terça-feira, 25 de julho de 2017

Manifestantes bloqueiam acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara

O Globo
25 de julho de 2017

Manifestantes bloqueiam acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara (Foto: G1 Maranhão)

Manifestantes bloqueiam o acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a 18 km de São Luís. A reclamação maior é por conta de 200 comunidades quilombolas, que segundo os manifestantes, podem ser atingidas com a possível ampliação do programa espacial por meio de uma parceria entre os governos brasileiro e norte-americano. O grupo de manifestantes, que inclui participantes do Movimento Sem Terra (MST), ainda reúne representantes de diversos segmentos do país.

O ministro da Defesa, Raul Julgmann anunciou esta permissão do governo do Brasil aos Estados Unidos no mês de maio deste ano. Segundo ele, França, Rússia e Israel também demonstraram interesse pelo CLA.

À época, o ministro citou a dificuldade de expansão da base por causa justamente da questão quilombola, que é defendida agora pelos manifestantes. A área de 60 mil hectares foi desapropriada, restando oito mil hectares para os lançamentos da plataforma. Segundo Julgmann, com a expansão, os recursos passariam de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,5 bilhão.

Por conta desta permissão aos Estados Unidos, os manifestantes protestam contra o Governo Federal dizendo que é uma "política de entreguismo, que fere a soberania nacional".



Essa discussão da área das comunidades na região onde foi construído o CLA começou na década de 80. O Centro de Lançamento de Alcântara foi construído em 1983. Várias manifestações ao longo desse tempo foram realizadas, entre outras, sempre tratando da invasão de áreas quilombolas.

Veja o vídeo no site da Globo.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Capes perde R$ 1 bilhão por ano e pode sofrer novo corte em 2018

Estadão
Blog do Herton Escobar
19 de julho de 2017

Abilio Neves falou sobre os Desafios da Pós-Graduação, segunda-feira (17) na reunião anual da SBPC. Na mesa com ele, o reitor da UFMG, Jaime Ramírez, e a presidente da SBPC, Helena Nader. Foto: Pietro Stichin/SBPC

Dados foram apresentados pelo presidente da entidade, Abilio Neves, na reunião anual da SBPC. “Se não conseguirmos recuperar nosso orçamento, o cenário realmente fica horrível”, disse.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) já perdeu cerca de R$ 1 bilhão de orçamento por ano desde 2015 e pode sofrer novo corte em 2018, segundo o presidente da entidade, Abilio Baeta Neves. O limite orçamentário proposto pelo Ministério do Planejamento para o ano que vem, segundo ele, é de R$ 4,2 bilhões, comparado ao orçamento atual de R$ 4,9 bilhões (dos quais R$ 500 milhões estão contingenciados).

“Se não conseguirmos recuperar nosso orçamento, o cenário realmente fica horrível”, afirmou Neves, em participação na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece ao longo desta semana no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele disse que está negociando um aumento desses valores, tanto no sentido de recompor o orçamento deste ano quanto de elevar o teto de despesas para 2018. “Estamos tentando subir para R$ 4,7 bilhões”, que seria o necessário para manter o sistema funcionando, segundo ele.

Ainda que tenha sucesso em seu pleito, Neves destacou que o bom funcionamento da pós-graduação não depende só da recuperação dos orçamentos da Capes e do Ministério da Educação (MEC), mas também do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e das suas agências de fomento (CNPq e Finep), que financiam a pesquisa nas universidades. “Não existe formação de recursos humanos sem recursos para pesquisa; fica uma ficção”, destacou. “Os limites orçamentários do ano que vem para o MCTIC são uma grande tragédia”, completou, referindo-se à proposta do governo de cortar o orçamento da pasta de ciência em mais 40% no ano que vem. “Sem essa recuperação, nada vai funcionar.”

Nos dois últimos anos, o orçamento da Capes já havia caído de R$ 7 bilhões em 2015, para cerca R$ 6 bilhões em 2016, resultando em cortes de bolsas, investimentos e recursos de custeio, com forte impacto nas atividades acadêmicas e científicas do país. Nesse período, a redução deveu-se principalmente ao programa Ciência sem Fronteiras, que enviou milhares de alunos de graduação para estudar no exterior. Ele deveria ter sido financiado com “dinheiro novo”, mas acabou invadindo o orçamento regular da Capes — assim como o do CNPq e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). “Invadiu tudo que tinha para invadir”, disse Neves. O programa foi encerrado no início deste ano. “Se a direção desse investimento foi a melhor possível, cabe a nós discutir.”

Justificativa

Procurado pela reportagem, o Ministério do Planejamento afirmou em nota que o contingenciamento de recursos atinge todos os órgãos da União. “Os ministérios têm relatado possíveis prejuízos na prestação de alguns serviços, e o Planejamento tem se esforçado para resolver os problemas mais graves”, diz a pasta, responsável pela elaboração do orçamento federal. “Entretanto, qualquer ampliação de limites, sem que haja redução em outros ministérios, depende do aumento do espaço fiscal. O assunto está em análise e deverá ser abordado durante a divulgação do próximo relatório bimestral de receitas e despesas, prevista para ser feita até o próximo dia 22 de julho.”

terça-feira, 18 de julho de 2017

Cientistas contemplam criar partido político para ter voz no Congresso Nacional

Estadão
Blog do Herton Escobar
17 de julho de 2017

Helena Nader fala na cerimônia de abertura da reunião anual da SBPC 2017. Foto: Pietro Sitchin/SBPC

Lideranças científicas estão contemplando a possibilidade de criar um partido político, para tentar ganhar uma voz no Congresso Nacional. O partido seria dedicado exclusivamente às causas da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, e não pleitearia cargos no Poder Executivo — apenas no Legislativo. A ideia, que circula pelos corredores da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belo Horizonte, seria lançar a presidente da entidade, Helena Nader, como candidata a deputada federal.

