sexta-feira, 15 de abril de 2016

Não ao golpe.Viva a democracia

Jornal O Vale
Ivanil Elisiário Barbosa*
15 de abril de 2016



Não ao golpe! Viva a democracia! A discussão em torno do impedimento da presidente Dilma Roussef (PT) tornou-se passional, como torcidas em torno de campeonato de futebol. Não vigoram racionalidade ou tolerância. Ao contrário, citam-se as vantagens do próprio “time” e xinga-se a torcida adversária, transformando a oportunidade de engajamento político construtivo em mero acontecimento episódico, que só será lembrado e estudado pelos historiadores, sociólogos e cientistas políticos. 

Os últimos acontecimentos demonstram a fragilidade da nossa jovem democracia, abalada pela incapacidade de provimento de um ambiente jurí- dico imparcial e por uma mídia tendenciosa e alarmista, que entrega ao povo brasileiro informações manipuladas, provocativas e mal intencionadas. Apartidariamente, defendo a instituição presidência da República. 

Considero incrível que esteja constituí- da uma comissão parlamentar de impeachment baseada em casualidades, pois a alegação de crime de responsabilidade fiscal diz respeito às contas de 2015, que sequer foram julgadas pelo TCU ou pelo Congresso Nacional. 

Além disso, a chamada “pedalada fiscal” -- atraso de repasses a bancos e autarquias, para garantir o fechamento das contas do governo -- nunca constituiu motivo de impeachment. Se tal fosse a tendência, teríamos 17 governadores na mesma situação, neste exato momento. Portanto, estabelece-se a fogueira golpista, alimentada por uma oposição revanchista, inconformada com o resultado das urnas, que quer agora depor uma presidente legítima e democraticamente eleita. 

Esta mesma oposição trava o país e o mergulha numa profunda crise econômica, que já não assola mais o mundo, mas é pontual no Brasil. Já acontecem articulações para o “novo” governo, assumindo-se como certo o impedimento, através de um processo em que 37 dos 65 deputados da Comissão Especial instalada estão atolados em um mar de denúncias de corrupção. O próprio presidente da Câmara, encontrado em idêntica situação, utiliza-se de todos os subterfúgios para adiar próprio destino. 

A presidente tem que ser julgada objetiva e imparcialmente, sem que se mescle de forma indiscriminada o foco do processo a que a querem submeter com acusações a outras pessoas ou a irregularidades supostamente cometidas por qualquer partido político. Considerações de mérito quanto à qualidade do atual governo contam com o fórum popular e democrático das urnas em 2018. Este país vinha avançando irresolutamente na direção de justas conquistas sociais, de promoção e defesa do cidadão, de combate às desigualdades e discriminações, pela inclusão de minorias e de tolerâncias às diferenças. 

E assim deve continuar avançando, vez que todas estas conquistas derivam da preservação do alicerce maior -- o regime democrático. Todos esses avanços democráticos permitiram promover a independência da Polícia Federal para o atual estabelecimento das investigações. O que se deseja é que se preservem também as condições de averiguação e que a isenção possa gerar inquéritos e processosirretocáveis e insuspeitos. A grande imprensa apregoa que o STF reconhece a constitucionalidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma, distorcendo a realidade do que foi declarado. 

Não basta a previsão constitucional, condenação neste processo kafkiano que se apresenta é golpe por se basear em acusação ilegítima. Não ao golpe! Viva a democracia e o Estado de Direito!

* Ivanil Elisiário Barbosa é engenheiro e presidente do SindCT

4 comentários:

  1. Que legal, SindCT!
    Quando enviamos um e-mail com alguma solicitação de esclarecimentos ou apoio, sequer respondem.
    DCTA está nos fornecendo água suja há tempo e ninguém toma providência.
    Instalações com aparelhos de ar condicionado que não são limpos há anos, prejudicando nossa saúde, ninguém intervém.
    Agora começa a faltar papel higiênico e ninguém toma conhecimento.
    Mas, para gastar o dinheiro da minha mensalidade para emitir Rapidinha para defender governo tem tempo.
    Tá de sacanagem!

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    1. Louis, respondi via e-mail. Obrigada pelo contato. (Shirley Marciano, jornalista)

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  2. É, enquanto se preocupavam em bradar "não vai ter golpe", se esqueceram de defender o sindicato representa. Por preguiça ou de caso pensado mesmo pois, quanto pior, melhor para o sindicato, não participaram da reunião para acertar o acordo salarial e SÓ prejudicaram os técnicos que poderão ficar sem GQ.
    Isso, sim, foi um golpe sério contra os servidores.
    Sindicato é para defender trabalhador do patrão, não importando quem seja o patrão e, principalmente, não ter posição política radical que prejudica seus filiados.

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    1. Prezado Anônimo, obrigada pelo contato. O senhor está confundindo os assuntos. As negociações foram feitas e acordadas em 2015 e o SindCT não só participou como liderou um grupo de mais de 20 entidades, o Fórum de C&T, de modo a juntar forças. O aumento está acordado. O que houve agora foi um erro de redação do Ministério do Planejamento, que enviou o documento ao Congresso faltando a tabela de GQ dos servidores Técnicos e auxiliares.

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