segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Queda em ranking de competitividade faz Brasil acordar para inovação

Agência CT&I
Leandro Cipriano
3 de outubro de 2016

Perda de seis posições faz Brasil ocupar a pior colocação já registrada pelo País no ranking de competitividade global - Foto: Internet

O Brasil caiu seis posições no ranking das economias mais competitivas do mundo, despencando da 75ª, em 2015, para a 81ª colocação em 2016. Essa foi a pior posição já registrada pelo País no ranking de competitividade global que avalia 138 nações. A pesquisa foi elaborada pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), e divulgada nesta semana.

O relatório destaca que a economia brasileira foi afetada no último ano pelo desgaste de setores considerados básicos para a competitividade, como ambiente econômico, desenvolvimento do mercado financeiro e, principalmente, capacidade de inovação – classificada como de baixo grau no País. A fraca colaboração entre empresas privadas, universidades e institutos de pesquisa está entre as maiores dificuldades para transformar pesquisa e desenvolvimento (P&D) em aplicações comerciais.

Nesse cenário, o governo brasileiro tem apostado em iniciativas de inovação aberta para aumentar a competitividade nacional e aproximar esses setores. Uma delas é a plataforma iTec, ferramenta digital criada para estimular parcerias entre empresas e institutos de pesquisa na busca por soluções para desafios tecnológicos. Ela foi apresentada pelo governo federal nesta quinta-feira (29), no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taguatinga (DF), como parte do ciclo de Road Shows sobre o iTec, realizado em várias cidades brasileiras. 

“A inovação aberta é a tendência no mundo. Ela aproxima o conhecimento dos negócios. A plataforma iTec tem esse sentido de colaboração”, afirmou o secretário substituto de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Jorge Campagnolo. “O objetivo é tentar mudar o cenário da competitividade no Brasil e acredito que com o apoio do meio científico e das empresas, possamos em um médio prazo reverter essa situação.”

Na plataforma, companhias cadastram (de forma anônima ou não) os desafios tecnológicos que estão enfrentando. Outras empresas e institutos de pesquisa têm acesso a estas demandas e verificam se há soluções tecnológicas que as atendam. Em caso positivo, cadastram suas soluções e às vinculam ao desafio proposto.

Apenas em 2015, foram cerca de 180 mil visualizações da plataforma, mais de 90 desafios tecnológicos postados, 450 soluções colocadas, 500 encontros entre soluções e desafios, que resultaram em 15 empresas atendidas. Petrobras, Vale, Embraer, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Bosch – multinacional alemã de engenharia e eletrônica – são alguns dos exemplos de empresas que estão com parcerias em andamento na plataforma.

“Tivemos o caso da Embrapa, que trabalha com agronegócio, resolvendo um problema da Bosch, que mexe com eletrônica. Quem imaginaria isso? Mas a tecnologia que tinha na Embrapa podia ser usada para outra aplicação lá. Então a ideia é aproximar da melhor maneira possível essas empresas”, disse Campagnolo.

Na visão do empresário e consultor da plataforma iTec, Eduardo Toma, ferramentas como essa potencializam muito os resultados na cadeia produtiva e podem, inclusive, mudar a cultura empreendedora brasileira em relação à inovação. “O iTec quer promover esses negócios de base tecnológica e vemos que as parcerias no Brasil costumam acontecer com pouquíssimo teor tecnológico. Fomentar essas cadeias e fornecedores é fundamental para aumentar a competitividade do País”, comentou.

Laboratório aberto

Outra iniciativa para estimular a inovação aberta partiu do Senai, em parceria com o governo federal, na criação do Laboratório Aberto. Empreendedores com boas ideias podem se candidatar para desenvolver projetos inovadores em laboratórios da entidade, que oferecem infraestrutura para a prototipagem de produtos – etapa fundamental em processos de inovação, que dá forma à ideia desenhada na prancheta.
“Estamos trabalhando em parceria com a UnB [Universidade de Brasília] e o MCTIC na implantação do Laboratório Aberto em Brasília. O Senai possui oito Laboratórios Abertos em todo o País. Agora queremos abrir mais um, nesse contexto de inovação aberta”, informou Alessandra Machado, coordenadora de Tecnologia e Inovação do Senai. A gestora informou que a meta é inaugurar o ambiente em março de 2017.

Segundo Campagnolo, a partir dos resultados trazidos pelo Laboratório Aberto, será possível dar escala aos produtos gerados pelos empreendedores. “Vamos apoiar para que boas ideias virem negócios e, ao mesmo tempo, qualificar novos empresários”, ressaltou o secretário.

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