quarta-feira, 29 de março de 2017

Governo demite professor e desrespeita pesquisadores

Adufrj
Ana Beatriz Magno e Kelvin Melo
23 de março de 2017

Renato Cotta foi surpreendido pela demissão - Foto: Divulgação Coppe/UFRJ

A politicagem sacrificou a ciência mais uma vez. Na última sexta-feira, 17, o professor Renato Cotta, titular da Coppe, foi demitido da presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

A exoneração foi provocada pela resistência do docente em aceitar a indicação de nomes sem capacidade técnica para ocupar cargos na Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), empresa subordinada à CNEN.

Os indicados, segundo reportagem da Folha de S. Paulo do dia 19, seriam apadrinhados de políticos contrários à reforma da Previdência. Ou seja, os cargos seriam trocados por votos a favor da reforma.

Detalhe: os profissionais indicados já haviam sido rejeitados por uma comissão técnica da própria Nuclep. “Fui supreendido pela demissão, mas estou feliz em voltar para a sala de aula. A UFRJ é a minha base”, diz o docente, professor da universidade desde os 27 anos de idade.

A demissão indignou a comunidade científica. “Este governo está expulsando nossos talentos”, lamenta Alberto Luiz Coimbra, 93 anos de idade, fundador da Coppe que empresta o nome à Unidade. A atual direção da instituição se manifestou por meio de nota. Segundo o texto, “o governo revela descaso em priorizar quadros técnicos qualificados na área da Ciência e Tecnologia”.

Outra instituição que não se calou foi a Sociedade Brasileira de Física. Belita Koiller, presidente da SBF, enviou uma carta ao ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Gilberto Kassab, cobrando a reversão da exoneração. “O Brasil precisa prestigiar suas competências e deve apoiá-las quando exercem cargos de direção em órgãos governamentais”, completou.

Belita leu a matéria da Folha de S. Paulo que relaciona o loteamento dos cargos da CNEN à troca de votos pró-reforma da Previdência: “Não é de se espantar, mas entristece. Acho tudo isso lamentável”, observou.

Na avaliação de Odair Dias Gonçalves, professor do Instituto de Física, que presidiu a Comissão Nacional de Energia Nuclear, de 2003 a 2011, a decisão ameaça a política nuclear brasileira que, segundo ele, já vinha sofrendo desprestígio no governo de Dilma. “Sendo verdade (que os cargos seriam trocados por votos pró-reforma da Previdência), isso é um absurdo”, disse. Para ele, as indicações políticas são normais em órgãos do governo, mas a capacitação técnica sempre foi um ponto respeitado na CNEN.

O professor receia que o tratamento do governo faça o país perder uma capacidade em relação à tecnologia nuclear que poucas nações dominam em todo o planeta. Ele completou:  “Cada vez mais se usa radiação em Medicina, em processos industriais. Se não tivermos órgão regulador forte, se não tivermos pessoas dessa área que conheçam as questões, corremos um sério risco”, explica.

Até o fechamento desta edição, a assessoria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações não atendeu os telefonemas nem respondeu à mensagem enviada pela reportagem para esclarecer as críticas da comunidade científica.
Atualização: Após o fechamento desta edição, a assessoria do MCTIC respondeu à reportagem, mas não justificou a demissão do professor Renato Cotta. Limitou-se a dizer que a exoneração é baseada no Decreto 40.110, de 1956. Segundo a legislação, o cargo de presidente da CNEN é de livre escolha e nomeação do presidente da República: "O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)  reconhece o importante papel da Nuclep para a cadeia produtiva do setor nuclear e a independência do país com o domínio da tecnologia para fabricação de peças e equipamentos que permitem o avanço nesse setor entendido tanto como energético como de defesa. O MCTIC esclarece que está em análise, o parecer da Nuclep que trata da elegibilidade de sua diretoria".

Entrevista

A voz da experiência

Alberto Luiz Coimbra, 93 anos, fundador da Coppe, observa com lucidez a cena política brasileira e lamenta a demissão do colega Renato Cotta. Em entrevista à reportagem da Adufrj, o professor registra seu desencanto com os rumos do país e o impacto na universidade:

Como o senhor avalia a demissão do professor Renato Cotta?
É uma perda muito grande para nós, para a Engenharia Nuclear e para o Brasil.

Qual o impacto na universidade?
Estamos perdendo nossos talentos. Quando fundei a Coppe, fizemos todo um esforço para trazer nossos melhores quadros que estavam fora do Brasil. Agora, parece que retrocedemos décadas. Nossos pesquisadores estão indo embora. Isso para a pesquisa em tecnologia é dramático.

