quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Em 34 anos, Estação Antártica Comandante Ferraz contribui para formação de centenas de cientistas brasileiros

Jornal da Ciência, 8 de fevereiro de 2018

A obra da nova EACF teve início no final de 2015, com previsão de finalização para março de 2019
A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) completa hoje, 6 de fevereiro, 34 anos. Localizada na Península Keller, interior da Baia do Almirantado, na Ilha Rei George, a Estação contribuiu para a formação de centenas de cientistas e de um vasto acervo de estudos em diversas áreas do conhecimento. A EACF é uma estação científica, fomentada e concebida para facilitar o desenvolvimento e constante aperfeiçoamento da Ciência Antártica conduzida pela comunidade científica brasileira em âmbito internacional, e que possam colocar o Brasil em posição de respeito e de destaque perante a esta comunidade e de acordo com as normativas do Tratado Antártico.
O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) foi criado em 1982 e o Brasil faz parte do seleto grupo mundial de apenas 29 países que definem o futuro do Continente Branco. O requisito mais importante para esta posição é a realização de pesquisa científica de qualidade, ou seja, aquele país que não produz ciência de qualidade, não pode decidir sobre a Antártica, no que diz respeito a sua ocupação e utilização dos recursos naturais no futuro. O PROANTAR, ao longo de seus 36 anos tem mantido o seu desenvolvimento cientifico e tecnológico constante, o que hoje nos insere no contexto global de pesquisa nos Polos. São anos em que, apesar das restrições fiscais, o programa tem se mantido ininterrupto.
Apesar do incêndio da base de pesquisa brasileira na Antártica, Estação Comandante Ferraz, todas as pesquisas que dependiam das instalações da Estação foram retomadas e executadas no Laboratório dos Módulos Antárticos Emergenciais e também em um Laboratório disposto em um container, com temperatura controlada para experimentos biológicos. O Laboratório de Química, o Módulo VLF e o Módulo de Meteorologia foram interligados aos MAE, o que possibilitou a retomada dos trabalhos científicos na EACF. Nas últimas operações (2016/2017/2018), apenas por ocasião da reconstrução e por medida de segurança, as atividades de pesquisa na área da Estação foram suspensas ou realocadas para os navios oceanográficos polares e acampamentos, ou ainda bases estrangeiras.
A obra da nova EACF teve início no final de 2015, com previsão de finalização para março de 2019. O principal diferencial em relação à Estação antiga no espaço destinado à pesquisa é o maior número de laboratórios com equipamentos mais modernos e especificidade de uso por área. A área de pesquisa foi projetada para atender a uma multiplicidade de exigências, denotando a prioridade do PROANTAR para as atividades científicas, com a participação direta da comunidade científica para cumprir a demanda necessária aprovada no “Plano de Ação para a Ciência Antártica para o período de 2013 a 2022”. A nova Estação proverá a comunidade científica oportunidade de desenvolver atividades em um vasto campo científico.
Em termos de impacto da ciência na Antártica para o Brasil, diferentes Universidades e Institutos de Pesquisa nacionais desenvolvem importantes projetos nas áreas de biologia, clima, glaciologia, geologia, medicina, arqueologia, entre outras. Estas pesquisas tem impacto direto nas ciências básicas e aplicadas para o Brasil. Todos os projetos que atuam no PROANTAR incluem diferentes cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação e, consequentemente, contribui para formação de Bacharéis, Licenciados, Mestres e Doutores para a ciência brasileira. Estes profissionais serão responsáveis pelo avanço científico-tecnológico do Brasil. Os projetos do PROANTAR executam parcerias com diferentes países, o que aumenta a internacionalização da ciência brasileira para troca de conhecimentos e tecnologias.
A Antártica possui cerca de 14 milhões de km2, faixa territorial superior a do Brasil. Na Antártica se encontra a maior reserva de água potável congelada do planeta, tipos e quantidades de minerais ainda desconhecidos e uma considerável diversidade de micro-organismos, plantas e animais pouco conhecida que pode ser fonte de produtos biotecnológicos para futuro uso em prol do Brasil e da humanidade. Além disso, a Antártica tem grande influência no clima do Brasil e do mundo.

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