quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Agência Espacial Brasileira quer expandir programa de educação ambiental da Nasa

MCTIC
10 de novembro de 2016

Professores receberam certificados de participação no Globe, na sede da AEB. Foto: AEB

Presente em 115 países, o Globe envolve professores e estudantes na coleta de dados ambientais, com metodologia da Nasa. No Brasil, programa já capacitou 70 profissionais e despertou o interesse de alunos por questões climáticas.

Uma iniciativa da Nasa está ajudando a despertar o interesse de estudantes brasileiros pela preservação ambiental. É o que contam professores que participaram do segundo workshop do Globe, promovido em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). As atividades envolvem a coleta de dados hidrológicos, de temperatura, umidade e precipitação, além da formação de nuvens. Todo o conhecimento adquirido pelos professores é transmitido para os alunos. 

"Muitos estudantes não têm um conhecimento aprofundado sobre o meio ambiente. Mas quando você explica os conceitos, eles absorvem esse conhecimento e percebem que podem ser um agente transformador. Além disso, eles se sentem parte de um programa internacional importante", destacou o professor de matemática Jaime Antunes, do Centro de Ensino Fundamental 103, na Asa Sul, após a segunda participação no Globe. 

Presente em 115 países, o Globe é um programa mundial de educação ambiental desenvolvido pela Nasa, que envolve professores e estudantes na coleta de dados ambientais, seguindo uma metodologia definida pela agência espacial norte-americana. Os dados são inseridos em uma plataforma mundial gerida pela Nasa. O programa utiliza protocolos desenvolvidos por cientistas para responder questões ambientais relevantes, além de buscar uma compreensão dos problemas que afetam o planeta, como os níveis de poluição e as mudanças climáticas. A parceria com a AEB envolve ações de ciência e educação ambiental, com duração mínima de cinco anos.

Izaías Cabral leciona eletrônica da Escola Técnica de Brasília, localizada no Areal. Lá, os estudantes também já utilizam a experiência adquirida por ele na primeira edição do Globe. "Os nossos alunos constroem estações meteorológicas e utilizam a metodologia do Globe. Eles têm sido muito receptivos. Saber que fazem parte de um programa da Nasa, em conexão com outros estudantes do mundo todo, estimula o jovem a se interessar ainda mais pelas atividades", disse.

"É uma experiência muito proveitosa, e as ideias propostas pelo Globe são bacanas para utilizarmos com os alunos do ensino fundamental. O que aprendemos aqui pode servir de estímulo para que eles busquem mais conhecimento e se interessem em pesquisar sobre o tema. Quem sabe não formamos futuros cientistas?", indagou a professora de ciências naturais do Centro de Ensino Fundamental 7, de Ceilândia, Mauritânia Lino.

Formação local

Para que as ações do Globe possam se expandir pelo Brasil, é preciso formar, além dos professores, instrutores brasileiros. Atualmente, a iniciativa no país é atendida por treinadores estrangeiros. Mas esse processo de formação de recursos humanos locais leva tempo.
Normalmente, são necessários quatro anos para capacitar os chamados "master trainers". O Brasil, porém, busca reduzir esse tempo pela metade. De acordo com o coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da AEB e coordenador-executivo do Globe no Brasil, Jean Robert Batana, a própria Nasa entende que o caso brasileiro é especial, por conta da relevância do país no cenário mundial.

"Quando tivermos os nossos próprios instrutores, poderemos fazer o programa crescer exponencialmente. Estamos falando de um universo muito grande de professores e de escolas que poderemos capacitar para utilizar a metodologia do Globe. O Brasil é muito importante para a discussão climática mundial, e a Nasa reconhece isso. Por isso, estamos buscando encurtar esse período de formação", ressaltou Batana.

O passo inicial foi dado no primeiro workshop do Globe no país, ocorrido em junho deste ano. Da turma inaugural, foram escolhidos dois professores e dois tecnologistas da AEB para dar início à formação como "master trainer". Um deles é Izaías Cabral. Ele vê com bons olhos a possibilidade de poder atuar como formador de novos disseminadores da metodologia do programa.
"Para mim, é uma realização pessoal, porque sou um apaixonado pelo programa. Com certeza vai ajudar a melhorar a qualidade das minhas aulas. E quanto mais master trainers nós tivermos no Brasil, mais vamos fazer o programa crescer", ressaltou. 

Meta

Segundo Jean Robert Batana, a meta de capacitar ao menos 70 professores neste ano foi atingida com as duas edições dos workshops do Globe. No médio prazo, o objetivo é consolidar o Brasil como uma potência integrante do programa da Nasa.
"Hoje, a Arábia Saudita tem mais de duas mil escolas que participam do Globe. Acredito que podemos superar essa marca em pouco tempo, temos potencial para isso. Ingressamos no Globe apenas no ano passado, mas sabemos do nosso potencial para sermos um parceiro relevante da Nasa nesse programa", ressaltou Jean Robert Batana, da AEB.

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