Qual a relação entre a política e a ciência e tecnologia?
Nesse governo, parece que é a pior possível. Esse governo não se preocupa com o desenvolvimento tecnológico. A demissão do professor Renato é uma prova disso.

terça-feira, 28 de março de 2017

[SGDC] Governo Temer entregará mais de 80% de supersatélite a multinacionais

Viomundo, blog 
Carlos des Essarts Hetzel
28 de março de 2017



Estava previsto para 21 março de 2017, passou para o dia seguinte, quando foi adiado mais uma vez devido a uma greve na Guiana Francesa. A nova data ainda não está definida.

Estou-me referindo ao lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC-1), que, do Centro Espacial de Kouru, na Guiana, será colocado em órbita espacial, pelo veículo lançador Ariane VA 236.

Trata-se do primeiro satélite brasileiro depois da privatização do sistema Telebrás.

Pesando 5,8 toneladas e 5 metros de altura, um dos maiores do mundo, ficará em órbita geoestacionária, a 35.786 Km de distância da Terra (nível do mar).

Cobrirá todo território brasileiro, países fronteiriços ao Brasil e parte do Oceano Atlântico. Terá dois Centros de Controle e Operação, sendo um em Brasília (DF) e outro no Rio de Janeiro (RJ).

Este investimento do Estado Brasileiro vai trazer mais segurança para as comunicações estratégicas do governo, bem como para as comunicações do setor civil e militar, pois seu controle e operação será feito no Brasil, por brasileiros, resultado da parceria entre a Telebrás e o Ministério da Defesa.

Idealizado no governo do presidente Lula, foi uma decisão estratégica e necessária, considerando a necessidade inadiável de o Brasil voltar a ter seu próprio sistema de comunicação satelital, atendendo assim, aos ditames constitucionais que versam sobre a Segurança Nacional e a Independência e Sigilo das Comunicações civis e militares.

O Sistema Nacional de Comunicação Via Satélite é uma questão de soberania e segurança nacional, pois os atuais satélites utilizados pelo Brasil são de propriedade e controle de multinacionais. Sua operação é feita por estações terrenas localizadas fora do país.

No caso de conflito internacional ou litígio decorrente de outros interesses políticos ou econômicos, os riscos de interrupções e/ou corte nas comunicações são reais.

Neste momento que deveria ser de glória do povo brasileiro e de fortalecimento da soberania nacional, pois estamos caminhando para adquirir a independência nas comunicações via satélite, fomos surpreendidos, no dia 23/02/2017, pelos dirigentes da Telebrás, quando em audiência pública, ratificada pelo Edital de Chamamento Público n. 01/2017, apresentaram proposta para comercialização do Satélite–SGDC, optando por dividir a capacidade satelital em 4 lotes e alienar 3 deles, isto é, mais de 80% da capacidade, mediante oferta pública.

Esse Satélite, que sequer entrou em operação, será vendido no mercado para as grandes operadoras multinacionais de telecomunicações, sem absolutamente nenhum compromisso de prestação de serviços para a sociedade brasileira, desconsiderando o arcabouço normativo que legalizou sua aquisição, operação e utilização.

Ao valor de R$ 2,1 bilhões, esse satélite foi projetado para atender, em caráter prioritário, as seguintes demandas:

• As necessidades de universalização de banda larga em todo Território Nacional, principalmente aos 2325 municípios localizados, na quase sua quase totalidade, nas regiões Norte- Nordeste, que hoje se encontram em estado de “apagão digital”, gerador dos “excluídos digitais”.

• Atendimento a pequenos provedores de acesso à internet com backhaul.

• Infraestrutura para provimento de serviços de dados ao governo.

• Serviço de comunicação e transmissão de dados das Forças Armadas brasileiras.

Dentre estes serviços, também o atendimento direto às residências, aos usuários excluídos, num modelo de negócios ao usuário final, com preços compatíveis à realidade econômica da população.

É de bom alvitre salientar que, em 1998, o setor de telecomunicções foi privatizado pelo governo do PSDB, com valores abaixo do preço real de mercado, utilizando dinheiro público através do BNDES.

Esta manobra é conhecida como “Privataria Tucana”.

Para entender um pouco o que aconteceu nesta privatização com o importante setor de satélites nacionais de comunicação, faremos um brevíssimo histórico;

Em 1985 foi lançado o 1° Satélite Doméstico Brasileiro, o Brasilsat A1, de fabricação Canadense, tendo sua operação e controle pela Embratel, empresa do Grupo Telebrás.

Logo vieram os satélites BrasilSat, A2, B1, B2, B3 e B4.

Este universo “estrelar satelital brasileiro”, composto de 6 satélites geoestacionários de comunicação e de suas estações terrenas de controle e operação, que também serviram às comunicações dos países vizinhos da América Latina, foram entregues a partir de 1998, para a iniciativa privada multinacional.

Primeiramente à empresa estadunidense Verizon e, em seguida, ao mexicano, Sr. Carlos Slim, dono da América Móvil, que é hoje a maior empresa de telecomunicações da América Latina; no Brasil, controla Embratel, Claro e Net.

