segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Astronomia: Um exoplaneta 100% brasileiro

Folha de SP
Salvador Nogueira (Mensageiro Sideral)
4 de setembro de 2017

Folha Ilustrada/Divulgação

Missão velha, planetas novos

Quem disse que uma missão espacial acaba quando a sonda é desativada? Um grupo de astrônomos brasileiros acaba de soprar nova vida ao satélite franco-europeu CoRoT, missão que também teve participação nacional. Ao reprocessar os dados colhidos pela sonda, a equipe descobriu um novo planeta fora do Sistema Solar e encontrou evidências fortes de pelo menos dois outros.

Made in Brazil

É a primeira vez que uma equipe 100% nacional anuncia a descoberta de um exoplaneta. Em 2015, um grupo internacional que tinha como um dos líderes Jorge Meléndez, da USP, havia feito a descoberta de um gêmeo de Júpiter ao redor de uma estrela gêmea do Sol. Agora, o achado tem como primeiro autor Rodrigo Boufleur, do Observatório Nacional, e é fruto de seu doutorado, orientado por Marcelo Emilio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Inchado e Inóspito

O novo planeta orbita uma estrela um pouco menor que o Sol a 1.200 anos-luz de distância, na constelação do Unicórnio. O mundo tem o porte de Saturno, mas apenas metade da massa, e dá uma volta em torno de seu sol em pouco menos de uma semana — um planeta gasoso, pouco denso, e com temperatura na casa dos 1.100°C.

Bela limonada

O que mais chama a atenção, contudo, é a demonstração de quanto caldo ainda tinha para tirar dos dados do CoRoT, o primeiro satélite caçador de planetas. Lançado em 2006 e operado até 2012, ele fez descobertas ao observar pequenas reduções de brilho toda vez que um planeta passava à frente de sua estrela-mãe.

Tem mais

Boufleur e seus colegas desenvolveram um novo modo de processar os dados do satélite. Analisando 65 mil curvas de luz, eles não só confirmaram todos os planetas já anunciados, como acharam mais um. E o detalhe que mostra o real potencial da pesquisa: ao todo, o processamento trouxe outros 44 novos potenciais planetas que ainda aguardam confirmação. Ou seja, pode apostar que mais descobertas vêm por aí, colocando de vez o Brasil no mapa da caçada aos exoplanetas.

Apresentação

Os resultados foram aceitos para publicação no periódico “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society” e serão apresentados por José Dias do Nascimento, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e um dos autores do trabalho, na 41a Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, que começa nesta segunda-feira (4), em São Paulo.

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