quinta-feira, 31 de março de 2016

Portaria cria comissão para elaboração de políticas de CT&I

Diário Oficial da União
31 de março de 2016

SECRETARIA EXECUTIVA
PORTARIA Nº 16, DE 30 DE MARÇO DE 2016
A SECRETÁRIA-EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, no uso das atribuições, e considerando
a relevância da avaliação do desempenho, eficiência, eficácia e efetividade das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, desenvolvidas e destinadas ao conjunto da sociedade brasileira,
a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de monitoramento e avaliação dos programas e das políticas públicas na área de Ciência, Tecnologia e Inovação.Resolve:

Art. 1º Instituir Comissão para orientar e subsidiar a elaboração de projetos de avaliação, acompanhamento e governança da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Art. 2º A Comissão será composta pelos seguintes membros:
I - ABILIO AFONSO BAETA NEVES (FAPERGS);
II - FERNANDO GALEMBECK (UNICAMP);
III - HELENA BONCIANI NADER (SBPC);
IV - JOÃO FERNANDO GOMES DE OLIVEIRA (USP/SÃO CARLOS);
V - JOSÉ FERNANDES DE LIMA (CNE);
VI - LUIZ DAVIDOVICH (ABC);
VII - RAFAEL LUCCHESI (CNI).

Art. 3º A Presidência da Comissão ficará sob a responsabilidade do titular da Secretaria-Executiva do MCTI.
Art. 4º A coordenação executiva dos trabalhos da Comissão ficará a cargo da Coordenação-Geral de Programas da Assessoria de Acompanhamento e Avaliação das Atividades Finalísticas - CGP/ASCAV, da Secretaria-Executiva.
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
EMÍLIA MARIA SILVA RIBEIRO CURI

Pág. 5. Seção 2. Diário Oficial da União (DOU) de 31 de Março de 2016

Satélite que vê buracos negros reaparece com pistas do que aconteceu com ele

Zigmodo/UOL
Por: Ria Misra
31 de março de 2016



Esta semana, algo aconteceu com o novo satélite do Japão feito para ver buracos negros: de repente, ele misteriosamente perdeu todo o contato com a Terra. Agora, a agência espacial japonesa JAXA recebeu algumas mensagens estranhas dele – e temos vídeo do satélite girando descontroladamente no espaço.

Após um longo silêncio, o Hitomi enviou duas mensagens muito concisas em resposta às contínuas tentativas da JAXA de contatá-lo. Isso não significa que as comunicações foram restabelecidas completamente, muito menos qualquer forma de controle. As mensagens eram tão curtas que a JAXA não obteve nenhuma informação nova sobre o estado do satélite, nem sobre o que aconteceu para tirá-lo do caminho.

Pode haver algumas pistas neste vídeo do Hitomi capturado pelo astrônomo Paul Maley nos EUA: você pode ver claramente o Hitomi girando em queda livre. Maley viu pela primeira vez o satélite rodando como um pião em 28 de março. Ele confirmou ao Gizmodo que ainda o viu cair à mesma taxa consistente – uma rotação completa a cada 23,5 segundos – na terça-feira (29) à noite.



Esses movimentos de rotação podem explicar porque estamos tendo tanta dificuldade para conversar com o Hitomi. “Normalmente, a antena estaria apontando para a Terra e poderia ouvir o que a JAXA está tentando dizer. Com a queda, isso é muito mais difícil”, explica Jonathan McDowell, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, ao Gizmodo.

Ainda assim, o fato de que o satélite conseguiu transmitir algumas novas mensagens inspira esperança de que ele possa ser recuperado. Isso também pode nos dar uma pista do que retirou o Hitomi de sua trajetória.

O Joint Space Operations Center, do Departamento de Defesa americano, foi o primeiro a descobrir os detritos do satélite, e disse não ter visto evidências de que a culpa seria de uma colisão. Isso sugere que o problema deve ter acontecido no próprio satélite. A sua rápida rotação poderia apoiar ainda mais essa tese. McDowell diz:

Para o satélite estar girando tão rápido, eu acho que ele estava soltando algum tipo de gás – ou um de seus foguetes propulsores ficou emperrado, ou possivelmente o hélio líquido superfrio evaporou e agiu como se fosse um propulsor do foguete.

O sistema de arrefecimento vinha funcionando muito bem há algumas semanas (e, aparentemente, alguns dos dados enviados são cientificamente interessantes), então talvez o propulsor emperrado seja a hipótese mais provável.

O Hitomi conseguiu recolher alguns dados antes de perder contato com a JAXA. “São dados fabulosos, são dados transformadores”, disse Chris Reynolds, professor de astronomia na Universidade de Maryland (EUA), observando que isso provavelmente seria o tema de seu próximo estudo. “É por isso que não há um choque generalizado sobre o que está acontecendo. Todos nós reconhecemos quanta ciência incrível poderia vir do Hitomi”.

Antes do lançamento, o Japão descreveu o satélite como “essencial” para resolver os mistérios fundamentais do universo, tais como a natureza dos buracos negros e a evolução das galáxias. Isso porque a missão Hitomi representa um grande salto à frente em termos de espectroscopia de raio-X – uma das muitas técnicas usadas pelos astrônomos para estudar fontes cósmicas de raios-X. Reynolds diz:

Você aprende muito sobre o universo analisando espectros: é assim que aprendemos do que as estrelas são feitas, é assim que aprendemos onde há mudanças nas galáxias, é assim que aprendemos como as formações de estrelas ocorreram ao longo da história do universo. Em praticamente todas as faixas de ondas, desde rádio até raios-X, há muita informação que você pode aprender com o universo usando espectroscopia de raios-X.