Bióloga molecular, professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader é presidente da SBPC há seis anos e conta com amplo apoio da comunidade científica e acadêmica. Seu terceiro mandato termina nesta semana. Ela será substituída pelo vice-presidente, Ildeu Moreira.

Helena, de 69 anos, disse que a ideia não partiu dela e que não tem uma opinião formada sobre o tema. Moreira ressaltou que se trata de uma iniciativa de indivíduos da comunidade científica, e não de uma proposta institucional da SBPC. O estatuto da entidade afirma, logo em seu primeiro parágrafo, que a SBPC é uma “associação civil, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, laica e sem caráter político-partidário”.

“Há clara necessidade de termos representação de cientistas, professores e pesquisadores no Congresso Nacional e outras instâncias legislativas do país, qualificada para defender a causa da educação, ciência e tecnologia como os pilares da inovação e do desenvolvimento nacional”, defende Glaucius Oliva, professor titular do Instituto de Física de São Carlos da USP e ex-presidente do CNPq.

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, acha que o ideal seria ter políticos com formação científica em vários partidos — e não a criação de um partido próprio –, inclusive como forma de criar uma frente comum de diálogo entre eles.

Painel mostra perdas da ciência

O Tempo
Mariana Nogueira
18 de julho de 2017



Onze milhões e meio de reais por dia, meio milhão de reais por hora, R$ 8.000 por minuto. Os números refletem a quantia que tem sido retirada da ciência brasileira desde 2015. Os cortes no Orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e das universidades federais provocaram a criação de “tesourômetros” no país, uma espécie de contador que aponta quanto a ciência e o ensino superior no Brasil estão deixando de receber devido a reduções do governo federal. Hoje, é a vez da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) inaugurar o seu painel com os números – que já passam de R$ 11 bilhões em cortes – no campus da Pampulha.

Fruto de uma campanha de mobilização chamada Conhecimento sem Cortes, o tesourômetro da UFMG ficará de frente para a avenida Antônio Carlos, uma das mais movimentadas da capital. O objetivo é sensibilizar a população sobre o impacto negativo desses cortes para a sociedade.

O projeto é uma iniciativa liderada por entidades sindicais. Também estão envolvidos cientistas, professores universitários, estudantes, pesquisadores e técnicos de universidades e institutos de pesquisas.

Prejuízos. Segundo uma das líderes do projeto, a presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), Tatiana Roque, os cortes causam perdas significativas para toda a população. “Em áreas de pesquisa de ciências, tínhamos constituído estudos avançados sobre o zika e a microcefalia, e eles estão sendo desmontados. Também temos pesquisas sobre Alzheimer e Parkinson, além de petróleo e pré-sal, coisas que têm impacto direto na população”, disse.

O professor Carlos Martinez, do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh), afirmou que bolsas de pesquisas já estão sendo reduzidas na UFMG. “Quando se corta uma bolsa de iniciação, de mestrado ou doutorado, se deixa de treinar uma pessoa que, no futuro, vai trazer riqueza ao Brasil. Quanto mais gente pensando, maior a possibilidade de se solucionar os problemas do país”, explicou.

TEMPO REAL
Internet. Além de ser exibido no campus da UFMG, os interessados podem acompanhar sua movimentação em tempo real no portal www.conhecimentosemcortes.com.br.

SAIBA MAIS
Pioneiro. A primeira instalação do tesourômetro aconteceu no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Praia Vermelha, na zona Sul do Rio, no último mês de junho. O de BH é o segundo a ser criado.

Sequência. Em agosto, a Universidade de Brasília (UnB) recebe o tesourômetro em seu campus. A expectativa dos organizadores do projeto é que as demais universidades do país passem a aderir ao programa nos próximos meses.

Brasil está perdendo cientistas

Segundo a presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), Tatiana Roque, a falta de investimentos na ciência brasileira tem feito com que o Brasil perca “grandes cérebros” para países estrangeiros. Enviados para continentes como a Europa e a América do Norte para estudar, cientistas acabam optando por não retornar para aplicar conhecimentos em sua terra natal.
“As pessoas fazem doutorado nesses países e depois não voltam. Tentamos absorver esses cientistas por meio de bolsas, para que eles regressem e invistam em pesquisas brasileiras. Mas, sem o estímulo, eles não voltam. Já estamos sofrendo com a falta de cérebros porque não conseguimos valorizar os nossos”, afirmou.

O estudante de química Carlos Eduardo Costa e Silva, 24, reside em São Francisco, nos Estados Unidos, onde pretende concluir a graduação. Segundo o jovem, a intenção, de início, era voltar para o Brasil logo quando terminasse a pós-graduação, que deve começar no ano que vem e se estender até 2020, mas os planos devem mudar.

“Da forma como estão as coisas no Brasil, fica difícil ter vontade de voltar. Eu queria ir e aplicar meus estudos no meu país, mas aqui eu tenho segurança”, afirmou. 

'The Guardian': Relatório alerta para possível retorno de surto do vírus Zika no Brasil

Jornal do Brasil
17 de julho de 2017



Matéria publicada nesta segunda-feira (17) pelo britânico The Guardian conta que de acordo com um relatório publicado dois meses depois que o governo declarou que o vírus zika não era mais uma emergência, as fraquezas no sistema de saúde pública colocam o país com o risco de enfrentar uma outra epidemia no Brasil.

"As condições subjacentes que permitiram que o surto fosse tão prejudicial não foram abordadas e existe uma vulnerabilidade para futuros surtos", disse Amanda Klasing, um dos autores do relatório. 

segundo a reportagem ela acrescentou que milhões de pessoas não possuem saneamento adequado ou água potável, e as mulheres também precisam de melhores informações e acesso à contracepção e aborto seguro.

