Tecnologia e Defesa
Roberto Caiafa
22 de maio de 2018
Após o anuncio do fim do Projeto VLS-1, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) divulgou o interesse em aumentar a família se foguetes de sondagens a disposição do Programa Espacial Brasileiro, desenvolvendo dois novos e poderosos foguetes, o VS-43 e o VS-50.
O VS-50 (foguete baseado no motor S50 do desejado VLM-1) foi definido durante as negociações entre o IAE e o Centro Espacial Alemão (DLR) visando um novo foguete europeu de sondagem para substituir o modelo norte-americano Castor-4B que atende o Programa MAXUS de microgravidade.
O Interesse do IAE no desenvolvimento do VS-43 (foguete baseado no motor S43 do VLS-1) não é exatamente novo, pois este projeto já existia quando foi divulgada a segunda versão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE 1998-2007), da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Foguete VS-43
O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) vislumbrou a possibilidade de desenvolver um veículo suborbital controlado baseado nos estágios superiores do VLS-1 (3º e 4º estágios), mas com a utilização do propulsor S43 no lugar do S40, levando-se em consideração a estratégia de desenvolvimento dos veículos de sondagem.
Esse veículo, denominado VS-43, seria o meio para desenvolver diversos subsistemas necessários para uma missão de satelitização. O VS-43 foi identificado como uma plataforma de testes ideal para o desenvolvimento de soluções para as seguintes áreas:
a)teste do SISNAV;
b)rede de controle, guiamento e navegação; rede de telemetria; rede de destruição e rede de serviço; e
c)eventos necessários para a satelitização: separação de coifa, basculamento, rotação e separação.
Além disso, o VS-43 também terá potencial para ser utilizado no cumprimento das seguintes missões:
a)teste de experimentos tecnológicos e em ambiente de microgravidade;
b)teste de Scramjets em camadas superiores da atmosfera;
c)teste de experimentos de reentrada atmosférica (SARA).
Adicionalmente, o IAE possui especial interesse no VS-43 pois:
a)sendo um veículo muito mais simples que o VLS-1 e bem mais complexo que um VS-40 ou Sonda IV, o desenvolvimento do VS-43 será uma excelente oportunidade para o IAE revisar, implementar e consolidar metodologias para o gerenciamento e desenvolvimento de projetos complexos;
b)possibilita a utilização do estoque adquirido pelo projeto do veículo VLS-1;
c)possibilita a utilização de toda a infraestrutura criada para o VLS-1 no IAE e no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)
O sistema sera composto (preliminarmente), por:
a)veículo: saia traseira com empenas, um motor S43 como primeiro estágio, baia de controle de rolamento, baia de equipamentos, um motor S44 como segundo estágio, cone de acoplamento e coifa;
b)banco de controle e linha de fogo;
c)sistema de aquisição e processamento de dados de telemetria;
d)sistema de carregamento de nitrogênio;
e)equipamentos de apoio ao solo e dispositivos para testes;
f)embalagens, manuais e procedimentos de integração;
g)estrutura de lançamento e rastreio já existente no CLA composta por: SISPLAT, casamata, PPP, PPCU, terminação de voo, radares e outros.
O IAE finaliza dizendo que espera que o VS-43 seja o veículo ideal para auxiliar o preenchimento da lacuna existente entre os veículos Sonda IV, VS-40 e VLS-1, a fim de assim dar continuidade na lógica de desenvolvimento iniciada com a família de veículos de sondagem.
Foguete VS-50
A configuração básica do foguete VS-50 será composta por um propulsor sólido S50 no seu primeiro estágio e um propulsor S44 no segundo estágio.
O veículo será concebido em conjunto com a base móvel de foguetes (MORABA) do Centro Espacial Alemão (DLR) visando ensaiar:
a)experimentos do projeto SHEFEX;
b)componentes que poderão ser utilizados no projeto VLM
c)principalmente para desenvolver, fabricar e qualificar em voo o motor S50.
Seu comprimento será de 12 m, seu diâmetro de 1,46 m e massa estimada de 15 toneladas e o seu desenvolvimento foi iniciado em 2014 em parceria com o DLR alemão.
Entretanto vale dizer que, apesar de ser um importante meio para desenvolver tecnologias necessárias para o VLM-1 e para as futuras gerações de veículos lançadores, não faz parte do escopo do projeto a redução dos riscos associados aos eventos necessários para a satelitização.
Fato que reforça a necessidade do desenvolvimento do veículo VS-43.
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