Entender melhor esses mistérios cósmicos agora depende de uma única pergunta: será que a JAXA vai recuperar o Hitomi com sucesso? A resposta não está clara. “Todos nós ainda temos esperança”, diz Reynolds. “Nós não o declaramos como perdido.”

Imagem: conceito artístico do Hitomi/JAXA. Colaborou: Jennifer Ouellette.

Comissão de CT&I vai avaliar fundos de incentivo a desenvolvimento científico

AEB/Jornal do Senado
30 de março de 2016


Os fundos de incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico serão avaliados pela Comissão de Ciência e Tecnologia durante o ano de 2016. O requerimento que elege essa política pública para a avaliação da CCT foi aprovado ontem pela comissão.

O autor do requerimento, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), justificou a escolha pela preocupação de que a arrecadação dos fundos de incentivo ao setor (o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) não está sendo aplicada na área. “Os citados fundos têm arrecadado anualmente quase R$ 5,1 bilhões. Entretanto, parte expressiva desses recursos não tem sido efetivamente aplicada, prejudicando o potencial dessa relevante política”, afirma Aloysio no requerimento.

Os senadores atuam na avaliação de políticas públicas no país desde 2013, quando foi aprovada resolução determinando que cada comissão acompanhe anualmente, dentro da área de competência, a atuação do Poder Executivo.

A CCT aprovou ainda requerimento extrapauta para audiência pública sobre o limite ao uso de dados de banda larga do tipo ADSL (que transmite dados através da linha de telefone) que algumas operadoras devem adotar a partir de 2017.

Autor do requerimento e presidente da CCT, Lasier Martins (PDT-RS) disse que a medida prejudicará os consumidores, pois a velocidade de acesso à internet será reduzida quando atingido o limite de dados definido pelas operadoras.

Seminário no INPE apresenta estudos sobre lua de Júpiter

INPE
31 de março de 2016



Os principais nomes da Física Planetária estarão no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), entre os dias 4 e 7 de abril, para o seminário “Io: Interaction between Volcanic Activity and Jupiter's Magnetosphere”.

O seminário acontece a poucas semanas de um grande acontecimento da ciência planetária: o pouso em Júpiter, previsto para julho deste ano, de uma sonda destinada a explorar a formação e detalhes da estrutura daquele planeta. A expectativa é que os dados obtidos pela missão espacial JUNO ofereçam informações até mesmo sobre o início do sistema solar.

Júpiter é o planeta com maior campo magnético do sistema solar. Io é uma das maiores luas de Júpiter.

O evento no INPE reunirá cientistas envolvidos nos estudos sobre os processos físicos que ocorrem no sistema Io-Júpiter e, também, abordará os instrumentos e observações que serão realizadas pela sonda JUNO a partir de julho de 2016.

A programação completa do seminário está disponível na página http://www.dge.inpe.br/maghel/io-jupiter/

Entre os pesquisadores de renome internacional que participarão do evento destacam-se Margaret Kivelson, do Instituto de Geofísica e Física Planetária da Universidade da Califórnia; Rosaly Lopes, coordenadora de Ciências Planetárias do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA; e Walter Gonzalez, líder do grupo de Heliofísica da Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA) do INPE.

O público alvo do seminário são pesquisadores e estudantes nas áreas de física atmosférica e planetária, dedicados a estudos sobre o Sol, o meio interplanetário, e magnetosferas, ionosferas e atmosferas de corpos planetários do Sistema Solar.

Física Planetária

A realização do seminário “Io – Jupiter Interaction” é mais um passo para consolidar no Brasil uma nova área de pesquisa, no campo de Física Planetária. O INPE conta com um experiente grupo de pesquisadores na área de magnetosferas planetárias e vem realizando estudos em parceria com o JPL/NASA, através da cientista Rosaly Lopes, especialista em vulcanismo e dinâmica planetária.

A intensa atividade vulcânica de Io e a interferência que provoca no campo magnético e na magnetosfera de Júpiter gera um toros (um anel pneumático) de plasma ionizado em torno do planeta. Como parte desse fenômeno, partículas ejetadas pelo vulcanismo de Io precipitam-se ao longo do campo magnético de Júpiter e ao se conectarem com a região auroral do planeta, nos polos magnéticos, geram intensas emissões de rádio. Estas emissões também podem ser fonte de identificação de exoplanetas, planetas fora do sistema solar, que possam apresentar fenômenos semelhantes a este na região auroral de Júpiter.

Apesar de se conhecer as correlações entre o vulcanismo de Io e o comportamento da magnetosfera de Júpiter, especialmente em sua região auroral, pouco se sabe ainda sobre como estas ocorrem com maior profundidade. O que se sabe hoje desses fenômenos, em grande parte, é resultado de observações coletadas por sondas espaciais, como Ulisses e Cassini, que fizeram passagens não muito próximas ao planeta nos últimos anos.

