quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Cuidados extra podem evitar acidentes com raios em praias, alerta especialista do Elat

MCTIC

4 de janeiro de 2017

Região de Ubatuba (SP) é palco de tempestade de raios. Banhistas devem evitar ficar no mar durante período de descargas elétricas, pois a água salgada potencializa a condutividade da eletricidade. Crédito: Elat
Coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior considera início do verão como um período crítico. "O banhista acaba se expondo a tempestades", diz.

O início do verão é uma época de muitos riscos. É nesse período que as praias brasileiras costumam se encher de banhistas para aproveitar o sol e se refrescar no mar. O cenário paradisíaco, porém, é ideal para a queda de raios, especialmente entre a última semana de dezembro até a primeira quinzena de janeiro.

Na visão do coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), Osmar Pinto Junior, o período é crítico por causa das férias e de certo relaxamento dos frequentadores das praias.

"Nesta época do ano, temos um grande número de pessoas se deslocando para as praias, que são lugares descampados e, portanto, vulneráveis a descargas", comenta Pinto Junior. "O banhista acaba se expondo a tempestades. Se você estiver dentro do mar, a situação é ainda mais crítica, porque a água salgada é ótima condutora de eletricidade. Assim, os efeitos de um raio podem se propagar para muito longe."

Segundo o coordenador do Elat, a distração agrava ainda mais o risco de ser atingido. "Depois que acontece uma fatalidade, como a de domingo passado em Itanhaém [SP], a imprensa repercute e as pessoas ficam um pouco mais cautelosas", diz, em referência ao caso da turista Aline Caroline de Campos, atingida por um raio no litoral paulista e hoje em recuperação em um hospital de Guarulhos (SP).

Cuidado

O coordenador do Elat notou, no vídeo veiculado pela imprensa, que o céu de Itanhaém (SP) estava escuro no momento do acidente, quando muita gente ainda caminhava pela praia. "A tempestade se forma e se desloca rapidamente, de uma maneira que, em questão de cinco minutos, a situação muda por completo. Ali, as montanhas próximas favorecem essa velocidade, porque o tempo piora lá em cima e logo chega à beira do mar", avalia. "Então, é por isso que as pessoas têm que estar atentas. Quando você vê um indício de tempo fechado, busque abrigo em um carro ou em um prédio imediatamente. Não pode esperar. Dois ou três minutos são a diferença entre ser atingido ou não."

Em dezembro, a unidade do Inpe publicou um comunicado com cinco mandamentos para evitar ser eletrocutado em uma tempestade de verão. O manual desaconselha o público a praticar atividades de agropecuária ao ar livre; ficar ao lado de carros e tratores ou andar de bicicleta e moto; permanecer em campo aberto, como gramados esportivos e praias, embaixo de árvores ou perto de cercas; tocar em objetos condutores de eletricidade, a exemplo de telefones fixos com fio, celulares conectados a carregadores ou objetos metálicos grandes; e se acolher em um abrigo aberto, como deques, sacadas, toldos e varandas.

O texto define como opções seguras de abrigo veículos fechados, desde que não se encoste à lataria até a tempestade passar; casas ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios; e metrôs e túneis subterrâneos.

Onde mais acontecem

Monitorado pelo Elat de Natal (RN) até o Chuí (RS), o litoral brasileiro concentra a maior incidência de raios na região Sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. "Isso porque as águas do oceano Atlântico que banham essa região têm correntes marítimas mais quentes. Isso favorece a formação de tempestade, porque o calor reforça a criação de umidade e as nuvens costumam ser trazidas pelos ventos para o continente. A Serra do Mar também gera perigo."

A série histórica do Elat indica maior concentração de raios no interior do Brasil, mas, no litoral, Rio de Janeiro e São Paulo despontam como regiões de maior ocorrência. De acordo com Pinto Junior, as praias mais seguras contra descargas elétricas estão em Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Risco Brasil

Líder mundial na incidência do fenômeno, conforme levantamento do Elat, o Brasil acumula 1.894 mortes por raio de 2000 a 2015, boa parte delas no verão. "Os dados de 2016 ainda não estão fechados, mas tivemos o menor número de vidas perdidas na série histórica, em torno de 70 ou 75", adianta Pinto Junior.

Para o coordenador do Elat, o aumento de informações sobre o perigo representado pelos raios distribuídas por diferentes tipos de mídias contribuiu para a redução do número de fatalidades no país. Ele alerta, porém, que a queda poderia ser ainda maior se a população fosse mais precavida.

"Estamos indo na direção certa, mas temos que continuar esse esforço. Precisamos trabalhar com as crianças. Uma coisa é a desinformação e outra é a desconsideração da informação. O adulto desconsidera o risco. O que a criança aprende, ela leva para sempre", diz.

Diante desse quadro, o Elat desenvolveu uma rede de sensores que monitora a ocorrência de raios em todo o território brasileiro, conhecida como Rede BrasilDAT. Na página da unidade, é possível acompanhar em tempo real dados coletados por equipamentos que detectam a emissão de radiação eletromagnética.

Pinto Junior destaca, ainda, o desenvolvimento de uma campanha de proteção contra raios baseada na experiência do Elat. Um vídeo orienta quem precisa se expor ao ar livre e outro alerta quem permanece dentro de casa, onde ocorrem 20% das mortes, devido à insegurança de redes elétricas e telefônicas.

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