MCTIC
30 de maio de 2017
Foto: Agência Brasil |
Início do período chuvoso na região foi marcado por intensas precipitações, o que não deve se repetir entre junho e agosto por causa das temperaturas do Atlântico e do Pacífico. Rios da Amazônia não devem alcançar cheia recorde.
Deve chover abaixo da média histórica em toda a região Nordeste nos próximos meses, informou nesta terça-feira (30) o Grupo de Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. De acordo com os especialistas, chuvas intensas no leste da região Nordeste marcaram o início do período chuvoso na região, mas não devem se repetir com a mesma força entre junho e agosto.
"Pode acontecer de um ciclo de curta duração se formar e fazer chover muito. Mas isso não é o esperado [para o trimestre]. O que aconteceu agora pode voltar a ocorrer, mas a previsão é que as chuvas fiquem abaixo da média histórica para toda a região Nordeste nos próximos meses", afirma o coordenador-geral de Operações e Modelagens do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi.
Um dos fatores decisivos para a previsão é o aumento da temperatura do Oceano Pacífico acima de 3°C. Por isso, a Zona de Convergência Intertropical (ZCI) – que regula o regime de precipitações no Nordeste e Norte do Brasil – se deslocou para latitudes acima do equador. Aliado a isso, a porção norte do Oceano Atlântico está mais quente que a parte sul.
"Tanto o Pacífico, que está um pouco mais quente que o normal, quanto o Atlântico, que está mais quente no hemisfério norte do que no sul, explicam essa alteração. Isso não é bom para o regime de chuvas no Nordeste e nem no Norte do Brasil", acrescenta Seluchi.
Norte
Na região Norte, por outro lado, a previsão é que a cheia dos rios não atinja os níveis recordes esperados. Isso porque a cota dos principais rios amazônicos, como o Amazonas, o Negro e o Tapajós, já superou o limite de transbordamento em algumas estações de medição.
"Há alguns meses, tínhamos essa previsão de recorde, pois a curva de elevação dos níveis dos rios estava próxima do ponto de máxima. O que se espera é uma inundação, que já está acontecendo, mas não tão drástica e severa quanto em 2014. A previsão de chuva baixa ali teve efeito benéfico, de não acontecer uma inundação histórica", destacou Seluchi.
Com a chegada da estação seca no próximo trimestre, o chamado "inverno amazônico", os níveis dos rios vão cair.
Atenção
As próximas semanas devem marcar transbordamentos de alguns rios da região Sul devido a incursões de massas de ar frio no território brasileiro vindas da Antártica. Por isso, aumenta o alerta para potenciais episódios de desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra. O quadro, porém, não deve se estender para toda a região nos próximos três meses.
"O problema é se a chuva acontece em episódios pontuais muito intensos. Mas, tendo uma previsão de chover acima do normal, a possibilidade de desastres aumenta. Isso não significa que vão ocorrer, necessariamente. Mas é claro que ficamos mais atentos", destacou Marcelo Seluchi.
O Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) é formado por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), além do Cemaden. Também estão representados órgãos ligados à área de climatologia, hidrologia e desastres naturais, a exemplo da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), entre outros.
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