A missão da sonda espacial JUNO, desenvolvida em parceria entre a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia) deverá trazer novos dados sobre esses fenômenos, permitindo melhorar a compreensão sobre a interação de Io com a magnetosfera de Júpiter.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Cientistas japoneses fazem operação para tentar salvar satélite fora de controle

BBC Brasil
30 de março de 2016



O Hitomi que foi projetado para estudar objetos espaciais pode estar sofrendo com explosão de bateria ou vazamento de gás.

Dezenas de cientistas e engenheiros japoneses estão lutando para salvar um satélite - e milhões de dólares em investimento – que está fora de controle no espaço.

O satélite Hitomi, que significa a "pupila", foi lançado no mês passado.

Ele foi projetado para estudar objetos espaciais como buracos negros supermaciços, estrelas de nêutrons e aglomerados de galáxias, observando comprimentos de onda de energia de raios-X para raios gama.

Mas o tempo para salvar a missão está se esgotando.

O que aconteceu?

No último sábado, o Centro de Operações Espaciais dos Estados Unidos, que rastreia detritos espaciais, detectou cinco pequenos objetos ao redor do satélite.

O Japão até conseguiu um breve contato com a nave espacial depois disso, mas, em seguida, essa comunicação foi perdida.

O satélite também teria sofrido uma súbita mudança de rota. E observadores já o viram como uma luz piscando, o que sugere que ele possa estar caindo.

No dia seguinte, o Centro americano de Operações se referiu ao incidente como um "rompimento", apesar de que especialistas já esclareceram que o Hitomi pode estar praticamente intacto.



Mas, então, o que aconteceu com o satélite?

A Agência Espacial Japonesa (Jaxa) disse à BBC que não sabia, até o momento, o que teria acontecido com o Hitomi e que ainda está tentando reestabelecer a comunicação com ele.
Jonathan McDowell, um astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard, disse à agência de notícias AP que há duas possibilidades: uma explosão de bateria ou um vazamento de gás, colocando o satélite em um giro e o deixando incomunicável.

"É muito triste saber que isso aconteceu. Eu sei como a missão foi feita e sei que poderia ter acontecico conosco. O espaço não perdoa."

Mas o diretor de projetos do programa de satélite da Universidade Nacional de Singapura, Goh Cher Hiang, afirmou à BBC que graças ao sistema de monitoramento e de backup, as explosões de bateria eram "muito raras", enquanto um vazamento dos tanques pressurizados de combustível em satélites poderiam causar problemas.

Fatores externos poderiam também ser uma razão, explicou ele. "Pode ser também de uma colisão, seja algo do espaço mesmo ou um objeto feito pelo homem que estivesse lá."

Segundo ele, pequenos objetos não são necessariamente detectados por radares, e com peças ainda menores "uma colisão pode causar prejuízos graves" por causa da alta velocidade.

É raro perder um satélite?

"É raro", afirmou Goh. "Mas não é impossível – e é o motivo pelo qual muita gente adquire seguro de satélite, só para esses casos."

Uma falha completa da operação, em que nada poderia ser salvo da missão original, é ainda mais rara, especialmente quando parte de "instituições com reputação".

E agora?

Se for comprovado que é impossível salvar o satélite, a missão terá criado um imenso buraco negro em suas finanças. Os US$ 273 milhões investidos pelo governo japonês ainda não incluem os instrumentos fornecidos pela Nasa, pela Agência Espacial Canadense, ou pela Agência Europeia Espacial.

Seria também o terceiro satélite de raio-X japonês perdido ou criticamente afetado. Em 2000, o foguete que levava o satélite Astro-E caiu no mar e, quando seu sucessor, Suzaku, alcançou o espaço, seu instrumento principal acabou desativado por um vazamento de hélio em 2005.

Leia também: Após 'férias' criadas no Photoshop, queniana que nunca saiu de seu país ganha viagem

Mas a Jaxa conseguiu recuperações pouco prováveis antes. Os engenheiros conseguiram obter a sonda Akatsuki na órbita de Vênus em dezembro do ano passado, depois de cinco anos que a nave espacial estava à deriva no espaço.

Existem razões para se ter esperanças?

O fato de a agência ter tido contato com o Hitomi por um curto período mesmo depois que os detritos foram encontrados próximo ao satélite é visto por alguns como um sinal de esperança, já que poderia indicar que a nave não está completamente destruída. A localização dela também é pouco conhecida.

Mas a recuperação rápida seria essencial. Se o satélite estiver caindo no espaço, como se pensa que está, ele pode não ser capaz de captar energia solar suficiente para se manter até ser encontrado.

Leia também: Três impactos do rompimento entre PMDB e governo na crise política

Tudo depende de três fatores, segundo Goh. "Uma é comunicação; a segunda é energia; a terceira é o computador. Mas o mais importante agora é conseguir se comunicar com o satélite."

Se conseguirem fazer isso, a Jaxa tem a chance de descobrir o que houve de errado e como consertar. Mas se isso não for possível, "eles estarão perdidos".

Abertas as Inscrições Para Seminário Gratuito Sobre o Marco Legal em São José dos Campos

INPE
29 de março de 2016


No dia 14 de abril, das 9h às 17h30, um seminário abordará as alterações da Lei da Inovação relacionadas ao novo Marco Legal em Ciência e Tecnologia e Inovação (CT&I).