Guardian informa que o Zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2014 e se espalhou rapidamente pelo país. Houve 191.992 casos em 2016 e em maio, 9.351 novos casos este ano. O ministério da saúde disse que o Zika foi responsável pela maioria dos 2.753 casos da devastadora microcefalia.

Muitas mulheres entrevistadas para o relatório disseram que faltam informações sobre contracepção e desconheciam que Zika poderia ser transmitida sexualmente. Quase metade daqueles com bebês microcefálicos eram mães solteiras, aponta o diário britânico.

Os abortos ilegais aumentaram no Brasil em face do surto de Zika, de acordo com um estudo de 2016 do New England Journal of Medicine. O relatório da HRW recomendou que a Suprema Corte do Brasil faça do aborto neste caso um ato legal.

"Politicamente, é muito difícil, mas de uma perspectiva de saúde pública, criminalizar o aborto é uma política terrível", disse Klasing.

O surto de microcefalia foi concentrado no ano passado no nordeste do Brasil - uma das regiões mais pobres e áridas - por razões que cientistas e pesquisadores ainda estão tentando entender. O relatório argumenta que a falta de saneamento adequado e abastecimento de água contribuiu - uma opinião que muitos especialistas compartilham, destaca o noticiário.

O mosquito Aedes aegypti, que transmite Zika e outros arbovírus como Dengue e Chikungunya, coloca ovos em superfícies úmidas perto da água. Saneamento deficiente e falta de abastecimento de água, o que significa que as pessoas armazenam água em baldes ou recipientes, proporcionam condições ideais para que se espalhe, complementa.

"Quando você tem mais condições para que o mosquito Aedes aegypti se espalhe, você tem mais possibilidades de transmissão", disse Jessé Alves, especialista em doenças infecciosas do hospital estatal Emilio Ribas, em São Paulo.

De acordo com as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, 35 milhões de pessoas no Brasil não possuem saneamento adequado e 3,8 milhões não têm acesso a água potável. No nordeste, apenas 25% estão conectados a um sistema de águas residuais, alerta.

"Há um grande déficit no país", disse Alceu Galvão, um consultor de saneamento no nordeste do estado do Ceará, após décadas de baixo investimento.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Temer sanciona MP que flexibiliza a regularização fundiária

Estadão
Giovana Girard
11 de julho de 2017

O presidente Michel Temer participa da cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Regularização Fundiária. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

Texto permite que grandes porções de áreas públicas invadidas na Amazônia sejam legalizadas; para ambientalistas, trata-se de 'MP da grilagem' e poderá incentivar ainda mais o desmatamento na região.

Enquanto o País estava prestando atenção na votação da Reforma Trabalhista, o presidente Michel Temer sancionou no final da tarde desta terça-feira, 11, a Medida Provisória 759, apelidada por ambientalistas como “MP da grilagem” por flexibilizar e ampliar as possibilidades de regularização fundiária de terras da União ocupadas na Amazônia Legal.

A justificativa do governo, que propôs originalmente o texto, aprovado pelo Congresso no final de junho, é que o Programa Nacional de Regularização Fundiária que ele institui vai dar título de terra para os mais pobres e reparar injustiças históricas com pessoas que ocuparam a Amazônia após chamado do próprio governo federal na década de 1970 e nunca tiveram sua situação legalizada.

De acordo com cálculos do Ministério do Desenvolvimento Agrário, pode permitir a entrega, até 2018, de 480 mil títulos rurais em todo o País. “[Com a lei, a população] vai ter a sensação de que ele pertence ao grupo da cidadania brasileira”, disse Temer na cerimônia em que anunciou a sanção.

O texto, porém, traz a possibilidade de regularização de grandes áreas griladas mais recentemente na Amazônia. “Estima-se que, só na Amazônia, poderá disponibilizar à iniciativa privada, por valores bem abaixo do mercado, em torno de 40 milhões de hectares de terras públicas”, comenta o Instituto Socioambiental.

Como lembra a pesquisadora Brenda Brito, do Imazon, em artigo publicado na plataforma Medium em página do Observatório do Clima, para resolver a dívida histórica na Amazônia, já havia sido instituído pelo governo Lula em 2009, também por MP, o Programa Terra Legal, pela lei 11.952.

Pelo Terra Legal, ficou autorizada a regularização de imóveis na região de 1.500 hectares ocupados até dezembro de 2004. “A nova proposta estende a possibilidade de regularização para áreas públicas invadidas até dezembro de 2011, ampliando o prazo em sete anos em relação ao que previa a Lei 11.592. A MP também estende o benefício da regularização para grandes invasores, permitindo a possibilidade de regularizar imóveis de até 2.500 hectares (mil hectares a mais que o permitido pelo Terra Legal)”, escreve Brenda.

“Quem invadiu terra pública após a aprovação da Lei 11.952 o fez sabendo que era ilegal e, portanto, praticou crime de invasão de terra pública, previsto no Art. 20 da Lei 4.947/1966. Ao ampliar o prazo para 2011, na prática a MP promove ampla anistia a esse crime. Além disso, historicamente no país o adiamento de prazos no tema fundiário leva à expectativa de que novas extensões ocorrerão no futuro. O resultado direto é a invasão de novas áreas públicas associada a desmatamento ilegal”, afirma a pesquisadora.

Após meses de expectativa, iceberg maior que o Distrito Federal se descola da Antártida

BBC Brasil
12 de julho de 2017

No momento, Antártida está no meio do inverno; a fenda que produziu o iceberg foi filmada no verão.
Foto: BAS

Um dos maiores icebergs já documentados acaba de se descolar da Antártida. O bloco gigante de gelo tem 6 mil km², uma área maior que a do Distrito Federal. O novo iceberg provavelmente está entre os dez maiores já registrados por um satélite. Um satélite americano observou o iceberg na quarta-feira enquanto passava por uma região chamada de plataforma de gelo Larsen C, na Antártida.