Esta entrega nos deixou com as comunicações — militares e civis — controladas e na completa dependência de uma empresa multinacional.

Esta mesma situação poderá se repetir se prosperar este modelo proposto pela Telebrás, pois sem nenhum objetivo de atendimento social e, tampouco, sem impor um valor mínimo pelos lotes vendidos, comunica ao mercado que pretende transferir, mais uma vez, patrimônio público estratégico para a iniciativa privada.

É necessário clarear a existência de normas legais que serviram de balizador para o gasto de R$2,1 bilhões do erário, para a aquisição desse satélite.

Vejamos o arcabouço legal:

O ACÓRDÃO N° 589/2013 – CD, do Conselho Diretor da Anatel, que autorizou a emissão do Termo de Autorização do SGDC em favor da Telebras, sem licitação e pelo valor mínimo, dita que:

2. O referido sistema satélite será́ implantado com vistas a assegurar a autonomia das comunicações satelitais militares e das comunicações estratégicas entre os Órgãos e Entidades da Administração Pública Federal, bem como ferramenta de atendimento à demanda de massificação do acesso à internet, objeto do Programa Nacional de Banda Larga — PNBL.
O direito de exploração do SGDC foi conferido à Telebrás com um condicionante, conforme o Termo de Direito de Exploração:

“5.9. A EXPLORADORA DE SATÉLITE, quando do provimento da capacidade espacial associada ao objeto deste Termo, deve se ater ao cumprimento dos objetivos do Plano Nacional de Banda Larga – PNBL em cotejo com o dever de implementação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas – SGDC.” .
A Procuradoria da Anatel é enfática ao afirmar (Parecer no 99l/2013/MGN/PGF/PFE-Anatel, de 26 de agosto de 2013):

a) a referida outorga à Telebrás deve-se ater ao cumprimento dos objetivos do P N B L e m cotejo com o dever de implementação do SGDC, não podendo extrapolar tal finalidade, sendo necessário que essa determinação conste nos respectivos Atos e Termos.
Ademais, a prevalecer as cláusulas da minuta contratual (anexa ao Edital de Chamamento Público) que versam sobre a utilização por terceiro das estações de acesso do SGDC de propriedade da Telebrás (gateways), ou ainda a utilização de outros centros de controle, de propriedade daquela empresa que passar a ser a cessionária dos lotes em processo de alienação, estará caracterizada o total desrespeito às determinações da Anatel, passível inclusive de extinção do Direito de Exploração do SGDC.

O Termo de Autorização é inquestionável ao determinar:

“3.1. Obriga-se a EXPLORADORA DE SATÉLITE a informar previamente à Anatel alterações técnicas ao projeto, relativamente ao constante da Metodologia de Execução, sob pena de extinção do Direito de Exploração e perda do valor pago por este direito referido no item 2.1.

4.1. O segmento espacial será explorado em conformidade com os termos da regulamentação concernente e observadas as condições fixadas na Metodologia de Execução.”
Objetivo da Metodologia:

Quanto aos tipos de aplicações na banda Ka, conforme mencionado pela Telebrás, o SGDC será otimizado para tráfego IP banda larga de alta capacidade, sendo essa capacidade utilizada para complementar e expandir o atendimento ao PNBL em localidades de difícil implementação de rede terrestre de fibra óptica. Para tanto, serão disponibilizados backhauls de alta capacidade aos provedores interessados em prover serviços de acessos banda larga IP aderentes ao PNBL.

Outra aplicação é o transporte das comunicações dos órgãos do governo consideradas estratégicas e que exigem algum grau de sigilo e segurança da informação contida na comunicação.
Nesse caso, a rede de satélite irá disponibilizar aplicações tipo ponto-a-ponto e ponto-multiponto/área (fls. 16 a – 17).

Embora a Metodologia de Execução seja um documento considerado confidencial, dentro do processo que concedeu o direito de exploração do SGDC à Telebras, o Informe no 467/2013- ORLE/0RER/SOR, de 29/10/2013, é categórico ao afirmar que as chamadas estações de rastreamento, telemetria e comando do satélite serão operadas pela Telebrás em conjunto com o Ministério da Defesa.

Transcrição do Informe no 467/2013-ORLE/0RER/SOR, de 29/10/2013, citado na Nota acima:

Conforme consta da Metodologia, o SGDC será composto pelo segmento espacial, cujo satélite terá um módulo de carga útil com transponders nas bandas X e Ka e um módulo de serviço que inclui sistemas de energia, posicionamento, telemetria, monitoração, dentre outros, e com previsão de 2 (duas) estações de rastreamento, telemetria e comando do satélite (TT&C); bem como pelo segmento terrestre que terá estações de controle de comunicações e estações terrenas (fl. 13).
Observe-se mais uma vez na Metodologia, que as estações TT&C e Segmento Terrestre, deverão ser operadas pela Telebrás em conjunto com o Ministério da Defesa, pelo princípio básico da Segurança Nacional e do Sigilo das Comunicações, deveres e obrigações devidamente positivadas na Carta Magna.