Gratuito, o evento será realizado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

O seminário é uma iniciativa do NIT Mantiqueira, do qual o INPE é um dos membros, em parceria com a Associação Brasileira dos Executivos de Licenciamento (LES Brasil).

Serão apresentados os seguintes temas: noções e definições de inovação e consequências dessas definições; como incentivar institutos e empresas a inovarem por meio de subvenção, compra estatal, prêmio, exclusividades temporárias (patentes, cultivares, direitos autorais), renúncia fiscal; a Ementa Constitucional 85/2015; possibilidades de contratos previstos na Lei de Inovação e as alterações introduzidas pela lei 13.243/2016; a alocação da Propriedade dos bens imateriais criados; invenções de serviço; as normas Institucionais das ICTs; e objetivo e funções dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs).

As palestras serão ministradas pelos professores Juliana L. B. Viegas, Luiz Ricardo Marinello, José Marcelo de Lima Assafim e Karin Klempp Franco.

Senadores questionam baixo orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia

Agência Senado
29 de março de 2016

Celso Panserea e o Lasier Martins; Agência Senado
Senadores se mostraram preocupados com o contingenciamento orçamentário do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em audiência pública realizada nesta terça-feira (29) na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). O ministro Celso Pansera falou sobre os avanços, desafios e expectativas do ministério para o ano de 2016.

A crise política também foi assunto no debate. Questionado pelo presidente da comissão, senador Lasier Martins (PDT-RS), sobre a posição do ministro em relação ao momento político do país, Pansera, que é deputado federal pelo PMDB, afirmou ser contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele disse que continua como ministro até que haja um desfecho dessa situação.

— Como deputado, vou votar contra o impeachment. Acho que não existe ainda o fato que determina o impeachment. Em relação à manutenção no Ministério, eu vou aguardar a resolução que será aprovada ou não hoje à tarde na reunião do partido. Já comuniquei ao presidente do meu partido e ao vice-presidente da República, Michel Temer, que o meu desejo é continuar trabalhando no Ministério. Nós não vamos parar nenhuma iniciativa — afirmou.

O ministro disse ainda que é contra a luta política ser levada ao extremo de se desmontarem ministérios, principalmente o da Saúde, da Agricultura e de Minas e Energia. Para Pansera, são ministérios determinantes, com impactos imediatos à população.

Cortes

Quanto ao orçamento, o ministro falou que este ano houve um grande contingenciamento devido à crise econômica. Foi cortado do Ministério de Ciência e Tecnologia R$ 1,7 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o que deixou os senadores preocupados.

Mas Pansera afirmou que há um acerto com o governo para que o contingenciamento no FNDCT seja feito aos poucos e se encerre em 2019. Além disso, Pansera explicou que 25% do fundo do pré-sal devem ir para a área de Ciência e Tecnologia. Por fim, o ministro conta ainda com um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que deve gerar um montante de quase R$ 800 milhões para este ano.

— A outra questão seria o descontingenciamento imediato de R$ 400 milhões do FNDCT este ano também. Com isso, nós teríamos um ingresso de recursos até o final do ano que permitiria o funcionamento do sistema, de todas as nossas organizações sociais e institutos e ainda o cumprimento dos compromissos que nós temos com bolsas e pesquisadores — afirmou o ministro.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) destacou a necessidade de unir as políticas científicas do país, com ações para incrementar o desenvolvimento industrial do Brasil.

— É preciso resgatar a capacidade de aliar a política científica com a de desenvolvimento industrial. Como a gente supera esses desafios de crescimento, sem aliar essas duas áreas? — questionou o senador.

Ele lembrou ainda que o Brasil se depara com vários desafios, como a falta de mão de obra qualificada, enquanto existem setores promissores crescentes em diversas áreas ligadas a tecnologia.

Ciência sem Fronteiras

Celso Pansera citou avanços em vários programas de sua pasta, como o Ciência sem Fronteiras, que implementou 92.880 bolsas até janeiro de 2016. Pansera também citou o fato de o programa ter sido desvinculado do FNDCT e ficado sob a cobertura do Ministério da Educação, o que vai permitir que as verbas do fundo sejam destinadas a outras áreas de inovação.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), que relatou a análise do programa, escolhido como política pública a ser avaliada pela comissão em 2015, pediu ao ministro que leve em conta as recomendações feitas no relatório. O ministro afirmou que uma das recomendações - investir mais em cursos de pós-graduação - será atendida e que há ainda outro debate para que se invista mais na área de engenharias.

— A maior parte dos alunos que participaram do Ciência sem Fronteiras são para a área de engenharia e ciência e tecnologia. Nós ampliaríamos ainda mais essa margem para essas áreas de Exatas voltadas para a área de produção e engenharias — disse o ministro.

Dengue, Zika e Chicungunha

Pansera falou ainda que o Ministério vai investir este ano no Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes Aegypti e à Microcefalia, lançado na última semana. O ministro explicou que o programa tem um orçamento de R$ 1,2 bilhão e vai até 2017.

— Nós lançamos semana passada um plano muito ousado, muito ambicioso para a pesquisa da zika, chicungunha e dengue, não só do combate ao vírus, mas do principal vetor, que é o mosquito — disse.

