quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Frente Parlamentar do CLA

Blog do Manoel Santos
José Reinaldo Tavares
30 de agosto de 2016

Foto: AEB

CLA é a sigla pela qual identificamos o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, um dos mais importantes do mundo, pela sua localização invejável, mais próximo da linha do equador, que permite grande economia de recursos no lançamento de foguetes, e junto ao oceano é um dos mais seguros do mundo.

O Centro nasceu em 1º de março de 1983 e foi inaugurado pelo presidente José Sarney em 21 de fevereiro de 1990, mas nunca atingiu plenamente os seus objetivos, embora esteja pronto e operacional desde essa época. Por que?

Certamente porque o Programa Aeroespacial Brasileiro deixou-se envolver por ideologias, dispensáveis e prejudiciais em um projeto cientifico que não tem lado, e perdeu anos preciosos e muito dinheiro e se atrasou muito em termos comparativos com outras nações que estavam no mesmo estágio que nós quando foi criado o CLA e hoje já dominam inteiramente a tecnologia, complexa, que envolve a indústria espacial.

E principalmente porque nunca tratamos a questão como de altíssima prioridade estratégica e de grande interesse nacional e nunca se organizou, convenientemente, o setor como tal. E o pior, temos tudo, recursos humanos e materiais para dominarmos a tecnologia dos lançadores e dos combustíveis líquidos, mas, sucessivos contingenciamentos no orçamento do programa, falta de prioridade e recursos, nos atrasaram por décadas.

O Maranhão, por exemplo, nunca viu o potencial de desenvolvimento e de riqueza que temos ali. Nunca colocou como uma prioridade o Centro de Lançamento. Nunca lutamos politicamente por ele. Está na hora de mudarmos tudo isso, pois na verdade esse é um grande projeto nacional no Maranhão, que poderá se transformar em uma alavanca firme de nosso desenvolvimento.

Na sexta-feira passada eu e o deputado Pedro Fernandes estivemos durante todo o dia discutindo o futuro do Programa Espacial Brasileiro e do CLA em visita ao Centro. Os equipamentos muito bem conservados, as instalações de primeiro mundo, tudo pronto, precisando apenas de trocar os antigos computadores por novos.

Ouvimos longa explanação do Comandante do Centro Cel. Aviador, Claudio Olany, ex-aluno do ITA, que tem domínio completo do que precisamos fazer para revitalizar o Programa, ele que ocupou funções muito importantes no governo, antes de vir para cá.

O que falta é uma instituição perene, dentro do Congresso Nacional, que através de amplo debate parlamentar permanente, com a participação de técnicos e autoridades que dominem o assunto, possamos atualizar o arcabouço legal de uma moderna política espacial brasileira, que faça real a prioridade que esse importantíssimo programa tem que ter sempre, através de uma análise profunda do que fez o programa paralisar nesses anos todos, e as medidas institucionais para que isso não volte a acontecer. E que esse programa tenha recursos permanentes no orçamento da União, livre de contingenciamentos e cortes. Tenha força e defesa permanente no Parlamento brasileiro.

Hoje são instituições esparsas, de segundo escalão de mando, sem força para impor o programa. Mas, como fazer isso? Esse instrumento já existe, pois mais de 196 deputados, o número de deputados necessários, já apoiaram, assinando o meu projeto de criação da Frente Parlamentar para Modernização do Centro de Lançamento de Alcântara, que terá assim existência jurídica, com estatuto e membros, com objetivo fundamental de colocar no eixo definitivo o programa brasileiro.

Com isso ampliaremos o debate chamando autoridades e especialistas, tanto do setor público como do setor privado. Poderão fazer parte da Frente além de parlamentares grandes especialistas e estudiosos do setor. Com o programa espacial brasileiro dotado dos meios de que precisa, vamos transferir para Alcântara a confecção de lançadores e foguetes, pesquisas de combustíveis, materiais que hoje são feitas em São José dos Campos. Como por exemplo os lançadores que são construídos lá e transportados para cá, em um transporte caro e problemático.

No futuro faremos tudo aqui, pois teremos mão de obra do mesmo nível com o nosso ITA. É um trabalho gigantesco o que estou propondo a mim mesmo com a criação da Frente. Para mim e para todos os que quiserem participar. É obvio que a bancada maranhense está toda convidada a participar e integrar a frente. Pretendo dar entrada na Câmara do pedido de instalação já na próxima semana. Vamos em frente!

Um comentário:

  1. Lembrando o trabalho do meu marido no IAE sob o comando do dignissimo amigo Luis Velly(em memoria)

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