Neste novo modelo de negócios da Telebrás, um verdadeiro pacote de maldade, é adicionada também, a vedação da participação em consórcio, eliminando as Operadoras Médias e Pequenas que hoje verdadeiramente estão fazendo a massificação da banda larga no Brasil.

É de bom alvitre salientar que, em 2016, esses ISP´s – Provedores de Serviços Internet Regionais, foram responsáveis por 46% dos novos usuários de banda larga fixa no Brasil.

Como podemos verificar, a política do governo atual, de entrega do patrimônio público, tem data marcada pela Telebrás, 04 de abril, data da implementação deste nefasto modelo de negócios.

Acreditamos que se a sociedade e o Congresso Nacional não reagir imediatamente a essa “privatização antecipada”, mais uma violência contra a nação brasileira e o seu povo será executada, entregando-se um patrimônio imprescindível e estratégico para o desenvolvimento da sociedade e de Segurança Nacional.

BSB, 27 de março de 2017

Carlos des Essarts Hetzel é especialista em Telecomunicações & Infraestrutura de TIC; trabalha na liderança do PT no Senado.





Lançamento do satélite brasileiro fica para abril

Teletime
Lúcia Berbert
27 de março de 2017

Foto: AEB

O lançamento do satélite geoestacionário da Telebras não deve acontecer antes do mês de abril. Isto porque, segundo informações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a greve geral na Guiana Francesa continua e, após o término da paralisação, serão necessários em torno de dez dias para retomar o procedimento de lançamento.

Por causa da greve, o foguete Ariane 5, que levará o satélite da Telebras ao espaço, não pode ser deslocado para a zona de lançamento em Kourou. Os grevistas levantaram uma barreira na entrada do centro espacial.

Além do satélite brasileiro, o foguete da Arianespace lançará em órbita também o satélite KOREASAT-7, da Coreia do Sul, que fornecerá serviços de vídeo e dados para a Coreia, as Filipinas, o Sudeste Asiático, a Índia e a Indonésia. A Arianespace informa que o veículo de lançamento, com suas cargas úteis do satélite SGDC e KOREASAT-7, permanece em modo de espera e está sendo mantido em condições totalmente seguras.

Seca prolongada exige estratégias de convivência, alertam pesquisadores do Insa

MCTIC
28 de março de 2017

Cultivo da palma forrageira integra as estratégias de convivência com a seca apontadas pelos pesquisadores do Insa. Foto: Insa

Segundo Instituto Nacional do Semiárido, fenômeno El Niño, se confirmado, deve agravar estiagem que já dura 5 anos no semiárido, o que reforça a importância de tecnologias sociais para captar água e produzir.

Pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), alertam para o agravamento da estiagem caso seja confirmada a ocorrência do fenômeno El Niño em 2017. Os modelos oceânicos analisados pelos principais centros de meteorologia do mundo apontam a possibilidade de o El Niño influenciar negativamente o regime de chuvas no Nordeste brasileiro. 

A seca no semiárido já dura seis anos e atinge a maior parte da região, de acordo com o mapa de monitoramento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Lapis/Ufal) em parceria com o Insa.

Segundo os pesquisadores, a formação do fenômeno La Niña e o esfriamento das águas do Oceano Pacífico no final de 2016 aumentaram as expectativas sobre a chegada das chuvas no semiárido neste ano. No entanto, desde janeiro, a Temperatura da Superfície do Pacífico Equatorial encontra-se em elevação, o que indica a possibilidade de ocorrência do El Niño.

"As pesquisas meteorológicas têm demonstrado que a posição geográfica do Nordeste favorece a ocorrência de seca quase sempre associada com o fenômeno El Niño", explica o meteorologista, Humberto Barbosa, coordenador do Lapis/Ufal.

O primeiro instituto a sinalizar a formação do El Niño em 2017 foi o Bureau of Meteorology, da Austrália, em boletim de 28 de fevereiro. De acordo com o documento, seis das oito simulações indicaram potencial ocorrência do fenômeno até julho deste ano. Em março, o Instituto Americano de Oceanografia e Meteorologia (NOAA) e o Instituto de Pesquisa Internacional para o Clima (IRI), da Universidade de Columbia, reforçaram o alerta.

"A continuidade da seca no semiárido trará insegurança alimentar e hídrica para uma população rural e urbana de mais de 24 milhões de pessoas que vivem na região", afirma Humberto.

