AEB
3 de dezembro de 2018
Foto: Spaceflyght Now |
O nanossatélite ITASAT foi lançado nesta segunda-feira (03.12), às 16h32 (horário de Brasília), pela missão SmallSat Express (SSO-A), da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia (EUA), pelo lançador Falcon 9 da SpaceX. O lançador decolou com 64 pequenos satélites, sendo 49 cubesats e 15 microsats, representando 34 clientes de 17 nações. O cubesat ITASAT em formato 6U é fruto de uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) – financiadora do projeto e do lançamento – e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O projeto ITASAT tem como principal objetivo fomentar a capacitação de recursos humanos para atuar na indústria e nos institutos de pesquisas do setor aeroespacial brasileiro.
Para o diretor de Satélite, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Carlos Gurgel, o lançamento do ITASAT na tarde desta segunda-feira entra para a história, pois foi realizado pelo veículo Falcon 9, cujo primeiro estágio foi utilizado três vezes, tendo pousado numa balsa com sucesso minutos após o início da missão. Provavelmente este mesmo estágio será utilizado pela quarta vez, considerando que a empresa pretende usá-lo por até dez vezes”, explicou Gurgel.
Com dimensões de 10x20x30 centímetros, peso de 5,2 kg, o ITASAT levará a bordo cargas úteis, como um transponder de coleta de dados desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de Natal (INPE/CRN), um receptor GPS desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceira com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), uma câmera comercial com resolução de 80m por pixel no espectro visível e um experimento de comunicação com a comunidade de radioamadores, que permite o armazenamento e posterior envio de mensagens.
O ITASAT é o primeiro satélite brasileiro a levar a bordo o software de controle de atitude totalmente desenvolvido no Brasil. A experiência adquirida na construção do ITASAT será utilizada no desenvolvimento de uma plataforma de cubesat para aplicação em projetos futuros. O ITA foi o responsável pelo desenvolvimento da plataforma, bem como da integração e testes das cargas pagas.
Para o engenheiro mecânico e estudante de pós-graduação do ITA, Breno Crusioli, “a oportunidade foi bastante desafiadora principalmente pela possibilidade de associar a teoria à prática do conhecimento. Tenho planos de dar continuidade aos meus estudos no projeto ITASAT”, afirmou o estudante da área de CAD em 3D, responsável por desenhar, projetar e documentar o ITASAT. “No início de 2017, quando comecei meu mestrado minha meta era trabalhar com análise térmica do ITASAT, utilizando software de engenharia”, explicou.
Testes funcionais
Os testes funcionais do cubsat universitário aconteceram na Holanda, em maio de 2016, na Innovative Solutions In Space (ISIS), empresa spin off da Universidade de Tecnologia de Delft, uma das mais especializadas em nanossatélites do mundo.
O ITASAT passou por ensaio de vibração nos três eixos, bakeout (submissão do satélite a altas temperaturas a fim de retirar substâncias voláteis), ensaio de ciclo térmico (variação de baixas para altas temperaturas, -20° a 60°C), e ensaio de propriedade de massa, além dos demais ensaios funcionais que já eram feitos na empresa.
Os pesquisadores do INPE, Marco Antonio Chamon e Maria de Fátima Mattiello Franciso foram os revisores indicados pela AEB para acompanhar, na Holanda, o andamento do projeto. “O desempenho do cubesat durante os testes foi satisfatório, pois a equipe do ITASAT é bem preparada nos projetos de engenharia de sistemas”, ressaltaram os pesquisadores.
Trajetória
A proposta de desenvolver e operar um satélite universitário começou em meados de 2005. Até 2008, uma primeira fase do projeto ITASAT buscou consolidar a formação de recursos humanos e o envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação. A partir de 2009, as ações se voltaram para o desenvolvimento do satélite, com a realização de revisões periódicas formais, supervisionadas por especialistas do Brasil e do exterior, com experiência no desenvolvimento de microssatélites.
Em 2013, o cubesat passou por readequações estratégicas na filosofia de desenvolvimento e na estrutura do equipamento. Mais leve e moderno, o nanossatélite recebeu módulos compatíveis com diversas plataformas e com cinco experimentos científicos.
O professor Luís Loures do ITA, responsável pela gerência do projeto ITASAT explicou que os pequenos satélites proporcionam diversas vantagens se comparados a projetos de satélites convencionais. Além de permitir que projetos espaciais sejam trabalhados em ambientes universitários, o baixo custo, assim como o menor prazo de desenvolvimento e maior facilidade para lançamento são os principais benefícios de se trabalhar com cubesats.
Outro aspecto destacado por Loures é o fato de os nanossatélites serem boas alternativas para testes de novas tecnologias e novos conceitos no espaço, sendo os pequenos satélites considerados ferramentas que aceleram o acesso ao espaço.
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