quinta-feira, 27 de outubro de 2016

UE define áreas prioritárias para cooperação com o Brasil

Agência CT&I
Leandro Cipriano
27 de outubro de 2016



A Comissão Europeia divulgou neste mês um relatório referente aos planos da cooperação internacional entre o Brasil e a União Europeia (UE) em pesquisa e inovação. Foram listadas no novo documento as áreas prioritárias para desenvolverem em conjunto estratégias de cooperação nesses segmentos.

Os setores escolhidos incluem temas onde já existem trabalhos em andamento, mas que há previsão para ampliar a cooperação. Eles são: pesquisa marinha; bioeconomia e agricultura; biocombustíveis; nanotecnologia; saúde; tecnologias aeroespaciais e de aviação; tecnologia da informação e comunicação (TIC); urbanização sustentável; infraestrutura para pesquisas; e desenvolvimento de sistemas regionais de inovação.

A pesquisa marinha é uma das principais áreas de desenvolvimento de interesse comum. Em novembro de 2015, a Comissão Europeia e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) assinaram uma declaração de intenções para reforçar a cooperação no setor. Os temas identificados incluem sistemas de observação do oceano e previsão, segurança alimentar (incluindo a aquicultura), tecnologias desenvolvidas para o mar, alfabetização oceanográfica, interações terra-mar e pesquisa polar.

Na área de bioeconomia e agricultura, a UE e o Brasil pretendem dar continuidade a cooperações já estabelecidas pelo programa Diálogos Setoriais. Entre elas, encontrar métodos alternativos ao uso de animais em experiências, criar plataformas de agroecologia, e alavancar mecanismos de financiamento para apoiar uma infraestrutura que facilite a cooperação em ciência e tecnologia (C&T). Durante o Fórum Internacional de Bioeconomia, que o País faz parte, já serão discutidas ações a serem implementadas para o setor ainda em 2016. 

Em biocombustíveis, o trabalho conjunto vai basear-se no modelo brasileiro de etanol extraído da cana-de-açúcar. A expectativa é que o Brasil, nos próximos anos, seja um parceiro importante no contexto da Missão Inovação - iniciativa global para acelerar a inovação em energia limpa nos setores público e privado, para enfrentar as mudanças climáticas.

Na nanotecnologia é esperada a participação brasileira efetiva na NanoReg, projeto europeu de regulação internacional do setor. Em 2015, a entrada do Brasil foi oficializada com a assinatura de acordo de cooperação. No futuro, pretende-se estender esta cooperação para outras áreas de nanotecnologia. Contudo, a regulamentação destas atividades ainda está em discussão no País.

Na área da saúde, dada a gravidade do surto de Zika vírus no Brasil e os riscos associados a sua propagação na região e no mundo, os cientistas brasileiros participarão de projetos financiados pela UE. O objetivo é criar uma rede de pesquisa em toda a América Latina para facilitar, coordenar e implementar uma investigação urgente para combater o vírus. Uma chamada foi dedicada exclusivamente ao tema, publicada em março deste ano, pelo Horizonte 2020 - iniciativa da União Europeia para financiar projetos de pesquisa e inovação até 2020.

Outra ação a ser trabalhada é ampliar a cooperação bilateral em tecnologias aeroespaciais e de aviação de alta velocidade. O Brasil já é um parceiro em projetos da UE nesse setor, inclusive como fornecedor de materiais utilizados em estágios de lançamento de foguete e participação em projetos de combustíveis alternativos para aviação.

As tecnologias da informação e comunicação são outro setor de cooperação importante entre o Brasil e a União Europeia. Três chamadas coordenadas já foram financiadas conjuntamente com a UE até agora em TICs, com a previsão de uma quarta ser lançada em dezembro. O próximo edital terá como foco projetos voltados à Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), internet 5G e computação em nuvem.

Sustentabilidade

A cooperação também está sendo explorada na área de urbanização sustentável, com foco nas cidades sustentáveis e na construção de uma plataforma de tecnologias inspirada na natureza. Uma das facilidades nesse campo é o fato do Brasil ser membro do Fórum de Belmont, grupo formado por algumas das principais agências do mundo financiadoras de projetos de pesquisa sobre mudanças ambientais. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) faz parte da iniciativa. 

Já no campo das infraestruturas de pesquisa, a cooperação com o Brasil está prevista na biodiversidade e no ciclo do carbono, particularmente com o projeto europeu Lifewatch – que partilha informações entre instituições europeias de pesquisa que se dedicam à investigação da biodiversidade. Nesse aspecto, o cabo submarino de fibra óptica que permitirá a conexão direta de dados entre Brasil e Europa poderá ter um impacto relevante na iniciativa.

A nova lista de prioridades ainda inclui o desenvolvimento de sistemas regionais de inovação para estimular atividades socioeconômicas de cidades e municípios brasileiros e europeus. A região Nordeste do Brasil, em particular Pernambuco, foi a escolhida para ser analisada­­ conjuntamente pela Comissão Europeia e o governo brasileiro. Essa experiência de cooperação oferece condições para adaptar o projeto piloto “European Smart Specialisation Strategy” ao contexto brasileiro.

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