Estratégias

A seca prolongada exige estratégias para captar e armazenar água, viabilizar a agricultura de sequeiro, sobretudo o cultivo do milho e do feijão, produzir forragem e preservar o uso da caatinga. De acordo com a pesquisadora Marilene Melo, do Insa, tecnologias sociais foram desenvolvidas para captar água da chuva nos telhados das casas e levá-la por meio de canos para cisternas, garantindo o consumo das famílias e dos animais. Já a água acumulada nos barreiros, que são tanques escavados no solo, pode ser usada nas plantações. "No semiárido, a água é um recurso limitado. Por isso, é importante estocar", afirma.

Segundo a pesquisadora, as criações também são fundamentais para garantir renda para os pequenos produtores. "Os agricultores foram percebendo que a melhor estratégia para enfrentar um longo período de estiagem é manter um rebanho com pequenos animais, como cabras e ovelhas. Além disso, também foram reduzindo a quantidade de animais em suas propriedades", explica.

Palma

Outra estratégia de convivência com a seca é usar sementes e plantas mais adaptadas ao clima no semiárido. "Os agricultores buscam alternativas para viabilizar a agricultura de sequeiro, recorrendo a sementes mais resistentes", diz o agrônomo do Insa João Macedo, que também atua como consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Ele lembra que uma importante fonte de água e alimento para os rebanhos do semiárido são as plantas forrageiras, tanto as nativas quanto a palma, cuja revitalização vem sendo incentivada pelo Insa com o desenvolvimento de variedades resistentes ao inseto-praga Cochonilha do Carmim. Pesquisa do Insa aponta que o uso da palma forrageira na alimentação de caprinos e ovinos diminui em até 60% o consumo de água pelos animais. "A segurança alimentar dos animais do semiárido passa pelas plantas forrageiras", ressalta o agrônomo.

Por isso, o Insa investiu R$ 500 mil no projeto de revitalização da palma, que resultou na implantação de campos de pesquisa e multiplicação em 26 municípios do semiárido da Paraíba atingidos pela praga. Vinte pesquisadores participaram do projeto, que também inclui a distribuição de 5,3 milhões de raquetes-sementes.

Laboratório do Inpe desenvolve novo tipo de combustível para uso em foguetes e satélites

MCTIC
28 de março de 2016

Foto: INPE

Pesquisadores descobriram que a mistura de etanol e etanolamina com água oxigenada pode propulsionar espontaneamente motores de apogeu e últimos estágios de lançadores. Baixo custo de produção é atrativo.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu um novo tipo de combustível que pode ser utilizado para a propulsão de motores de foguetes usados no lançamento de satélites. O composto utiliza uma combinação de etanol e etanolamina que reage com peróxido de hidrogênio, a popular água oxigenada, concentrado a 90%. A mistura desses elementos, catalisada por sais de cobre, entra em combustão espontaneamente, culminando na propulsão do estágio satélite. Acompanhe neste vídeo.

Segundo o chefe do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP), Ricardo Vieira, o propelente pode ser melhor utilizado em motores de apogeu, usados na transferência de órbita de satélites, ou nos últimos estágios de veículos lançadores. Trata-se de uma reação hipergólica, que gera ignição espontaneamente apenas pelo contato dos componentes químicos, sem a presença de fontes externas para a ignição.

"Descobrimos que o etanol funciona muito bem nessa reação. Com ele, o atraso de ignição é bem menor, aumenta o desempenho do motor e reduz os custos do combustível. A decomposição do peróxido a 90% eleva muito a temperatura do sistema, o que facilita na ignição do motor. Dentro dos requisitos que trabalhamos, o sistema funciona muito bem", explicou Vieira.

Custo x benefício

O combustível brasileiro apresenta vantagens em relação aos propelentes comumente usados pela indústria espacial no mundo, como, por exemplo, a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio. Ambos são importados e têm alto valor de compra. Um quilo de cada uma dessas substâncias é cotado a R$ 1 mil, aproximadamente. Além disso, a hidrazina e seus derivados são cancerígenos, e o tetróxido de nitrogênio pode ser fatal após poucos minutos de exposição, mesmo a baixas concentrações no ar.

Já o combustível desenvolvido no LCP tem um custo médio de R$ 35 por quilo e não oferece risco. Além disso, a concentração do peróxido de hidrogênio a 90% é feita no próprio laboratório. "A eficiência é próxima a dos propelentes tradicionalmente utilizados em propulsão, a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio. A vantagem que temos são o preço e a segurança no manuseio dos componentes, que não poluem o meio ambiente", ressaltou o pesquisador.

O Laboratório Associado de Combustão e Propulsão é o único laboratório no Brasil capaz de concentrar o peróxido de hidrogênio 70% para aplicações aeroespaciais.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Estudantes se preparam para a Olimpíada Brasileira de Física com aulas no CBPF, no Rio de Janeiro

AEB
24 de março de 2017

Primeira fase da OBF acontece no dia 8 de maio - Crédito: CBPF

São 129 alunos do 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio, de escolas públicas e particulares, participando das aulas realizadas no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, em parceria com a UFRJ. Objetivo é divulgar a ciência e motivar os jovens a ingressar nas carreiras científicas. Curso acontece aos sábados, até outubro deste ano.

