural.
Mas esta foi a última vez que os norte-americanos tiveram de engolir uma derrota na corrida espacial. Até mesmo porque os soviéticos não encararam o desafio de Kennedy, e jamais anunciaram a intenção de enviar uma nave tripulada à Lua. Os concorrentes priorizaram o desenvolvimento da capacidade para voos de longa duração e a construção de pequenas estações espaciais.
A corrida espacial, motivada pelas divergências ideológicas, encerrou-se em meados da década de 1970, com as primeiras manobras conjuntas.
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