Os cientistas já esperavam pelo acontecimento, já que eles monitoravam o avanço de uma enorme fenda na plataforma há mais de uma década. Em maio, os satélites Sentinel-1 da União Europeia haviam registrado uma curva na fenda da Larsen C, indicando uma possível mudança de direção.

Agora que se desprendeu, o enorme bloco deve se afastar gradualmente da plataforma de gelo. "Isso não deve acontecer rapidamente porque o Mar de Wedell é repleto de gelo, mas tenho certeza de que será mais rápido do que todo o processo de ruptura dos últimos meses. Tudo dependerá das correntes e dos ventos", explica Adrian Luckman, professor da Universidade de Swansea, no Reino Unido.

A Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártida. As plataformas de gelo são as porções da Antártida onde a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre a terra.
Segundo cientistas, o descolamento do iceberg pode deixar toda a plataforma Larsen C vulnerável a uma ruptura futura.

A plataforma tem espessura de 350 m e está localizada na ponta oeste da Antártida.
Os pesquisadores vinham acompanhando a rachadura na Larsen C há muitos anos. Recentemente, porém, eles passaram a observá-la mais atentamente por causa de rupturas das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002.

No ano passado, cientistas afirmaram que a rachadura na Larsen C estava aumentando rapidamente. Mas, em dezembro, o ritmo aumentou a patamares nunca antes vistos, avançando 18 km em duas semanas.

Aquecimento global

Os cientistas dizem, no entanto, que o fenômeno é geográfico e não climático. A rachadura existe por décadas, mas cresceu durante um período específico. Eles acreditam que o aquecimento global tenha antecipado a provável ruptura do iceberg, mas não têm evidências suficientes para embasar essa teoria.

No entanto, os cientistas permanecem preocupados sobre o impacto do descolamento desse iceberg do restante da plataforma de gelo, já que a ruptura da Larsen B, em 2002, ocorreu de forma muito semelhante.

A expectativa dos cientistas é de que a recém separada plataforma se movimente pouco nos próximos anos. Mas, novas rupturas na plataforma podem acabar dando origem a geleiras que, em vez de permanecer na região, rumariam ao oceano. Uma vez que esse gelo derrete, afeta o nível dos mares. Ainda há poucas certezas absolutas, contudo, sobre uma mudança iminente no contorno da Antártida.

Orçamento de ciência e tecnologia pode encolher ainda mais em 2018

Estadão 
Blog do Herton Escobar
11 de julho de 2017

Foto: National Nuclear Security Administration/Wikipedia

Proposta inicial do Ministério do Planejamento prevê corte de quase 40% em relação ao orçamento deste ano. Em audiência no Congresso, pesquisadores e parlamentares alertam para o risco de um colapso imediato e irreversível do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. MCTIC reconhece que situação é "dramática"

O governo federal pode reduzir ainda mais os investimentos em ciência e tecnologia no Brasil no ano que vem. A proposta inicial de teto orçamentário para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) em 2018 representa uma redução de quase 40% em relação ao orçamento deste ano — que já pode ser considerado o mais esquálido da história do setor.

As informações são do secretário-executivo do MCTIC, Elton Zacarias, que está negociando uma ampliação desse limite orçamentário com o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. “Fizemos uma inserção no sistema com o limite dado pelo Ministério do Planejamento e uma segunda inserção com o número mínimo que a gente acha que precisa para trabalhar”, afirmou, em entrevista ao Estado. “Agora estamos aguardando ser chamados para conversar sobre os nosso pleitos.”

Em uma audiência realizada hoje de manhã na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal, Zacarias reconheceu que a situação do ministério é “dramática”. “No ano passado conseguimos equilibrar as contas do ministério, acabar com os restos a pagar”, disse. “Mas nesse ano, realmente, a situação está dramática. Eu nunca vi uma situação dessas.”

O orçamento previsto para o MCTIC na Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano era de aproximadamente R$ 5 bilhões. Esse valor, que já era baixo, foi reduzido para R$ 2,8 bilhões (44% a menos) com os contingenciamentos anunciados pelo governo federal em março. Em valores corrigidos pela inflação, isso é menos do que um terço do orçamento que a pasta tinha em 2010 e menos da metade do orçamento de 2005. Considerando que o tamanho da comunidade científica mais do que dobrou nesse período, pode-se considerar que é o cobertor mais curto da história. Não há dinheiro novo para pesquisas ou bolsas. Universidades e institutos de pesquisa em todo o país estão sem dinheiro até para pagar suas contas básicas de água e luz.

Uma redução de 40% no valor da LOA para 2018, essencialmente, perpetuaria essa situação de penúria gerada pelo contingenciamento no orçamento deste ano.

Bomba atômica

“Essa é a razão da crise; essa é a razão pela qual laboratórios estão fechando em vários Estados da federação”, disse o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich. Ele comparou os efeitos do corte orçamentário ao de uma bomba atômica, que, além dos efeitos destrutivos imediatos, deixa um legado nefasto de contaminação radioativa, que compromete o desenvolvimento das gerações futuras.

“As pessoas estão indo embora para outros países, e esse pessoal nós não vamos recuperar” — assim como os estudantes que estão deixando de se formar ou desistindo da carreira científica por falta de recursos e de perspectivas, completou Davidovich. “Está havendo um desmonte da ciência brasileira”, detonou o físico, que também é pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Metade dos membros de laboratórios importantes da UFRJ já foram embora”, disse.

Os efeitos mais perversos dessa “bomba”, segundo ele, serão sentidos no futuro, quando faltarem cientistas, engenheiros e outros recursos humanos qualificados para combater epidemias emergentes (como aconteceu com a zika), desenvolver novas cultivares e solucionar outros problemas estratégicos para o Brasil. “A preocupação não é com os nossos salários nem com os nossos empregos, é com o futuro do país”, disse Davidovich. “Estamos perdendo uma geração.”