Estudantes que vão disputar a Olimpíada Brasileira de Física (OBF) contam com o reforço do curso preparatório oferecido pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para o curso, foram selecionados 129 alunos do 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio. Do total, 25% são de escolas públicas. As aulas serão realizadas todos os sábados até outubro deste ano. 

"É uma atividade fundamental para divulgar ciência, em especial, a física para os jovens, com o intuito de motivá-los a optar futuramente por carreiras científicas", disse o pesquisador João Paulo Sinnecker, coordenador da pós-graduação do CBPF.
"O objetivo é ajudar na preparação dos alunos paras as provas da OBF, divulgar as pesquisas na fronteira da física e, com isso, atrair jovens talentos para as ciências exatas", completou o pesquisador Rodrigo Capaz, da UFRJ.

Segundo ele, o projeto da ‘Equipe UFRJ-OBF' começou no ano passado como um projeto-piloto, só com alunos do 2º ano do ensino médio. "Para este ano, conseguimos um financiamento da Fundação Lemann, o que nos permitiu ampliar o projeto. Surgiu também a ideia de realizar as atividades aos sábados, estabelecendo uma parceria com o CBPF", explicou Capaz.

OBF

Realizada desde 2006 pela Sociedade Brasileira de Física, a OBF tem como objetivos despertar e estimular o interesse pela física, proporcionar desafios, aproximar as universidades do ensino médio e identificar grandes talentos em física, preparando os estudantes para as olimpíadas internacionais e estimulando o ingresso nas carreiras científicas e tecnológicas. As inscrições devem ser feitas pelas escolas até 8 de maio, sendo que a primeira das três fases da competição será realizada nas próprias escolas no dia 8 de maio. A OBF tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Saiba mais.

Engenheiro colabora no processo de montagem e integração do SGDC

AEB
23 de março de 2017



Formado pela Universidade de Brasília (UnB) em Engenharia Mecânica, com mestrado em Ciências Mecânicas, Cristiano Vilanova foi um dos técnicos que participou da montagem e integração técnica do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), em Cannes, na França.

Entre idas e vindas, Cristiano ficou cerca de dois anos em Cannes. Ele conta que acompanhou todas as fases e etapas do satélite, dando ênfase para a de seu domínio, ou seja, a parte de integração mecânica, “Eu espero ser capaz de fazer tudo que diz respeito à montagem e integração”.

“A montagem é simplesmente colocar os equipamentos nos lugares, já a integração garante o funcionamento dos equipamentos. Além de fixar os equipamentos, você tenta garantir a conexão com as outras partes do satélite para evitar danos em alguma peça. Se tudo estiver correto, o satélite está integrado. Todo equipamento tem um critério de integração”, ressalta o engenheiro.

O conhecimento adquirido no programa de absorção e transferência de tecnologia não ficou restrito ao SGDC, mas também poderá ser aplicado à construção de outros satélites. Cristiano revela: “São vários os requisitos que precisam ser demonstrados, como a questão da internet, na área militar. Aí entram os testes. À medida que o equipamento vai sendo montado vai se antecipando os testes”.

Ele afirma que a ideia é aplicar esses conhecimentos que adquiriu em futuros projetos de satélites brasileiros. “A Agência Espacial Brasileira (AEB) está com uma filosofia de desenvolvimento de microssatélite. A ideia é elaborar um plano de integração para esse satélite. Sair da área burocrática e desempenhar um trabalho mais técnico”, finaliza o engenheiro.

Com 5 metros de altura e pesando 5,8 toneladas, o SGDC é um projeto do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Ministério da Defesa.  O satélite ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da Terra, cobrindo todo o território nacional e parte do oceano Atlântico. Ele vai operar nas bandas X e Ka, destinadas respectivamente ao uso militar — que representa 30% da capacidade total do equipamento — e ao uso cívico-social, provendo banda larga às regiões mais remotas do Brasil – que representa os outros 70% da capacidade total do satélite.

Engenheiro da AEB desenvolve método que aumenta tempo de vida do SGDC

AEB
23 de março de 2017

Foto: Thales Alenia
O engenheiro mecânico Erlan Cassiano, da Agência Espacial Brasileira (AEB), constatou que o volume adicional do tanque de combustível do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), prestes a ser lançado ao espaço, em Kourou, na Guiana Francesa, poderia aumentar em até seis meses a vida do satélite.

Cassiano faz parte do seleto grupo de profissionais enviado a Cannes, na França, que integrou o processo de absorção e transferência de tecnologia firmado com a Thales Alenia Space e o governo brasileiro para capacitação de técnicos.