Fosfoetanolamina

O senador Ivo Cassol (PP-RO) pediu que o ministro interceda junto à presidente Dilma pela sanção do projeto de lei que autoriza o uso da fosfoetanolamina, aprovado há uma semana no Senado. O senador disse que o medicamento tem efeitos impressionantes em pessoas com câncer e criticou a burocracia e os que são contra o projeto, que libera o medicamento, de modo excepcional, antes de concluídas as pesquisas sobre a substância.

Segundo o ministro, nesta quarta-feira (30), será anunciado o resultado da pesquisa que comprova que a fosfoetanolamina não faz mal ao corpo humano. Mas Pansera explicou que ainda serão necessárias outras pesquisas para descobrir como a substância age dentro do organismo.

Como ela não tem efeitos negativos ao corpo, o ministro disse que seria possível liberá-la como suplemento alimentar e que essa alternativa está sendo avaliada. O problema da aprovação do projeto é que a pílula desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) não contém apenas a fosfoetanolamina, mas outras substâncias que não estão citadas na proposta.

— Amanhã nós faremos uma reunião às 10h, com os pesquisadores vinculados ao Ministério, para tomarmos a decisão sobre qual caminho nós vamos seguir daqui para frente com isso. A tendência é liberá-la como suplemento alimentar — afirmou.

Segue o vídeo da Audiência



terça-feira, 29 de março de 2016

Divulgada a relação de inscritos ao cargo de diretor

INPE
29 de março de 2016


O processo de seleção para o cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem os seguintes candidatos inscritos:

- Cesar Celeste Ghizoni

- Clézio Marcos de Nardin

- Haroldo Campos Velho

- Hélio Takai

- José Henrique de Souza Damiani

- Leonel Fernando Perondi

- Ricardo Magnus Osório Galvão

- Thelma Krug

O prazo para inscrições foi encerrado em 24 de março. O Comitê de Busca ainda irá divulgar a data para as apresentações orais das propostas dos candidatos, bem como de suas entrevistas individuais.

A seleção para diretor do INPE é conduzida por um Comitê de Busca nomeado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Celso Pansera. Presidido por Marco Antonio Raupp, do Parque Tecnológico de São José dos Campos, o comitê tem ainda como membros: Rogério Cézar Cerqueira Leite, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Helena Bonciani Nader, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Reginaldo dos Santos, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS).

10 Anos da Missão Centenário - Fundação Astronauta Marcos Pontes Realizará Evento Comemorativo

Brazilian Space, blog
29 de março de 2016

Causa-me um grande incômodo ver pessoas batalhando no INPE  e no DCTA e esse senhor se passando por astronauta Pop Star. Não vou nem comentar muito. Apenas procurem no Google por "Marcos Pontes oportunista" ou "Marcos Pontes ambicioso". Lá tem!

Shirley Marciano


segunda-feira, 28 de março de 2016

Argentina suspende construção de novo satélite

Sputnik
28 de março de 2016

Foto: Arsat
O governo da Argentina suspendeu a construção de um terceiro satélite nacional até que sejam vendidos os serviços do último produto lançado ao espaço, o Arsat-II, conforme anunciou nesta segunda-feira o presidente da estatal Arsat, Rodrigo de Loredo, nomeado em dezembro.

"A Arsat necessita de autofinanciamento, porque nos encontramos com uma empresa que tem coisas boas mas com uma má gestão dos fundos", disse ele em entrevista ao jornal local El Cronista.

Em meio a protestos por parte daqueles que veem a medida como um duro golpe no desenvolvimento da soberania do país, o novo mandachuva da companhia, genro do ministro das Comunicações, Oscar Aguad, também informou que está tentando vender as capacidades do Arsat-II para os Estados Unidos.

"Chegamos e descobrimos que haviam lançado o Arsat-II sem terem vendido absolutamente nada", afirmou Loredo. "Agora estamos apresentando as permissões para vender os serviços do satélite", explicou, justificando a necessidade de se incorporar "sócios colaboradores". Além dos EUA, representantes da estatal estão buscando acordos comerciais com México, Canadá e Brasil. 

No final do ano passado, a Arsat firmou um contrato com a empresa francesa Arianespace para o lançamento do terceiro satélite geoestacionário de telecomunicações da companhia argentina, previsto para 2019. Os dois primeiros foram colocados em órbita em outubro de 2014 e setembro de 2015 respectivamente. 

Japão perde contato com satélite astronômico recém-lançado

G1/Agência EFE
28 de março de 2016



O Japão perdeu contato com seu satélite astronômico Astro-H, lançado no dia 17 de fevereiro para observar buracos negros e agrupamentos de galáxias, confirmou nesta segunda-feira (28) um porta-voz da Agência de Exploração Espacial Japonesa (Jaxa, na sigla em inglês). A comunicação com o aparelho falhou desde o início de suas operações - que estavam programadas para sábado (26), às 16h40 (horário local, 4h40 de Brasília).

A causa da falha de comunicação está sendo investigada e a Jaxa está tentando recuperar o contato. A agência chegou a receber um breve sinal do satélite, mas reconheceu que não é capaz de dizer qual é situação atual do equipamento.

O Centro Conjunto de Operações Espaciais dos Estados Unidos (JSpOC, na sigla em inglês), que rastreia objetos artificiais em órbita ao redor da Terra, informou pelo Twitter que observou cinco objetos perto da posição do satélite japonês - o que pode significar que o aparelho teve várias "rupturas".