Briga por dinheiro

As perspectivas são pouco animadoras. Mesmo que o MCTIC consiga negociar um limite orçamentário maior com o Ministério do Planejamento, é muito improvável que o orçamento da pasta cresça para 2018.

Pela lei do teto de gastos (Emenda Constitucional 95), aprovada em dezembro de 2016, o orçamento federal está congelado pelos próximos 20 anos — só pode aumentar de acordo com a inflação. Isso significa que, para aumentar os investimentos federais em ciência e tecnologia, será necessário tirar dinheiro de alguma outra área. Assim, tem início uma disputa entre ministérios — cada um brigando para manter a sua fatia do bolo e, quem sabe, abocanhar um pedaço da fatia do outro.

“O que vai acontecer é o seguinte: um ministério vai tentar tirar um pouco de dinheiro dos outros, tentando provar que seu programa é melhor que o do vizinho. Ou então, nós estamos travados”, avalia Zacarias. Com relação a este ano, ele disse que permanece otimista, e que os ministério segue batalhando pela liberação de novos recursos — como já conseguiu para o satélite geoestacionário, para o projeto Sirius e para o programa de inclusão digital GSAC, que estava prestes a fechar. “De pouco em pouco estamos avançando”, diz. “Cada dia, sua agonia.”
“Se está ruim em 2017, será muito pior em 2018”, disse, na audiência do Senado, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader.

Todos os presentes na audiência convocaram parlamentares e a comunidade científica a pressionar o governo por mais recursos, ressaltando a importância estratégia do setor para a retomada do crescimento econômico do país. “Sempre digo e não me canso de dizer: ciência e tecnologia não é gasto, é investimento”, afirma Helena. “Todos os países desenvolvidos sabem disso.”

Davidovich disse que não é possível esperar por um eventual descontingenciamento de recursos no fim do ano. “Os laboratórios estão parados; a situação é emergencial”, disse. “Precisamos resolver isso agora.”

“A dinâmica da crise é aceleradamente descendente, e as perdas são irreversíveis; não vamos poder chorar sobre o leite derramado”, disse o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies). Segundo ele, “há um perigo gravíssimo e acelerado de desintegrar” todo o sistema de ciência, tecnologia e inovação do país.


Texto atualizado em 12/07; com alguns esclarecimentos e informações adicionais.

Institutos de Pesquisa lançam manifesto

INPE
11 de julho de 2017



Durante o seminário “Redução do Orçamento de CT&I: Consequências e Possibilidades”, realizado nesta terça-feira (11/7) pela Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação na Câmara dos Deputados, em Brasília, os dirigentes das unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) apresentaram o seguinte manifesto, reproduzido na íntegra.

Os 70 anos do méson pi e os institutos de pesquisas do Brasil

Há exatos 70 anos, o físico brasileiro César Lattes (1924-2005) teve participação decisiva em uma das descobertas científicas mais importantes do século passado: a detecção do mésonpi (ou píon), partícula que mantém prótons e nêutrons unidos no núcleo dos átomos. Por esse feito, Lattes foi indicado sete vezes ao prêmio Nobel de Física.

Essa proeminência de Lattes alicerçou um cenário da história deste país em que ciência era parte importante de um projeto de nação, resultando, em 1949, na fundação, na cidade do Rio de Janeiro, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), instituto construído com base na pesquisa em tempo integral. Alavancados por aquele momento histórico, foram concebidos o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Foram também mudadas características de institutos já existentes, como o do já então centenário Observatório Nacional e do Instituto Nacional de Tecnologia. Mais tarde, foram criados o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), entre outros que compõem atualmente as chamadas unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), listados abaixo com seu ano de fundação.

Hoje, o Brasil conta com um número significativo de institutos dedicados à pesquisa científica e a seus desdobramentos tecnológicos. São instituições estratégicas para atacar os desafios enfrentados pelo Estado brasileiro, dando a essas tarefas uma abordagem científica e tecnológica. Praticamente todas são conhecidas pela excelência internacional de suas pesquisas, por seus laboratórios multiusuários e por servirem de infraestrutura de apoio aos grupos de pesquisa do Brasil e exterior, bem como interagem ativamente com empresas nacionais. Seus pesquisadores e tecnologistas participam de grandes colaborações científicas internacionais, nas quais muitos projetos têm participação da indústria brasileira, estreitando, assim, a relação desta com a ciência e a tecnologia.

Os institutos do MCTIC têm, além de função estratégica na relação entre ciência básica e setor produtivo, outra característica importante: seus cientistas mantêm ampla rede de contatosinternacionais, com acesso privilegiado a avanços científicos e tecnológicos, antes de estes virem a público. Além disso, são polos formadores de cientistas, engenheiros e técnicos altamente capacitados e com experiência internacional.

Os desdobramentos tecnológicos dessas colaborações internacionais permeiam nosso cotidiano e trazem riqueza para as nações e bem-estar para suas populações. Entre muitos exemplos, estão tratamentos mais eficazes para o câncer; meios de transporte mais seguros; celulares e TVs com funções; internet mais rápida e global etc. Um desses avanços tem consequências sociais e econômicas imensuráveis: a ‘www’ (páginas da internet), inventada por um cientista do CERN, Tim Berners-Lee, que, sem patenteá-la, deixou-a como patrimônio para a humanidade.

Porém, ao analisarmos a infraestrutura dos institutos de pesquisas do Brasil – e a compararmos com a de países cujo desenvolvimento é equivalente ao nosso – fica flagrante sua fragilidade, pois o número de cientistas e tecnologistas em nossos quadros é significativamente menor, com a agravante de vagas não repostas por aposentadorias. Some-se a esse cenário a redução sistemática nos orçamentos desses institutos ao longo dos últimos anos, estrangulando-os a ponto de ameaçar sua existência.

