sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Tecnologias do Inpe contribuíram para queda do desmatamento da Amazônia desde 2004

MCTIC
6 de outubro de 2016

Fonte de emissões de gases de efeito estufa, o desmatamento das florestas exige o constante aprimoramento das tecnologias de monitoramento. Crédito: Observatório do Clima

Versão mais eficaz do sistema Deter detecta ocorrências de desmatamento em tempo real. Alertas diários sobre corte raso, mineração ilegal e incêndios florestais são enviados para o Ibama para orientar as operações em campo.

Fonte de emissões de gases do efeito estufa, o desmatamento das florestas exige o constante aprimoramento das tecnologias de monitoramento. No Brasil, este esforço, capitaneado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), contribuiu para uma redução das taxas de desmatamento na Amazônia Legal de 78% desde 2004. Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o Inpe desenvolveu uma versão ainda mais eficaz do Deter – sistema capaz de detectar o desmatamento praticamente em tempo real.

A nova ferramenta identifica ocorrências em polígonos superiores a 6,25 hectares a partir de dados de satélite com 60 metros de resolução. Com ela, o Inpe consegue captar corte raso, áreas de mineração ilegal e cicatrizes de incêndios florestais para gerar alertas diários que orientam a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

"Denúncias na Amazônia são muito difíceis. Nossa câmera tem 60 metros de resolução em cinco dias de repetitividade. Geramos dados diários com impacto muito grande em políticas de controle do desmatamento na região. Nós percebemos que toda a capacidade de operação, principalmente do Ibama, melhorou bastante, tornou-se mais eficiente com esse serviço", avalia o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano.

Segundo ele o Inpe está sempre buscando aperfeiçoar o sistema de monitoramento do desmatamento na região amazônica. "O paradigma novo é procurar monitoramentos contínuos, utilizando muitos satélites, descendo para uma terceira instância de 30, 20 metros de resolução aliado à redundância das imagens", explica o pesquisador.

Ele acrescenta que a tecnologia está evoluindo para o uso de "constelações de satélites". "Vamos passar a ter acesso a dados produzidos pela Agência Espacial Europeia, com resolução de 10 metros e repetitividade de dez dias. Há companhias comerciais que já falam que, na virada de 2019 para 2020, o mundo inteiro será coberto com resolução de até um metro diariamente com cinco, seis satélites operando simultaneamente", diz.

Prodes

Outra tecnologia é o Projeto de Monitoramento de Desmatamento da Amazônia Legal (Prodes), que realiza a coleta de imagens de toda a região a cada dois dias. "A faixa é de 2,2 mil quilômetros a cada dezesseis dias, voltando, então, na mesma órbita", detalha Valeriano.

Ele esclarece que, desde 2005, o monitoramento não é mais anual, e a Amazônia passou a ser vista diariamente com alta resolução. "Depois disso, o desmatamento começou a despencar. Antes de 2005, temos registros de até 27 mil quilômetros quadrados por ano. A partir de 2007, esse valor atingiu 11 mil km2, chegando a 6 mil, no período de agosto de 2014 a julho de 2015."
Os dados do Prodes, produzidos desde 1988, subsidiam as políticas públicas do governo brasileiro para o setor.

"Em geral estamos bastante avançados. O Inpe é muito respeitado pela comunidade científica de sensoriamento remoto internacional e as comunidades de meio ambiente e engenharia planetária de controle do efeito estufa. O Brasil atua na ponta", diz Valeriano.

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