No entanto, o astronauta do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian, Jonathan Mcdowell, comentou por redes sociais que a presença de "destroços" não significa que o aparelho "tenha se despedaçado", mas que pequenas peças tenham se desprendido - e que o satélite "poderia estar, basicamente, intacto".
O Astro-H tem cerca de 14 metros de comprimento, pesa 2,7 toneladas e é o satélite mais pesado já lançado pelo Japão.

Buracos negros
O dispositivo, fabricado pela Jaxa e pela Nasa junto com outras instituições, tinha o objetivo de orbitar a cerca de 580 quilômetros de distância da superfície terrestre para observar buracos negros e galáxias distantes - através de seus detectores de raios gama e quatro telescópios de raios-X.
O satélite foi lançado em 17 de fevereiro, a bordo de um foguete H-2A, a partir da estação espacial da ilha de Tanegashima, na província de Kagoshima, sudoeste do Japão.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Senado convoca nova sessão para avaliar derrubada de vetos ao Marco Legal de CT&I

Jornal da Ciência
Viviane Monteiro
24 de março de 2016



Nova reunião está marcada para próxima terça-feira, 29 de março. SBPC reforça a necessidade da derrubada de vetos para promover o desenvolvimento científico e tecnológico do País

Em meio ao conturbado cenário político, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB/AL), voltou a convocar para a próxima terça-feira, 29, às 19 horas, a sessão especial para avaliar a derrubada dos vetos ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 77/2015 – que deu origem ao Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei nº 13.243/2016) -, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 11 de janeiro deste ano. A informação é confirmada pela Secretaria Legislativa do Congresso Nacional.

A sessão, em comum entre Sendo e Câmara dos Deputados, é prevista para se realizar no plenário da Câmara, assim como a primeira reunião que havia sido marcada para analisar os vetos no dia 08 deste mês, mas que foi obstruída.

Apesar do impasse político no Congresso Nacional, a comunidade científica mantém os esforços para derrubar os vetos ao Marco Legal da CT&I considerando os benefícios que a execução da nova legislação, em sua plenitude, deve proporcionar ao desenvolvimento científico e tecnológico do País.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a biomédica Helena B. Nader, disse que a luta continua até que todos os vetos sejam derrubados.

“É preciso que o Brasil possa produzir conhecimento e inovação, porque enquanto continuar exportando commodities, o País nunca conseguirá obter desenvolvimento pleno”, defendeu.

Vetos tiram capacidade do Marco Legal da CT&I

O diretor executivo da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Naldo Dantas, afirmou que os vetos tiram a capacidade do Marco Legal da CT&I de acelerar toda a parte de aplicação de ciência e de engenharia no conhecimento.

As instituições defendem o texto original do novo Marco Legal, cujo objetivo é ampliar a capacidade de inovação, de transferência de tecnologia para produtos; permitir mais integração entre a empresa e a universidade; convergir a ciência básica na universidade para ciência aplicada na empresa; permitir ainda o compartilhamento de laboratórios. “Os vetos, frontalmente, atacam essa dinâmica”, avaliou Dantas.

Segundo ele, a perseverança deve resistir para retirar os vetos ao projeto que deu origem ao Marco Legal de CT&I e destacou o trabalho que vem sendo conduzido pelas instituições que fazem parte da Aliança em Defesa do Marco Legal da CT&I para conscientizar todas as lideranças políticas sobre a importação da derrubada dos oito vetos à nova legislação. Ainda assim, ele vê necessidade de o Congresso Nacional buscar harmonia para que matérias em prol do desenvolvimento do País possam tramitar o mais rápido possível.

Com posicionamento semelhante, a presidente da SBPC reforçou que a retirada dos vetos é fundamental para que a nova legislação tenha eficiência em sua execução e destacou os anos de luta para criar uma legislação de consenso entre todas as partes envolvidas na cadeia de ciência, tecnologia e inovação com o governo e o setor privado.

Em fevereiro, 23, representantes da Aliança em Defesa do Marco Legal da CT&I entregaram a deputados e senadores uma carta assinada por 19 instituições endereçada à presidente Dilma Rousseff pedindo a retirada dos vetos, por entender que isso é essencial para a eliminação de gargalos que dificultam e cerceiam o desenvolvimento da inovação no Brasil.


SBPC publica manifesto pelo fortalecimento da democracia

SBPC
24 de março de 2016

Helena Nader

SBPC-032/Dir.

PELO ESTADO DE DIREITO E PELO FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA, COM ENTENDIMENTO NACIONAL E PAZ SOCIAL.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) jamais se desvencilhou da vida nacional, nunca se omitiu, principalmente nos momentos mais agudos, e sempre esteve atenta e atuante diante dos temas mais caros ao Brasil e aos brasileiros. Assim, vínhamos dedicando a devida e merecida atenção aos acontecimentos decorrentes da operação Lava Jato e suas consequências na vida econômica e política do País.

Contudo, a gravidade e a repercussão de fatos mais recentes estão trazendo consigo a capacidade de acirrar disputas no campo político, de fazer surgir divergências nas lides do judiciário e, mais preocupante ainda, de acentuar as já sentidas rupturas na sociedade brasileira. A gravidade do momento não está mais para nutrir ânimos já exaltados ou para ser apenas motivo de contemplação e análises.