A aplicação dos contingenciamentos aos atuais orçamentos dos institutos de pesquisa do MCTIC causará danos irrecuperáveis a instituições estratégicas, alijando o Estado brasileiro de instrumentos essenciais para qualquer movimento de recuperação de nossa economia. É hora de se lembrar daquele momento histórico, ocorrido há exatos 70 anos, no qual ciência foi parte essencial de um projeto de nação.

Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF, 1949)

Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI, 1982)

Centro de Tecnologia Mineral (CETEM, 1978)

Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE, 2005)

Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN, 2011)

Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM, 1997)

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT, 1954)

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Mamirauá, 2004)

Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA, 1949)

Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA, 1952)

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA, 1952)

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 1961)

Instituto Nacional de Tecnologia (INT, 1921)

Instituto Nacional do Semiárido (INSA, 2004)

Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA, 1989)

Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC, 1980)

Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST, 1985)

Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG, 1866)

Observatório Nacional (ON, 1827)

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Brasil ajuda em ‘caça’ europeia a exoplanetas

Estadão
Fábio de Castro (SP)
10 de julho de 2017

Exoplanetas são os planetas fora do Sistema Solar  Foto: Wayne Rosing/The New York Times

Com participação direta de cientistas brasileiros, uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA) vasculhará o espaço em escala sem precedentes, com o objetivo de descobrir planetas habitáveis em outros sistemas solares. Oficializada no fim de junho, a missão Trânsitos Planetários e Oscilações das Estrelas (Plato, na sigla em inglês) agora tem financiamento garantido - o orçamento é de US$600 milhões (R$ 2,27 bilhões) - e será lançada em 2025.

Assim como outros telescópios caçadores de exoplanetas - como são chamados os planetas fora do Sistema Solar -, o Plato ficará em órbita em torno da Terra, enquanto observa o céu. Mas o conceito é inovador: o satélite terá 26 telescópios montados em uma só plataforma, o que eleva sua capacidade para rastrear estrelas e exoplanetas.

Segundo um dos brasileiros envolvidos no projeto, o astrofísico José Dias do Nascimento, o Plato deve levar para outro patamar a descoberta de exoplanetas, em comparação às principais missões anteriores com essa meta: o satélite francês Corot, que atuou entre 2006 e 2012, e o telescópio espacial Kepler, da Nasa, lançado em 2009. “A diferença é que agora a inovação é grande. O Corot observou aproximadamente 250 mil estrelas em 6 anos e o Kepler chegou a observar 450 mil. Já o Plato, com vários telescópios voltados para o céu simultaneamente, observará quantidade de estrelas na ordem de milhões”, disse Nascimento ao Estado.

Potência. Novo satélite terá mais eficiência na missão de buscar estrelas e planetas, afirma cientista da UFRN  Foto: José Dias Nascimento
Segundo ele, professor da Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador da Universidade Harvard (Estados Unidos), o que torna o Plato especial é a tecnologia das câmeras dos telescópios e os avanços científicos feitos a partir do legado do Corot e do Kepler. “O CCD é a parte do telescópio que faz a detecção e o do Plato é o mais potente construído, capaz de observar uma porção do céu muito maior em uma só exposição. Por outro lado, missões anteriores nos mostraram que as estrelas, por seu intenso magnetismo, têm ruídos intrínsecos que prejudicaram os resultados obtidos pelos telescópios. Agora, sabemos como filtrar isso.” 

O Plato terá 24 câmeras que serão acionadas a cada 25 segundos e duas rápidas acionadas a cada 2,5 segundos. Cada uma terá 4 CCDs com 4.510 x 4.510 pixels. Em comparação, o Kepler tem 21 CCDs com 2.200 x 1.024 pixels cada.

Para Nascimento, o Plato põe a Europa de novo na vanguarda da busca por exoplanetas. “Há uma competição internacional para ver quem vai observar os exoplanetas mais parecidos com a Terra, para que se possa chegar à detecção de vida. Por isso, a missão é procurar planetas que tenham idade próxima à da Terra e não só aqueles estejam na zona habitável - isto é, cujas características permitam a existência de água líquida na superfície, condição indispensável à vida.”

Brasil no espaço. Além de Nascimento, diversos cientistas brasileiros estão formalmente ligados à missão Plato e coordenarão equipes no projeto, como Adriana Valio, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Eduardo Janot Pacheco e Jorge Meléndez, ambos da Universidade de São Paulo (USP). “O projeto é da ESA e o financiamento é 100% europeu, mas o Brasil entrou pela qualificação científica de seus pesquisadores, que foram convidados por sua liderança historicamente reconhecida em determinadas áreas da astronomia”, disse Nascimento.

Satélite Geoestacionário brasileiro (SGDC) está sob controle total Telebras

AEB
6 de julho de 2017

Foto: Thales Alenia

O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC), lançado em maio de 2017, está sob o controle total da Telebras desde o dia 30 de junho. A operacionalização acontece tanto da sede da empresa, como do Centro de Operações Espaciais do Satélite Geoestacionário (COPE – P), ambos situados em Brasília.

De acordo com o Gerente de Engenharia e Operação de Satélites, Sebastião do Nascimento Neto, a entrega só foi feita graças a atuação da equipe Telebras, que não mediu esforços ao longo dos 4 anos de desenvolvimento do Projeto. “Nossa equipe está de parabéns. Os últimos 6 meses foram de trabalho ainda mais intenso. Tivemos que acelerar as atividades para cumprir os prazos estabelecidos e isso só foi possível graças ao empenho de todos”, diz Sebastião.

A Thales Alenia Space, empresa franco-italiana, responsável pelo fornecimento do artefato para o Brasil, elogiou o trabalho da Estatal e o empenho dos colaboradores envolvidos no Projeto.

