terça-feira, 24 de abril de 2018

Agência brasileira levará pessoas ao espaço por US$ 250 mil em 2020

R7
19 de abril de 2018

Foto: Agência Marcos Pontes

O sonho de ir ao espaço e ter uma visão privilegiada da Terra já não é tão fora da realidade. Basta ter dinheiro suficiente. O astronauta Marcos Pontes, primeiro e único brasileiro a ir ao espaço, fundou uma agência de turismo espacial e já vende a experiência para qualquer pessoa disposta a pagar US$ 250 mil, cerca de R$ 850 mil. 

A agência é representante da Virgin Galactic, do bilionário britânico Richard Branson. Hoje, cerca de 700 pessoas já garantiram seus pacotes e aguardam o fim da fase de testes para ir ao espaço. O número é bem elevado considerando que na história cerca de 550 astronautas alcançaram esse feito. Apenas oito civis estiveram no espaço.

A empresa não divulga os nomes e os países de origem dos clientes. Sabe-se apenas que a maioria é dos EUA, Rússia e Inglaterra. Poucos brasileiros fazem parte do seleto grupo. Marcos Palhares é o número 462º da fila e deverá ser o segundo brasileiro a ir ao espaço depois de Marcos Pontes. Palhares é sócio de Pontes na agência de turismo espacial.

Diferentemente dos astronautas profissionais, que ficam em órbita por vários dias e até meses, as pessoas comuns ficarão cerca de 10 minutos a 100 quilômetros de altitude, o suficiente para ultrapassar a atmosfera e chegar ao espaço. Para comparação, a Estação Espacial Internacional está a 400 quilômetros de altitude.

No curto período no espaço, os seis turistas dentro da nave irão vivenciar a sensação da gravidade zero, como se estivesse flutuando. Pelas janelas nas laterais e no teto, será possível ver a Terra. As máquinas fotográficas poderão ir a bordo para fazer registros da experiência.

A agência também oferece outras opções mais baratas que simulam as sensações de ir ao espaço, mas sem sair da atmosfera. O preço para experimentar a microgravidade é de US$ 5.500. O voo em um caça militar que superar os 1.000 km/h custa a partir de US$ 10 mil e mostra como é a força G durante a decolagem de uma nave.

“Nós recomendamos a nossos clientes passarem pela simulação de microgravidade ou pelo voo em um caça militar para ter certeza que consegue passar pelo turismo no espaço”, explica Palhares.

É possível desistir e pedir o dinheiro de volta depois que o contrato foi assinado, mas é cobrado uma multa no valor de US$ 20 mil.

O primeiro voo

A Virgin ainda está realizando testes com a nave desenvolvida pela empresa. Os planos são de iniciar os voos turísticos em dois anos, a partir de 2020. Neste ano, deverá ocorrer o primeiro voo suborbital. Serão mais dois anos de testes até o primeiro voo comercial.

Enquanto isso, os clientes que já assinaram o contrato recebem brindes e participam de eventos exclusivos.

“Nós somos clientes VIPs da Virgin. Eu já ganhei livro autografado pelo Richard Branson, fui convidado para participar de um evento exclusivo no museu espacial, na Califórnia (EUA), e alguns podem até fazer uma visita a ilha Necker, no Caribe, onde mora o dono da empresa”, conta Palhares.

Segurança

Em 2014, uma nave da Virgin Galactic sofreu um acidente durante testes nos EUA. O piloto conseguiu ser salvo, mas o copiloto morreu. Isso obrigou a empresa estender o período de testes. Segundo a empresa, o motivo foi uma "anomalia de voo".

“Eu encarei o acidente positivamente. É justamente nos testes que os esquipamentos são levados ao limite para descobrir essas falhas operacionais. Ótimo que isso aconteceu nessa fase exatamente para prevenir essas situações”, afirma Palhares.

Como funcionará?

A Virgin não usará um foguete para enviar turistas ao espaço. A nave decola acoplado na asa de um avião desenvolvido para essa finalidade. Ao atingir 15 quilômetros de altitude, ocorre a desacoplagem, a nave entra em queda livre por cinco segundos até os motores serem acionados e subir em direção ao espaço a uma velocidade de 4.000 Km/h.
A nave é abastecida somente para fazer a decolagem e não é necessário qualquer combustível para o retorno à atmosfera. Os turistas voltam ao solo planando no ar até pousarem em uma pista como um avião

Concorrência

Outras empresas também realizam investimentos para levar pessoas comum ao espaço. A Blue Origin, de Jeff Bezos, dono da Amazon, é uma das concorrentes diretas da Agência Marcos Pontes, mas ainda não há previsão para o primeiro voo. Outra alternativa é a Roscomos, mas o valor cobrado para levar uma pessoa comum ao espaço é de US$ 63 milhões.

O futuro

Os avanços da tecnologia aeroespacial poderão mudar a maneira como as pessoas se deslocam na Terra. As naves também poderão ser usadas como uma alternativa para deslocamento em alta velocidade de um lugar para outro. Essas naves podem fazer uma viagem de São Paulo até Tóquio em apenas 40 minutos usando o vácuo espacial.


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