Erlan ficou dois anos e oito meses em Cannes. Após a seleção interna feita pela AEB, ele fez os cursos iniciais e avançados ministrados pela Thales, os quais nivelaram todos os candidatos selecionados.

“Cada candidato foi trabalhar na área de seu interesse, supervisionado por um coach que fazia a interface entre a Thales e o grupo de absorção de tecnologia. Eu fui para a área de propulsão de satélite, já trabalhava com isso nos laboratórios da UnB, mas ainda não tinha experiência com propulsão satelital”, disse.

“O tempo de vida do satélite é limitado pela quantidade de combustível que é colocada em órbita. Erlan observou que uma pequena margem de volume de combustível não era considerada adequadamente pela metodologia de carregamento do tanque. O tanque tem a espessura muita fina, o combustível fica pressurizado, e com isso o tanque se expande. Isso permite a colocação de um volume adicional”, afirmou o engenheiro formado pela Universidade de Brasília (UnB).

“Cada candidato foi trabalhar na área de seu interesse, supervisionado por um coach que fazia a interface entre a Thales e o grupo de absorção de tecnologia. Eu fui para a área de propulsão de satélite, já trabalhava com isso nos laboratórios da UnB, mas ainda não tinha experiência com propulsão satelital”, disse.

“Em Cannes aprendi como especificar equipamentos, quando um satélite vai para o espaço, bem como sua posição ideal, aprendi fazer correções ao longo da vida do satélite, por causa do sol, da lua e da própria gravidade da terra. Para acertarmos todos esses fatores temos que usar o sistema de propulsão. No caso do SGDC são utilizados um combustível e um oxidante, temos que prever tudo para o sistema funcionar bem ao longo dos 15 anos de vida”, ressaltou.

“Uma das minhas principais tarefas lá era avaliar a performance do satélite ao longo da vida. Tive que avaliar a vida útil do satélite como ia ser a pressão, a performance dos propulsores, a variação de temperatura e a medição do combustível”, concluiu. O método sugerido por Erlan foi levado à empresa, a sugestão foi validada e incorporada ao projeto.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Atenção: SGDC tem nova data de lançamento - 23/03

Redação
22 de março de 2017

Foto: Thales Alenia

Infelizmente, foi alterada novamente a data do lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), que estava programado para hoje, 22/03. No site da Arianespace, empresa responsável pelo lançamento do satélite, as informações contidas dão conta de que a prorrogação ocorre devido a não possibilidade de transportar o foguete --já integrado com as cargas úteis --do prédio de integração até a plataforma de lançamento,devido a uma greve dos funcionários do Centro de Lançamento de Kourou (Guiana Francesa), que se estende já por alguns dias.
A próxima previsão de lançamento --caso o movimento de greve termine-- é para esta quinta-feira, 23/3, dentro da janela de lançamento, que vai das 17h31 às 20h20 (horário de Brasília).

Estudo do MCTIC propõe medidas para cumprimento das metas do Acordo de Paris

MCTIC
22 de março de 2017



O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) preparou um estudo para subsidiar a estratégia brasileira para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) apresentada pelo país no âmbito do Acordo de Paris. O documento aponta o papel que cada setor econômico pode desempenhar para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) para 2025 e 2030. Os dados foram obtidos a partir do Projeto "Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-Chave no Brasil", uma iniciativa executada em parceria com a ONU Ambiente.

Os dados mostram que a adoção de atividades de baixo carbono no sistema energético, se ampliada, contribuiria para a redução de emissões de cerca de 60 e 210 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e) em 2025 e 2030, respectivamente. Essas atividades contemplam, por exemplo, medidas de eficiência energética, cogeração de energia e aproveitamento de biogás. Segundo o estudo do MCTIC, os setores Energético, de Gestão de Resíduos e Industrial apresentam os potenciais mais relevantes.

Para o setor de Agricultura, Florestas e Usos do Solo (Afolu), os valores de mitigação seriam de 11 MtCO2e, em 2025, e 157 MtCO2e, em 2030. Para isso, é necessário expandir o plantio de florestas comerciais, os sistemas integrados de cultivo e plantio direto e o aporte de nitrogênio via fertilização biológica, além de reduzir ainda mais o desmatamento e ampliar as ações de restauração florestal e a estratégia de confinamento na bovinocultura de corte.

Os resultados do estudo revelam ainda que a implementação dos cenários de baixo carbono causaria pouco impacto, em nível agregado, nos indicadores de Produto Interno Bruto (PIB) e de geração de emprego e renda.

Acordo de Paris

Aprovado durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) no âmbito da UNFCCC, em dezembro de 2015, o Acordo de Paris estabelece a adoção de medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de conter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, além de envidar esforços para limitar esse aumento a 1,5°C.