Sebastião conta, ainda, que se sente orgulhoso e parabeniza a Diretoria Executiva da Telebras pelas ações realizadas. Ele também reforça o visível desempenho da equipe responsável pela infraestrutura que está se empenhando ao máximo para execução do cronograma, e por vezes até antecipando a entrega.

Neste momento, o Satélite Geoestacionário passa por fase de testes de rede pela Estatal e, segundo o gerente, em setembro o serviço de banda larga estará disponível para distribuição ao usuário final, sociedade civil e militar.

Fonte: Telebras

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Equipamento ajudará astronautas a remover lixo espacial ao redor da Terra

Correio Braziliense
Victor Correia*
3 de julho de 2017

Foto: Correio Braziliense/divulgação

Assim como as toneladas de lixo que poluem rios, mares e florestas, a humanidade deixa a sua marca quilômetros acima da superfície da Terra. Desde o início da era espacial, em meados dos anos 50, dezenas de satélites desativados orbitam o planeta, bem como pedaços descartados de foguetes e um incontável número de fragmentos formados pela decomposição e por choques entre sujeiras espaciais. Esse material pode destruir satélites e põe em risco serviços como telefonia, GPS e internet, além da integridade dos astronautas.


Até hoje, não houve uma missão para remover esses fragmentos, principalmente devido ao alto custo da empreitada, mas pesquisas são feitas para tentar resolver o problema. Publicado na última edição da revista Science Robotics, um trabalho conduzido pela Universidade de Stanford e pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, a agência espacial americana, resultou na criação de um braço robótico que poderá ser usado para remover parte dos detritos que orbitam a Terra.

O dispositivo usa um adesivo inspirado na pata de lagartixas, que conseguem aderir a praticamente qualquer superfície, mesmo contra a gravidade. Ele tem estruturas microscópicas, que criam uma atração entre as moléculas da superfície e as do adesivo, chamada de força de Van der Waals. A fita é capaz de grudar em qualquer tipo de material com uma pressão extremamente pequena, algo essencial para a captura de objetos em um ambiente de gravidade zero.

“Muitas tecnologias tradicionais para agarrar ou colar objetos não funcionam bem no espaço”, afirma Hao Jiang, principal autor do artigo. “Os fragmentos de lixo espacial são geralmente muito grandes para garras mecânicas convencionais. O ambiente extremo, com vácuo, temperaturas extremas, radiação e microgravidade também faz com que tecnologias adesivas não funcionem.”

Ao usar um adesivo comum, como uma cola ou uma fita dupla face, é preciso aplicar uma pressão entre as duas superfícies, às vezes por um período longo. Isso não é possível no espaço, pois a baixíssima gravidade permite que qualquer força aplicada em um objeto faça com que ele se mova. Se você tentasse fixar uma fita adesiva em um satélite desativado, por exemplo, ele sairia de sua órbita.

Inspiração nas lagartixas 

A garra desenvolvida pelos pesquisadores norte-americanos usa um tipo de adesivo chamado de Gecko Tape, que significa literalmente “fita lagartixa”. Várias universidades ao redor do mundo desenvolveram um material do tipo, incluindo a própria Stanford, que demonstrou sua eficiência em um dispositivo de escalada em 2014. A fita permitiu que um dos pesquisadores escalasse alguns metros em uma parede de vidro.

“O adesivo usa microestruturas em formato de cunha, com 50 a 100 micrômetros de tamanho e feitas de silicone”, detalha Hao. A fita adere à superfície se for pressionada em um determinado ângulo, fazendo com que as microestruturas se dobrem. Basta usar uma força muito pequena. “Quando essa força é removida, ela se descola.”

O adesivo criado para retirar os detritos do espaço tem uma placa central, retangular, para colar em superfícies planas, e uma garra com duas partes opostas para superfícies curvas. “Nossa garra é capaz de agarrar painéis solares, tanques de combustível, partes de foguetes, basicamente qualquer material que tenha uma superfície relativamente suave”, afirma Hao. “A versão atual pode pegar superfícies planas de qualquer tamanho e superfícies curvas entre 60 centímetros e 2,2 metros de diâmetro, mas podemos usar o mesmo princípio para criar garras de qualquer tamanho.”

O dispositivo foi testado em ambientes sem gravidade e, segundo os criadores, teve o desempenho aprovado. “Nosso trabalho foi um dos primeiros a criar um braço robótico e testá-lo em ambientes de gravidade zero e dentro da Estação Espacial Internacional. Nossos próximos passos incluem adicionar mais sensores à garra, integrar uma adesão eletrostática para aumentar o número de objetos que podem ser capturados e realizar testes no próprio espaço”, adianta Hao.

Risco cada vez maior de colisões

Os lixos espaciais orbitam a Terra a até 28 mil quilômetros por hora, dezenas de vezes a velocidade de uma bala. Uma colisão, mesmo que com um pedaço pequeno de lixo espacial, pode ter consequências graves e produzir ainda mais fragmentos. Como são muitos, a situação merece atenção, avaliam especialistas. “Parte do equipamento enviado em missões espaciais fica por lá”, diz Bruno Castilho, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica, o LNA, em Minas Gerais. “A maioria continua em órbita por muitas décadas. Existem cerca de 18 mil fragmentos com mais de 8 centímetros. Se considerar pedaços menores, existem mais de um milhão, mas isso é estimativa.”

Em 2009, o satélite russo Kosmos 2251 colidiu com o americano Iridium 33, causando a destruição de ambos. Essa foi a primeira grande colisão entre dois satélites e gerou pelo menos 1.668 fragmentos de lixo espacial, segundo o documento As dez maiores destruições de satélites reavaliadas, publicado pela Nasa em 2016. Os 10 maiores eventos produziram, juntos, 9.137 fragmentos.

“Essas colisões não são muito comuns, mas o lixo espacial aumenta rapidamente. A cada vez que acontecem, o número multiplica”, completa Bruno. “A Estação Espacial Internacional tem motores a jato e, toda vez que ela entra em uma área na qual existem pedaços de lixo espacial catalogados, gasta combustível para mudar sua órbita.”