É hora de nossas lideranças – principalmente as políticas, empresariais e da classe trabalhadora – se disporem a construir os caminhos que levem rapidamente ao entendimento nacional e, com isso, possamos assegurar a manutenção da paz social e a retomada do crescimento econômico. Esse é o papel que se espera de nossos líderes.

E a sociedade também tem seu papel a desempenhar. Cidadãos de qualquer gênero, origem e credo; trabalhadores e profissionais liberais; professores e estudantes; militantes de qual seja a ideologia ou causa - todos precisamos cultivar a tolerância e respeitar a divergência de opiniões. Deve-se reconhecer, obviamente, que cada grupo político, cada segmento da vida social, cada setor da economia ou cada corrente ideológica têm o direito de buscar a consecução de seus objetivos e de lutar pela defesa de seus interesses.

No entanto, toda conquista precisa ser alcançada em conformidade com o que estabelece a Constituição Federal, com o respeito às instituições, dentro das regras democráticas e seguindo os princípios da ética. O estado de direito não pode ser subjugado ao estado de ânimo. Junto de outras forças democráticas, a SBPC lutou para que as ações deletérias do regime ditatorial instalado em março de 1964 provocassem o menor efeito possível na vida nacional.

Da mesma forma, lutamos para o restabelecimento do regime democrático e sua construção. Nesse momento delicado da vida nacional a SBPC se coloca novamente em campo e conclama a sociedade civil organizada a arregaçar as mangas. Desta vez, precisamos garantir a manutenção do estado de direito, transformar a crise atual em instrumento de fortalecimento da democracia, propugnar pelo entendimento nacional e garantir a paz social. Mais do que nunca, o Brasil está precisando da boa vontade dos brasileiros.

HELENA BONCIANI NADER
Presidente

Sucessão no Inpe opõe sindicato a comitê

Folha de SP
Reinaldo José Lopes
24 de março de 2016

O atual diretor do órgão, Leonel Perondi, que deve deixar o cargo em maio deste ano - Lucas Lacaz/Folhapres

O processo de escolha de um novo diretor para o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) está colocando em campos opostos o sindicato de funcionários do órgão e o governo federal. Para o grupo sindical, o comitê formado para avaliar os candidatos a diretor não age de forma transparente e tem conflitos de interesse por suas ligações com o setor privado.

"No mínimo, falta ao comitê a isenção necessária para conduzir esse processo", diz Gino Genaro, especialista em controle térmico de satélites e secretário de comunicação do sindicato dos funcionários do Inpe e do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial).

O Inpe é hoje o principal órgão de pesquisa e tecnologia espacial do Brasil. Com sede em São José dos Campos (SP), o instituto é responsável por dados de previsão do tempo em todo o país, pelo monitoramento do desmate e das queimadas na Amazônia e pelo desenvolvimento de satélites, entre outras funções (veja quadro). Seu diretor tem mandato de quatro anos –o atual chefe do órgão, Leonel Perondi, deve deixar o cargo em maio.

Para chegar ao nome do novo diretor, o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) instituiu, no fim de janeiro, um comitê de busca presidido pelo matemático Marco Antonio Raupp, ex-ministro da Ciência e ex-diretor do Inpe, que hoje coordena o Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Também integram o comitê a presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Helena Nader, o físico Rogerio Cezar de Cerqueira Leite, pesquisador da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha, Luiz Bevilacqua, engenheiro da UFRJ, e Reginaldo dos Santos, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space.

Genaro e seus colegas criticam a falta de um representante direto da comunidade do Inpe no comitê. Afirmam também que os membros do grupo teriam a intenção de escolher um diretor favorável à transformação do instituto numa OS (Organização Social), entidade sem fins lucrativos, mas gerida de forma privada em parceria com o governo. Segundo o sindicalista, esse seria há tempos o desejo de Raupp, o que o chefe do comitê nega (leia ao lado).

"A legislação brasileira diz que a administração por meio de uma OS não deve ocorrer em áreas estratégicas para o país", argumenta Genaro. "Claro que há uma certa subjetividade em se definir o que é estratégico. Mas, no caso do Inpe, lidamos com as imagens do desmatamento da Amazônia ou com os inventários de emissões de carbono [ligadas ao aquecimento global] que são passadas para a ONU, o que certamente se encaixa na categoria. Além disso, é uma área em que é importante o funcionário ter autonomia para não seguir ordens de seus superiores em determinadas circunstâncias, o que é impraticável no regime privado."

Para o sindicalista, a proximidade entre Raupp e as empresas de base tecnológica de São José dos Campos, por causa do papel dele como diretor do parque tecnológico da cidade, também impediriam que ele fosse suficientemente objetivo ao conduzir a busca por um novo diretor.

Genaro critica ainda o fato de as inscrições dos candidatos terem sido prorrogadas do dia 4 de março para o dia 24 deste mês. "Nós já havíamos identificado ao menos cinco candidatos inscritos até o dia 4. Para que eles precisam de mais? Provavelmente para achar gente mais afinada à visão deles."

Os candidatos ao cargo de diretor farão uma apresentação a respeito de suas propostas para o Inpe (sem debate posterior) e serão entrevistados pelo comitê de busca. Depois disso, será elaborada a lista tríplice, a partir da qual será feita a nomeação do novo dirigente pelo MCTI.