Em setembro de 2016, o Brasil depositou o instrumento de ratificação do acordo, que passou a vigorar no plano internacional dois meses depois. No documento, o país assumiu o compromisso de adotar medidas para redução de emissão de gases por meio da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).

A NDC brasileira contém o compromisso de reduzir as emissões de GEE em 37% em 2025 e 43% em 2030, tendo por referência o ano de 2005, o que equivale a um teto de emissões de 1.300 e 1.200 MtCO2e em 2025 e 2030, respectivamente.
A contribuição do MCTIC para a estratégia brasileira de redução das emissões de gases está disponível para download. Clique aqui

Satélite Geoestacionário será lançado ao espaço nesta quarta-feira (22)

AEB
22 de março de 2017



O lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) ao espaço foi remarcado para quarta-feira (22) devido a uma greve geral que atinge a Guiana Francesa.

Os horários e a programação do lançamento estão mantidos para quarta-feira. A janela para que o satélite brasileiro seja enviado ao espaço fica aberta entre às 17h31 e às 20h20, no horário de Brasília.

O satélite

O SGDC é o primeiro satélite geoestacionário brasileiro de uso civil e militar. Adquirido pela Telebras, o equipamento tem uma banda Ka, que será utilizada para comunicações estratégicas do governo e para ampliar a oferta de banda larga no país, especialmente nas áreas remotas, e uma banda X, que corresponde a 30% da capacidade do satélite, de uso exclusivo das Forças Armadas.

Com 5,8 toneladas e 5 metros de altura, o satélite ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo todo o território brasileiro e o Oceano Atlântico. A capacidade de operação do SGDC é de 18 anos.

Além de assegurar a independência e a soberania das comunicações de defesa, o acordo de construção do satélite envolveu amplo processo de absorção e transferência de tecnologia, com o envio de 50 profissionais brasileiros para as instalações da Thales Alenia Space, empresa responsável pela construção do equipamento, em Cannes e Toulouse, na França. São especialistas da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entidades vinculadas ao MCTIC, além das empresas Visiona e Telebras.

Produção dos painéis de bateria do SGDC teve participação de brasileiro

AEB
22 de março de 2017



Ronne Toledo faz parte do time de engenheiros brasileiros que integrou o processo de absorção e transferência de tecnologia do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Ele atuou na produção dos painéis estruturais do módulo de serviço, mais especificamente dos painéis de bateria — em conjunto com a empresa Cenic — o que foi, para ele, a contribuição mais prazerosa no desenvolvimento do satélite.

Durante o tempo que ficou em Cannes, na França, Toledo participou do pacote de serviço de Engenharia de Sistemas. “Passamos por uma fase de treinamento inicial com cursos básicos oferecidos a todos e, em uma segunda fase, participamos de cursos específicos associados ao pacote de trabalho ao qual havíamos sido designados”, afirma o doutor e mestre em Engenharia Mecânica.

Ao final desse treinamento, que durou cerca de três meses, o grupo brasileiro foi integrado à equipe de funcionários da Thales, empresa contratada para a construção do satélite. Neste período, a equipe contava com um tutor, engenheiro da Thales, que era responsável em distribuir e acompanhar o cumprimento das tarefas.

Sobre trabalhar na Thales, Toledo afirma que os franceses são profissionais de extrema eficiência e organização, além de um forte senso de trabalho em equipe, apresentam comprometimento e responsabilidade muito sérios com o trabalho.

Para ele, precisamos apenas absorver um pouco dessa postura profissional francesa, de eficiência e organização. “Acho que com isso, o gigante brasileiro iria dar saltos largos em direção à ordem e ao progresso”, conta Toledo.

Foco – De volta ao Brasil desde novembro passado, Toledo conta que, com essa experiência, sua vida profissional se enriqueceu muito. “Antes eu tinha uma visão um pouco acadêmica do mundo, mas essa experiência me ajudou a ver o mundo com uma visão mais pragmática e focada no resultado ao invés da forma”.

Com o lançamento do satélite, o Brasil tem a chance de aumentar o nível técnico de alguns de seus funcionários e o conhecimento adquirido já está sendo replicado em um processo de capacitação interna. “Além do ganho técnico, a Nação brasileira ganhou com a sinergia e integração de funcionários de diferentes instituições nacionais que agora podem continuar trabalhando em projetos subsequentes”, ressalta Toledo.

O SGDC está previsto para ser lançado no dia 22 de março. Ele vai operar nas bandas X e Ka. A primeira representa 70% da capacidade total do SGDC e será usada para prover internet banda larga às regiões mais remotas do Brasil.  A banda X — os outros 30% — será destinada ao uso militar. Os benefícios indiretos do satélite talvez sejam imensuráveis: “Levar comunicação significa levar educação a distância, saúde, negócio e segurança. Significa levar à Nação aonde for necessário, significa inclusão social” finaliza Toledo.