“Avalanche catastrófica”

O risco de colisões foi tema de uma conferência de especialistas em maio, na cidade de Camberra, na Austrália. Na ocasião, Ben Greene, chefe do Centro de Pesquisa Espacial australiana, que organizou o encontro, disse que é possível a ocorrência de “uma avalanche catastrófica de colisões que poderia destruir rapidamente todos os satélites em órbita”. Segundo ele, apenas 22 mil desses pedaços são rastreados, muitos deles se deslocando com velocidade superior a 27 mil quilômetros por hora, em meio a uma infraestrutura espacial de US$ 700 bilhões.

Os prejuízos já são contabilizados. “Perdemos três ou quatro satélites por ano por colisões com restos espaciais. Estamos muito perto, segundo estimativas da Nasa, de perder tudo dentro de cinco a 10 anos”, disse Greene. O desenvolvimento de tecnologia de rastreamento dos restos espaciais é, segundo o especialista, uma das apostas do setor para amenizar o problema. (VC)

Monitoramento brasileiro

Desde 5 de abril, o Brasil tem um telescópio em funcionamento dedicado a detectar pedaços de lixo espacial. O telescópio russo, como é conhecido, foi instalado no Observatório Pico dos Dias, na cidade de Brazópolis, em Minas Gerais, e é fruto de uma parceira entre a agência espacial russa e o Laboratório Nacional de Astrofísica, o LNA.

“A detecção é feita por fotografias”, disse Bruno Castilho, diretor do LNA. “É feita uma imagem por minuto, acompanhando as estrelas. Os satélites e os lixos espaciais formam riscos na imagem. Os objetos são comparados com um catálogo e, se eles já foram observados, é possível atualizar os dados de suas órbitas. Além disso, o LNA tem acesso a essas imagens para estudos em astrofísica.”

O telescópio, em sua fase de testes, foi capaz de detectar 200 fragmentos de lixo espacial em uma única noite. O Observatório Pico dos Dias fica a 1.800 metros de altitude e tem uma visão privilegiada do céu: o local já contava com outros quatro telescópios.

* Estagiário sob a supervisão de Carmen Souza

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Forças Armadas precisam de R$ 16 bilhões para projetos estratégicos, afirma ministro

Agência ABIPTI
30 de junho de 2017



O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (29), em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, sobre a importância de o Congresso Nacional se debruçar com maior efetividade nos assuntos referentes às Forças Armadas, e dessa forma, evitar ameaças ao Brasil, como ataques cibernéticos e ameaças terroristas. Isso inclui a necessidade de investir em projetos estratégicos para o setor.

De acordo com Jungmann, a maioria dos projetos de defesa do país tiveram cortes de recursos devido à crise econômica, sofrendo atrasos. “Para que nós mantivéssemos o cronograma, eu diria que algo ao redor de R$ 16 bilhões nos próximos anos seria o suficiente, para que ainda não os atrasasse mais, já que eles são fundamentais para a capacidade operacional das Forças”, disse.

Um exemplo citado pelo ministro foi a importância do submarino brasileiro de propulsão nuclear (SN-Br), que sofreu atrasos em sua entrega devido aos contingenciamentos no orçamento da pasta. O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que viabilizará o submarino nuclear, precisaria de aproximadamente R$ 2,4 bilhões para cumprir todas as metas. Mas nos últimos dois anos operou com R$ 1,2 bilhão a R$ 1,3 bilhão.

“Nós temos hoje 260 plataformas em petróleo e pré-sal. É bom lembrar que na Guerra das Malvinas, em 1982, toda a esquadra da Marinha argentina não saiu dos portos por causa de um submarino nuclear”, lembrou.

Jungmann também chamou atenção dos senadores com relação à questão da segurança nas fronteiras e falou sobre as ações das Forças Armadas na região, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Exército, que precisa de mais recursos para avançar, e a operação Ostium, da Força Aérea Brasileira (FAB), que reforçou o monitoramento aéreo com o uso de radares impedindo que aeronaves não autorizadas circulem entre os países fronteiriços.

Para o ministro, as ações de Defesa devem estar inseridas no projeto de desenvolvimento nacional, com previsão orçamentária compatível às responsabilidades das Forças Armadas. “Projetos estratégicos de alta tecnologia exigem maturação e previsibilidade de recursos”, comentou Jungmann, ao pontuar que o conhecimento tecnológico de Defesa não é compartilhado entre países e precisa ser desenvolvido em território nacional.

Base de Alcântara

Outro tema abordado na reunião foi o uso da base de lançamento de Alcântara (MA). Segundo o ministro, o Brasil deixa de arrecadar US$ 1,5 bilhão por ano pelo não uso da base, que está parada desde 2001. Jungmann defende que país não pode repetir o equívoco de atrelar a base a um único parceiro, como fez com o acordo de parceria com a Ucrânia.

Ele afirmou que o governo não cogita ter apenas um país parceiro em torno da base, por entender ser esta a melhor forma de evitar ações buscando inviabilizá-la, por razões de concorrência comercial. “Nesta nova concepção nós vamos trabalhar com China, Rússia, EUA, Israel, França, com empresas nacionais, seja quem for. Já estamos negociando com qualquer país que tenha interesse, não haverá monopólio”, ressaltou.

Jungmann acrescentou que a minuta definindo um novo modelo de uso para a base será em breve encaminhada ao Congresso Nacional, e pediu a compreensão da oposição para que o veja como sendo de "interesse nacional". O ministro avalia a Base de Alcântara como "a melhor do hemisfério", a mais econômica, capaz de colocar o país no lucrativo mercado de lançamento de satélites.

(Agência ABIPTI, com informações do Ministério da Defesa, TV Senado e Agência Senado)