MÁ-FÉ

O grupo sindical age e argumenta por "ignorância ou má-fé", declarou Marco Antonio Raupp à Folha. "Todos os membros do comitê têm longa história de dedicação ao serviço público, não há interesse privado algum. Além disso, são todas pessoas que conhecem muito bem os objetivos do programa espacial brasileiro, é absurdo dizer que são gente de fora, que não conhece o Inpe."

Raupp nega que seja favorável a transformar o instituto numa OS. "Nunca defendi isso, não defendo até hoje." No entanto, argumenta que intensificar a interação com a iniciativa privada pode ser salutar para o órgão. "Mesmo em países nos quais o Estado é proprietário dos meios de produção, como a China, as missões espaciais são executadas por empresas que têm contrato com o governo."

Um antigo alto funcionário do Inpe, que não quis se identificar, lembra que o JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), entre outros órgãos, são geridos por entidades privadas, apesar de lidarem com tecnologias sensíveis.

Para esse pesquisador, há uma grande dificuldade do Inpe para cumprir seus objetivos por causa da maior rigidez do modelo público. "Institutos que têm que cumprir missões precisam de agilidade para contratar e reduzir o quadro quando necessário."

O físico Rogerio Cezar de Cerqueira Leite diz que "todo pesquisador consciente sabe que algumas instituições brasileiras estão maduras para uma transformação para OS".

"Entretanto, esse é um processo prolongado e que exige sensibilidade e convicção da comunidade interna. Não creio que qualquer um dos membros do comitê pense em uma transformação precipitada sem um prolongado estudo das consequências."

O QUE É O INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS

Fundação: 1971, durante o regime militar

Instalações: situadas por todo o país, embora a sede fique em São José dos Campos (SP)

Responsabilidades:
> Monitorar o desmatamento da Amazônia e da mata atlântica via satélite
> Previsão do tempo e de mudanças climáticas
> Observações astronômicas
> Projetos de satélites nacionais e em parceria com outros países

A ESCOLHA
O MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) montou um comitê de busca composto por:
Marco Antonio Raupp, diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos e ex-ministro da Ciência
Rogerio Cerqueira Leite, físico da Unicamp
Luiz Bevilacqua, engenheiro da UFRJ
Helena Nader, presidente da SBPC (So- ciedade Brasileira para o Progresso da Ciência)
Reginaldo dos Santos, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space

Os candidatos se inscrevem até o fim desta semana. A partir daí, o comitê forma uma lista tríplice que é encaminhada para o MCTI. O ministro, então, escolhe o novo diretor, cujo mandato dura quatro anos

Membros do sindicato de funcionários do Inpe estão questionando a escolha do comitê de busca

Eles apontam que não há um representante do Inpe no comitê e que há conflitos de interesse envolvendo os membros do grupo, já que eles defenderam que parte das funções do órgão sejam transferidas para a iniciativa privada.


Último dia de inscrição a interessados em ser diretor do INPE

SindCT
Shirley Marciano


Termina hoje, 24 de março,  o prazo para entrega de currículo para quem deseja se candidatar ao cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A lista com os nomes dos pretendentes, possivelmente, será publicada na próxima segunda-feira (28) no Diário Oficial da União (DOU) e, logo mais, será agendada uma apresentação individual dos candidatos, conforme descrito no edital. 

A data de entrega dos currículos já foi prorrogada uma vez, inicialmente era 4 de março. Causou estranheza não haver nenhuma justificativa para essa alteração, ainda mais se considerar que já tinha cerca de sete candidatos inscritos, os quais soubemos extraoficialmente. Uma das suposições para essa redefinição de data seria encontrar currículos à altura para deixar o atual diretor do INPE fora da lista tríplice, a qual será entregue ao ministro Celso Pansera, da Ciência, Tecnologia e Inovação. 

Não é nenhuma novidade que o presidente do Comitê de Busca, Marco Antonio Raupp, possua ambições para o Instituto que destoam da visão da atual direção e da maioria absoluta dos servidores, por óbvio. Um de seus projetos, o qual ele nunca escondeu de ninguém,  é transformar o INPE numa "Organização Social" (OS). A rigor, o órgão passaria a ser gerido por uma instituição privada sem fins lucrativos, com poderes para contratar empresas por livre arbítrio, contratar pessoal sem concurso, sem critério profissional e pelo salário que desejar, além de obter uma série de liberalidade que pode colocar em xeque a finalidade de um órgão de pesquisa. 
Entenda o caso, lendo duas matérias do Jornal do SindCT, edição 45 aqui e edição 44 aqui



Abaixo estão os candidatos cogitados ao cargo de diretor do INPE. Lembrando que essa lista não é oficial.

1. Leonel Fernando Perondi (atual diretor) confirmado
2. Antonio Divino Moura (pesquisador aposentado do INPE)
3. Ricardo Osório Galvão  (pesquisador aposentado do INPE) confirmado
4. Clezio Marcos De Nardin (INPE - Divisão de Aeronomia) confirmado
5. Thelma Krug (INPE- Cooperação Internacional) confirmado
6. Petrônio Noronha (AEB) até o dia 04/03 não se inscreveu
7. Thyrso Vilella (INPE - Divisão de Astrofísica) confirmado
8. Haroldo Fraga de Campos Velho (Inpe - LAC)
9. Hélio Takai (INPE)
10. Cézar Ghizoni (Equatorial)